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A Jerusalém além dos muros

Uma vista clássica de Jerusalém.

Embora a maioria das atrações de Jerusalém, principalmente as históricas, estejam dentro da Old City. Há muito para ser visto do lado de fora das muralhas. E é sobre estas atrações que falaremos hoje.

Bem próximo das muralhas, ao sul do Jaffa Gate fica a City of David (Cidade de Davi), a região mais antiga de Jerusalém e importante sítio arqueológico.

Durante a Era do Bronze já existia aqui uma cidade, e segundo a tradição bíblica, teria sido aqui que o rei Davi construiu seu palácio e estabeleceu sua capital. Durante o reinado de Ezequias, as muralhas da cidade foram expandidas para oeste, incluindo um subúrbio até então sem muros, conhecido atualmente como Cidade Antiga de Jerusalém ou Old City, a oeste do Monte do Templo.

As escavações estão logo ali nos pés das muralhas da Old City.
City of David

Atualmente o complexo com a escavação arqueológica e o centro de visitantes da Cidade de Davi é uma das principais atrações turísticas de Israel. Embora ainda existam residências de muçulmanos e judeus na região, as escavações arqueológicas continuam, muitas vezes sob estas residências, e existem propostas de transformar todo o local num parque arqueológico.

Funciona no verão de domingo à terça das 8h00 às 19h00 e no inverno fecha às 17h00. Às sextas das 8hh às 14h00 durante o inverno e até às 16h00 no verão. A entrada custa 25 NIS.

Circundando as muralhas de Jerusalém, o viajante chegará ao Mount of Olives (Monte das Oliveiras), que além de ser um ponto de grande importância religiosa, oferece belas vistas da cidade.

O nome decorre das oliveiras que cobriam, antigamente, suas encostas. 

O material que recobre o Monte das Oliveiras é relativamente fácil de ser escavado, porém não é apropriada como material para a construção de casas. Assim, se de um lado praticamente não existem construções ali edificadas, de outro são comuns as cavernas funerárias e túmulos.

As milhares de sepulturas no Monte das Oliveiras.
Numa panorâmica dá para ter ideia da quantidade de sepulturas.
Mas nem todas são recentes ou bem conservadas.

O local é de relevante importância aos cristãos, pois foi ali que Jesus transmitiu vários de seus ensinamentos cristãos.

E para os judeus, existe a crença de que a partir dali Deus irá, no dia do julgamento, iniciar o processo de resgate dos mortos. Assim, desde os tempos mais antigos, mais de 150.000 judeus resolveram pegar um bom lugar na fila ao serem enterrados lá. Com isto criou-se o mais antigo cemitério ainda em funcionamento.

Recomendo e muito que o viajante suba o Monte das Oliveiras, até mesmo porque dali é que se tem uma das melhores vistas de Jerusalém. Acho que as fotos deste post falam por si mesmas.

A Velha Jerusalém vista do Monte das Oliveiras.

Aos pés do Monte das Oliveiras, recomendo uma visita à Igreja de Todas as Nações ou Basílica da Agonia.

Igreja de Todas as Nações
Detalhe da fachada feita com mosaicos.

Embora à primeira vista possa parecer uma igreja moderna e aparentemente sem grande valor histórico na sua arquitetura ou história, a realidade é muito diferente.

Isto porque ela foi construída em torno de uma seção de solo rochoso onde se acredita que Jesus teria orado antes de sua prisão.

Pedra na qual Jesus teria orado.

A atual igreja foi construída sobre duas igrejas menores, uma delas uma capela do século XII, construída pelos cruzados e a outra, uma basílica bizantina do século IV. Em 746, a basílica bizantina foi destruída por um terremoto.

Após um longo período de praticamente abandono do local e várias escavações arqueológicas, em 1924 as autoridades decidiram erguer ali a atual igreja.

O nome oficial da igreja reflete o fato de que vários países, inclusive o Brasil, resolveram financiar parte da construção – os brasões estão no teto.

No teto, o brasão brasileiro.
Altar da Igreja de Todas as Nações.

Ao adentrar à igreja por uma pequena rua lateral, o visitante chega a um belíssimo jardim, o Jardim das Oliveiras (ou Gethsemane). Segundo a tradição, neste belo jardim rodeado pelas mais antigas oliveiras do mundo, Jesus teria sido preso.

Tempos atrás, cientistas conseguiram, por meio de uma série de testes, apurar a idade aproximada de algumas destas árvores e chegaram à conclusão de que elas tem mais de 2000 anos de idade, o que faz delas testemunhas vivas do fato bíblico.

As milenares oliveiras.
Fico imaginando o que elas devem ter “visto” de interessante naquele local…
Algumas precisam ser calçadas para se sustentarem.

Vale a pena apreciar este belíssimo jardim e aproveitar a tranqüilidade do local que contrasta com as agitadas ruas de Jerusalém.

A poucos metros dali, fica outra atração religiosa interessante, o local que acredita-se ser a Tumba da Virgem Maria. De acordo com a tradição, após a sua morte no meio do século I, a mãe de Jesus teria sido enterrada aqui pelos discípulos de Cristo.

