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Chichén Itza, a capital do Império Maia

No primeiro post da série sobre a Riviera Maia disse que uma viagem para esta região do México é uma excelente oportunidade para combinar praias paradisíacas com um banho de história e cultura. Se nos posts anteriores focamos nas praias e nas cidades de Cancun e Playa del Carmen, agora é hora de conversarmos sobre o maior sítio arqueológico da península de Yucatã e um dos mais importantes do mundo: Chichén Itzá.

Quem imagina chegar em um lugar coberto de ruinas onde mal é possível identificar as construções e ver apenas um amontoado de pedras irá se surpreender com o grau de preservação das principais construções de Chichén Itza.

Não é à toa que a cidade é uma das atrações mais interessantes da região e foi nomeada uma das Sete Maravilhas do Mundo. O resultado disso é que mais de 1 milhão de visitantes ao ano visitam o sítio arqueológico.

A importância de Chichén Itzá justifica-se na medida em que a cidade era nada menos do que a capital do império maia.

Chichén Itzá é o principal sítio arqueológico da península de Yucatán.

Embora faltem dados precisos, acredita-se que esta cidade, cujo nome significa algo como “pessoas que vivem na beira da água”, teria sido fundada entre 435 e 455 a.C. E como na cultura maia, o crescimento de uma cidade estava muitas vezes atrelado ao perecimento de outra, acredita-se que ela tenha se desenvolvido a partir do declínio de outra famosa cidade da península, Tikal. Chichén Itzá permaneceu como uma das mais importantes cidades da região até o início do seu declínio por volta de 1250.

Como as construções são cercadas e não é permitido subir,
Os entalhes são super preservados.

Os primeiros registros da civilização maia datam de algo por volta de 1800 a.C.,e o seu declínio deu-se a partir da dominação espanhola nos anos 1600. Com um grande conhecimento de matemática, arquitetura e astronomia, a civilização maia alcançou um alto grau de desenvolvimento, sendo considerada uma das mais importantes da história.

A escrita maia se baseia em símbolos, a exemplo dos hieróglifos egípcios. Já os números, eram representados por uma sequência bastante intuitiva de pontos e traços que na sua lógica se assemelha aos números romanos, pois a partir da repetição e posicionamento dos caracteres, números mais altos são formados.

O declínio desta civilização ainda não está completamente desvendado. Discute-se se teria sido causado por uma enorme seca ou por alguma doença endêmica, por exemplo.

Politeístas, pouco se sabe de concreto a respeito da religião praticada pelos maias. Mas o que se tem de concreto é justamente o fato que mais chama a atenção: os sacrifícios humanos e de animais aos deuses. Os grandes sacrifícios, especialmente os humanos, eram realizados apenas em situações bem pontuais (como se isso fosse aceitável!?!?): ascenão de um novo monarca, falecimento de um ou grandes períodos de seca.

Um dos mais emblemáticos edifícios do complexo é o Templo de Kukulcán (El Castillo ou simplesmente Pirâmide de Kukulcán), uma grande construção (30m de altura) com aquele típico formato de pirâmide maia. O templo é dedicado ao deus maia Kukulkán (serpente emplumada), tanto que na estrutura do templo existem várias referências às serpentes. A mais evidente delas é o balaústre na base da escada.

Só de longe é que se tem a ideia do tamanho do Templo de Kukulcán.
Foto (quase) sem turista só mesmo com um pouco de sorte.

Algo curioso a respeito do Templo de Kukulcán é que ele foi construído de forma que as suas fachadas, os quatro lados da pirâmide, retratem os solstícios e equinócios que ocorrem durante o ano. Para quem não sabe, solstícios são os períodos em que o sol incide de forma mais ampla em um dos hemisférios (norte-sul) e equinócio o período em que ele incide de forma mais igualitária entre estes mesmos hemisférios. Com uma figurinha fica mais fácil de entender:

Fonte: www.infoescola.com 

Qual a utilidade disto? Como dá para ver acima, no ano existem dois equinócios e dois solstícios, e o momento exato destes marca justamente o início das 4 estações do ano. Ou seja, os maias encontraram nos astros uma forma precisa de marcar exatamente o início de cada uma das estações do ano, e consequentemente programar o momento de plantio e colheita. E isto está demonstrado no posicionamento e formato do templo.

Como eles fizeram isso? Acreditem ou não, observando as estrelas e o Sol. Fala se estes maias não eram espertos???

Aliás não é só isto. Os maias utilizavam um calendário que tinha 18 meses de 20 dias cada e mais cinco dias. Adivinhem quantos degraus tem o templo??? 91 de cada lado, 364 ao todo que somados ao patamar do topo dá … 365!!! Ou seja, trata-se de um enorme calendário de pedra!!!

Cada degrau um dia.
A cabeça da serpente.
Fiquei imaginando a vertigem de subir esta escadaria.

Outro fato curioso é que na escadaria norte-nordeste da pirâmide, se alguém, de frente, aplaude, ressoa um eco semelhante a um quetzal, um pássaro local.

Os maias também eram conhecidos pela prática de um jogo com bola

As bolas, com medidas entre 10 e 20cm, eram feitas de borracha. E os campos, em formato retangulares, eram ladeados por paredes que poderiam ser retas ou inclinadas. O maior dos campos é justamente o de Chichén Itzá, com 168 metros de comprimento e 70 de largura. Ou seja, maior que um campo de futebol. As partidas eram disputadas com até 5 jogadores para cada lado. Imagino a correria, só 5 em um campão destes!!!

O “estádio” do lado de fora.
E o campo de um jogo que não devia ser nada fácil.

