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Capadócia: Derinkuyu – Vale do Ihlara – Selime Monastery – Pigeon Valley

Não, não é o Grand Canyon! É um “brimo” distante, digamos!

Nos posts anteriores mostramos que singular a geologia da Capadócia permitiu aos habitantes locais o uso das encostas dos rochedos para escavar suas moradias.

Mas não foi só esta a utilidade encontrada pelos antigos habitantes da Capadócia para a rocha porosa. 

Por conta das constantes invasões locais, eles resolveram escavar a rocha para construir o que hoje seriam verdadeiros “bunkers”.

A posição geográfica privilegiada da Capadócia – numa encruzilhada de rotas comerciais importantes – fez com que ela fosse durante vários séculos alvo de contínuas invasões.

Uma vez refeitos do passeio de balão, tomamos o nosso tour para a primeira parada, a cidade subterrânea de Derinkuyu (algo como “poçoo fundo” em português).

Derinkuyu.
Olhando assim de fora nem dá para imaginar o que tem depois daquela porta ao fundo.
Á direita, um duto de ventilação.
Uma das várias escadas apertadas que descemos. A maioria é de mão única, espere o povo que está vindo para continuar.

Quem se depara com a entrada da cidade na superfície nem imagina o que encontrará a 85m abaixo do solo. Embora seja possível visitar apenas parte de seus andares (8 no total), pudemos notar o quão complexa é a cidade.

Trata-se de um emaranhado de túneis, quartos e salões. Imagino que perder-se lá não seja uma boa ideia.

Alguns corredores eram bem apertados. A garota na minha frente não tinha mais que 1,60m. Imaginem a minha situação, quase de joelhos para passar ai!

Não parece um enorme queijo suíço de pedra???
Em alguns pontos os níveis se interligam em galerias como estas.

Quando pensei numa cidade subterrânea, logo lembrei do aqueduto que visitei em Nápoles – Itália, e da horrível sensação de local apertado – pois é, mesmo adorando um avião, detesto lugar apertado! Para a minha surpresa, os túneis e salas, salvo algumas exceções, não são tão apertados quanto eu imaginava.

Eu também esperava um ar meio pesado. Sabe aquela coisa de sentir dificuldade de respirar e um cheiro ruim?

Nova surpresa! O sistema de dutos de ventilação (natural é claro!) ainda funciona muito bem. Interessante que existe mais de um túnel de ventilação, e eles não são interligados justamente para evitar eventuais tentativas de envenenamento a partir da superfície – caso necessário, eles podiam lacrar determinado túnel ou até uma parte da cidade.

Um dos dutos de ventilação. Por eles também entrava água das chuvas.
Que era armazenada em poços como este.

Mas que tipo de instalações eles tinham lá? Ali era possível encontrar estábulos (sim, os animais também ficavam ali); celeiros e espaços para armazenar alimentos; além de quartos, refeitório, escola e igreja.

Uma das salas.
Dormitórios.
Living Room.
Estábulos.
A placa dizia escola, mas bem que poderia ser uma igreja.
Tinha até pia batismal.

Os acessos à cidade subterrânea podiam ser fechados com portas como a da foto abaixo, fornecendo isolamento e garantindo a segurança de seus habitantes numa eventual tentativa de invasão por parte dos inimigos.

Uma das portas, ela rodava para fechar o acesso.

A autoria destas cidades subterrâneas é questão controvertida na história. Elas foram escavadas em períodos absolutamente distintos. Enquanto algumas foram criadas pelos cristãos, outras datam do período dos Hititas, algo como 2.000 anos antes de Cristo.

Olhando assim, quase que duvidei da informação passada pelo nosso guia de que aproximadamente 20.000 pessoas teriam vivido ali simultaneamente.

Mas se considerarmos que naqueles tempos o conforto era a última coisa em que as pessoas pensavam e a extensão estimada de 18km de túneis, não é nada difícil não…

Haja estoque de comida!