Passando pela singela porta de entrada…
…avista-se uma escadaria…
…que dá acesso ao local em que está a tumba de Maria.

Mais tarde, já no século V, foi construído um monumento para marcar o local. Infelizmente esta estrutura original foi destruída, e o que se vê atualmente é fruto do período das Cruzadas.

Novamente vemos um sítio religioso, que a exemplo da Basílica da Natividade, não tem nada de luxo ou ostentação. Aliás o viajante deve tomar cuidado para não passar direto pelo modesto local.

A tumba de pedra recoberta com um tampo de mármore e uma parede de acrílico.
Algumas flores e velas em homenagem à Virgem Maria.
Vista exterior da apertada tumba, mal cabem duas pessoas ao mesmo tempo.

Ainda fora das muralhas, porém do lado oposto ao Monte das Oliveiras, fica a nossa última porém não menos importante atração religiosa visitada em Jerusalém, o Garden Tomb.

Entrada do Garden Tomb

Rivalizando com o Santo Sepulcro, alguns historiadores defendem que este é o verdadeiro local da sepultura de Cristo. Na dúvida, visite os dois e tire suas próprias conclusões.

Tudo começou em 1883, quando o General Charles Gordon, se recusando a acreditar que a Igreja do Santo Sepulcro seria o local da sepultura de Cristo, passou a investigar a região e localizou uma pequena colina em formato de caveira ao norte do Portão de Damasco, local em que teria acontecido a crucificação de Jesus.

Colina em formato de caveira, ao lado do terminal de ônibus.

Iniciadas as escavações no local, foram localizadas tumbas que datam do período bíblico.

Planta da tumba.
Dentro é bastante apertado.
Vista do exterior e da entrada da tumba.

Atualmente existe ali um grande e belíssimo jardim com plantas e árvores nativas da região que dão ao local uma enorme sensação de paz e tranqüilidade. Sabe aquele lugar perfeito para literalmente esquecer-se de tudo e simplesmente pensar na vida? Pois é, fica aqui mesmo…

Garden Tomb.
Aproveite para esvaziar a cabeça.

Antes de visitar o local, li que um padre certa vez disse: “If the Garden Tomb is not the true site of the Lord’s death and resurrection it should have been”. Caminhando pelo local tive a mesma impressão que o padre.

Fica na Schick St East Jerusalem e tem acesso gratuito de segunda a sábado das 14h00 às 17h30.

Embora Jerusalém tenha uma inegável vocação histórica e religiosa, não podemos esquecer que trata-se de uma metrópole, e talvez a mais importante cidade de Israel.

Assim, a despeito da quantidade de atrações de cujo histórico e religioso, fora das muralhas da Old City pulsa uma metrópole.

Isto pode ser constatado a partir de um passeio pela mais movimentada rua de compras da cidade, a Ben Yehuda, que fica a uma curta distância a pé a partir do Jaffa Gate.

Arredores da Ben Yehuda.
Olhando assim, poderia ser uma capital européia qualquer.
A movimentada Ben Yehuda.
Algumas coisas existem tanto na Praça da Sé quanto em qualquer lugar do mundo. Rssss
Modernos bondes contrastando com a Velha Jerusalém nos arredores das Muralhas.
Sábado à tarde, em pleno Sabbath, os jovens curtem uma rave ao ar livre. Vai entender… 

Trata-se de um grande calçadão com uma excelente variedade de lojas e restaurantes. Para uma pausa nas atrações históricas de Jerusalém, ou até mesmo para ver uma outra face da cidade, é uma excelente opção.

Ali fica a loja de departamentos Hamashbir, que segue a linha daquelas das metrópoles europeias, tem de tudo um pouco, inclusive os cremes da israelense Ahava.

Hamashbir

Situado ainda mais próximo ao Jaffa Gate, outro local de compras interessante é o Mamilla Mall um pequeno porém charmoso shopping ao ar livre.

Mamilla Mall

Como contei anteriormente, felizmente o destino colocou Israel (a Terra Santa como prefiro), no meu roteiro de viagem. E talvez até mesmo por não ter grandes expectativas à época, sai de lá surpreso e com vontade de voltar um dia – e olha que são pouquíssimos destinos que me aguçam assim (É…sou chato mesmo!!! Rsss).

Infelizmente, não pude em curtos porém muito bem aproveitados 5 dias, ver outros lugares, como Galiléia; Nazareth; Tel Aviv; ou ainda curtir as praias de Eliat no sul.

Após a viagem, passei a compreender melhor o que se passa naquela região e principalmente a entender, sem tomar partido, as dificuldades pelas quais passam as pessoas que ali vivem.

O fato é que pela intensidade das experiências únicas ali vivenciadas, Israel sempre terá um lugar especial nas minhas memórias de viagem. Shalom!

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1 comentário

Catia 14 de setembro de 2018 at 00:43

Muito bom seus comentários. São, realmente, bem informativos e visitei alguns desses locais e confirmo suas dicas. Obrigada

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