Mas em que consistia o jogo? Inicialmente consistia em enviar a bola para o campo adversário. Posteriormente, o objetivo passou a ser fazer com que a bola passasse por um dos dois arcos de pedra suspensos, algo como uma cesta. Apesar do lance inicial ser dado com as mãos, as jogadas subsequentes tinham que ser com as coxas, cintura e braços, jamais pegando a bola com as mãos – dizem que passado algum tempo eles começaram a utilizar os pés.

Como a bola não era lá muito macia, eles utilizavam proteções nas partes que deveriam tocar a bola. Só para dar uma ideia, as bolas poderiam pesar até 3kg.

O objetivo do jogo era passar a bola por este arco preso no alto das paredes na lateral do campo.
Uma das construções nos arredores do campo.

Evidências encontradas nas inscrições existentes nos sítios arqueológicos demonstram que estes jogos estavam associados à rituais de sangue e sacrifício humano. Isto porque eventualmente os perdedores poderiam ser obrigados a participar de rituais religiosos de oferenda que poderia até mesmo incluir a morte deles. No extremo do bizarro, o crânio de um perdedor poderia ser revestido com borracha para fazer uma nova bola. Eu hein!

Enfim, não era um joguinho qualquer!!! 

O sítio arqueológico também tem um cenote, o Cenote Sagrado, que como o próprio nome dá a entender era utilizado para a realização de sacrifícios humanos. Sim, as pessoas eram jogadas lá! Neste cenote não é possível entrar, apenas apreciar de longe – mas vale a visita.

O mais perto que dá para chegar do Cenote Sagrado.
Será que os sacrifícios aconteciam nesta plataforma de pedra na beira do cenote?

Outras construções importantes do complexo e que você deve conhecer são Templo dos Guerreiros e a Praça das Mil Colunas.

Templo dos Guerreiros ao fundo e no primeiro plano a Praça das Mil Colunas.
Que se estendem pela mata.
Muitas ainda guardam belos entalhes.

Como a maioria das atrações fica em uma área descampada, sombra é coisa rara. Não esqueça o protetor solar e se necessário leve um guarda-chuva para servir de sombrinha. Leve também uma garrafa de água!

Muitas agências oferecem um passeio de um dia inteiro que percorre Chichén Itzá e um ou mais cenotes. Ir por conta ou entrar num pacote destes? Vai muito primeiro da sua disponibilidade de tempo e se você está ou não com um carro alugado – e do quanto você quer se virar por conta. As vantagens de ir com uma agência são a comodidade e a possibilidade de ver tudo num dia só – ideal para quem está com um itinerário mais apertado. O ruim é que além de custar mais entrar num pacote, muitos visitantes reclamam que sobra pouco tempo para curtir Chichén Itzá, já que o tour te leva para comer em um restaurante e ver lojas por eles indicadas (eu não curto isso).

No interior do sítio arqueológico você encontrará várias bancas onde souvenires são vendidos. Não comparamos os preços, mas a variedade me pareceu até mesmo melhor do que a que encontramos no já excelente no Mercado 28, por exemplo.

Especialmente no caminho do cenote, muitas barracas.
Tem de tudo, inclusive as tradicionais caveiras.
O legal é que tudo ali é artesanato e muitos artesãos fazem as peças ali mesmo.

Quem quiser pode contratar um dos muitos guias que oferecem tours guiados pelas ruinas, ou simplesmente alugar um áudio-guia (não tem em português) por MXP 45.

Programe a sua visita

Como chegar? Como estávamos com carro alugado, e pretendendo ter maior liberdade, optamos por fazer este passeio por conta. A estrada até lá é muito boa, mas a viagem é razoavelmente longa (190km a partir de Cancun e 210km de Playa del Carmen).

A estrada é de mão dupla, mas excelente.

Quanto tempo? Considerando que você deve gastar umas 4 horas entre ir até lá e voltar, separe  m dia inteiro do seu itinerário para este passeio. Não adianta ver na pressa. E sim, vale muito a pena!

Um mapa geral do sítio arqueológico.

Custo: a entrada custa MXP 64 e você ainda gastará um pouco com pedágio (o equivalente a uns R$ 50).

Dá para ir com crianças? Claro, como tudo é muito plano você não terá dificuldade para andar com o carrinho de bebê, se precisar. Os banheiros são razoavelmente limpos. Só tome uma atenção especial, tanto para os pequenos quanto para você mesmo ao Sol que pode ser escaldante e praticamente não existem sombras perto dos prédios históricos.

Dá para conhecer com crianças sem problema.

Funcionamento: o parque arqueológico abre todos os dias diariamente das 8h00 às 17h00. Uma recomendação é chegar cedo, por volta das 9h00 para evitar não só a horda de turistas que desembarcam dos ônibus de excursão, mas também tentar dentro do possível evitar o Sol forte do meio-dia / tarde.

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4 comentários

Anônimo 4 de janeiro de 2018 at 10:42

O texto e as fotos estão muito legais, desculpe por ser chato mas o post tem uma imprecisão. Diferente dos Astecas e Incas que foram impérios com uma capital específica os Maias não tinham propriamente uma capital e sim uma espécie de cidades-estados (como os gregos), dentre as quais Chichen-Itzá foi uma das importantes, assim como Palenque, Uxmal, Copán, Tikal…

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Diogo Ávila 15 de janeiro de 2018 at 19:33

Obrigado pela informação 🙂

Responda
Natalie 3 de janeiro de 2018 at 15:44

Oi, Diogo. Tudo bem? 🙂

Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

Até mais,
Bóia – Natalie

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Diogo Ávila 5 de janeiro de 2018 at 01:57

Eba!!!

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