Área reservada para guardar comida.
Pô tá vazia???
Vai um pilãozinho ai? Super portátil.

Duas curiosidades meio trash mas que eu não duvido que alguém que esteja lendo este post não tenha pensado. Primeiro, o que eles faziam com as necessidades básicas, vulgou “n.º 2”??? Segundo, como fazia quando alguém morria?

Bom, quanto aos dejetos, os moradores locais literalmente os faziam em jarros de barro (sem trocadilhos hein!!!) para serem jogados na superfície nos períodos de paz.

Imagina o tamanho da festa que o pessoal devia fazer no final da guerra??? Que alívio!

Uma das covas temporárias. Felizmente não esqueceram ninguém lá!

Já os mortos eram colocados em mantos e tinham uma espécie de pré-funeral em uma área própria da cidade. Ao final da guerra seus corpos eram enterrados na superfície. Pois é, os vivos embaixo da terra e os mortos lá na superfície… Vai entender!?!?

Algumas informações importantes caso você pretenda visitar por conta. Derinkuyu está aberta à visitação todos os dias, das 8h00 às 17h00. Fica 30km ao sul de Nevsehir, na estrada para Niğde, e a entrada custa 15TL.

Outra cidade subterrânea bastante visitada da região é Kaymakli.

Infelizmente não tivemos tempo de visitar, mas quem tiver oportunidade (e espírito de tatu!) poderá conferir o local que durante os séculos 6º e 9º abrigou milhares de pessoas em seus vários níveis – apenas 5 estão abertos à visitação.

Nossa segunda parada foi o Vale de Ihlara.

Entrada do Vale de Ihlara.
Mapa da área.
Vale de Ihlara.
Melindiz propriamente dito.

Confesso que sair debaixo da terra e caminhar por este cânion às margens do Rio Melindiz foi uma delícia.

Embora tenha 15km de extensão, a caminhada pelo vale dá-se num pequeno trecho de uns 3 ou 4km até um vilarejo para almoço.

Logo na entrada, descendo ao vale, recomendo uma breve pausa para apreciar as igrejas situadas às margens do Rio. Infelizmente os terremotos na região causaram danos irreparáveis às igrejas do século XI.

Afrescos da Igreja de Agaçalti.
Tudo na rocha é claro!

O Vale do Ihlara abre das 8h00 às 17h00/18h30 no inverno/verão, respectivamente, e a entrada custa 8TL.

Legenda “pra que?”
Pit stop à beira do rio.
Enquanto alguns refrescavam a água…
Outros refrescavam os pés cansados…
E os muito sortudos, o corpo inteiro. Calor de derreter!
Hora do rango à beira do rio.
O que nós comemos? Surpresa para o post sobre comida turca…

Dali seguimos para o Selime Monastery, um monastério inteiro construído na rocha. Algo digno de cenário de Star Wars, como enfatizam os locais – a propósito, apesar de alguns comentários no local, nada relacionado ao filme foi filmado aqui. Inspiração? Muito provável.

Selime Monastery.
A vida dos monges que aqui viveram não deve ter sido nada fácil.
Mas pelo menos a vista era bacana!

O local que passou a ser ocupado por monges a partir do século XIII, tinha literalmente tudo, desde quartos até salas de estudo, refeitórios e salas para cultos, escavado na pedra.

A subida não é fácil não, mas compensa!
Uma das salas do monastério.
Selime Monastery.
Onde dava eles cavam algo. Parece até um cupinzeiro!

Uma dica importante para visitar este local: um tênis de solado firme. E tenha muita atenção onde pisa, pois a subida aos cômodos, embora curta e imperdível, é bem íngreme.

A nossa última parada do tour foi no Pigeon Valley, um belo vale com uma vista de tirar o fôlego.

Os pequenos orifícios são casinhas de pombos.
Pigeon Valley.
Reparem como algumas rochas mais parecem suspiros. Ao fundo o paredão que vimos no vôo de balão.
Pigeon Valley.

No próximo post, Göreme Open Air Museum.

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