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Grécia: para se apaixonar

Santorini, a paisagem típica da Grécia.

Provavelmente a maioria das pessoas tem a mesma idéia da Grécia que eu tinha antes de conhecer um pouco deste maravilho país, céu azul profundo, casinhas brancas penduradas no penhasco, praias paradisíacas com águas cristalinas, ruínas históricas, cozinha mediterrânea e uma língua ininteligível.

Pode parecer meio clichê, mas a Grécia é sim tudo isso (e muito de tudo isso), porém muito mais.

Tive oportunidade de estar lá no último verão europeu e confesso que dos países que visitei nesta pernada, a Grécia era talvez o que menos me interessava. Para minha surpresa voltei com uma idéia totalmente diferente e um enorme gosto de “quero mais” como diz a minha esposa.

O fato é que a Grécia não é um destino turístico para ser simplesmente visitado, mas sim para ser vivido e saboreado intensamente.

Trata-se de um destino para todo o tipo de viajante, desde famílias em busca de tranqüilidade e descanso a grupos de jovens sedentos por farra (sim, tem muita por aquelas bandas!!!), e claro, casais em lua de mel – eu diria que é o lugar perfeito para começar uma vida a dois.

Apesar do receio relativo às conseqüências da crise que assola (e ainda perdura) no país, como elas quebra-quebra e tumultos em Atenas, resolvi mesmo assim encarar a aventura.

Várias faixas de protesto na praça Syntagma, onde ainda durante a noite o “pau comia solto”…
… fotos em faixas mostrando que a briga e o quebra-quebra foi feio.
Durante o dia o clima era absolutamente tranquilo, só dava para notar algo de estranho pelas faixas espalhadas…
… e pelas barracas dos protestantes que acampavam 24 horas na praça para os protestos e quebradeira da noite.
O mármore das fachadas dos hotéis chiques da praça viravam arma contra a polícia.

Confesso que pouco sabia a respeito do povo grego, salvo os clichês mostrados em filmes como Zorba, o Grego; Casamento Grego; e Minha Vida em Ruínas – recomendo ver ou rever antes de uma viagem à Grécia. 

Esta talvez tenha sido a maior e mais agradável surpresa. Não sei se é por estarem acostumados historicamente ou culturalmente às dificuldades das mais variadas, o fato é que mesmo em meio ao caos financeiro e quebradeira geral, em poucos destinos fui tão bem tratado e pude encontrar tantas pessoas verdadeiramente simpáticas como na Grécia.

Ok, ok, amigos aos quais eu me refiro não são bem estes, mas que este era simpático era!!!

E mais, se você disser para eles que é brasileiro. Ahh, você acabou de arrumar um amigo (kkkk), arrume tempo para um bom e longo bate papo… eles tem um sincero fascínio pela nossa cultura e tudo que é relacionado ao Brasil. E não espere ouvir falar aquelas coisas manjadas tipo futebol e carnaval não… Eles estão por dentro de tudo quanto é relacionado ao Brasil, principalmente política e economia. Fiquei impressionado. Virei fã do povo local.

Ah, uma observação, aprendi que o tal do “OOOOPAAAA” que sempre se vê em filmes gregos, não quer dizer nada em especial. Eu inocentemente pensei que era algo como viva!!! ou sei lá… Um dos vários locais com quem pude conversar me explicou que é apenas uma expressão que eles dizem, ou melhor, gritam, enquanto dançam. 

Mas confesso que mesmo assim não resisti à tentação de mandar uns “OOOOPAAAAs” enquanto passeava por lá, afinal a explicação só reforçou a minha idéia de que é algo que representa um estado de espírito alegre.

Para quem como eu, tiver um tempo mais apertado e estiver realizando sua primeira viagem à Grécia, recomendo um roteiro básico que inclua ao menos Atenas; Mykonos e Santorini – reservando um ou dois dias para a capital e mais três dias inteiros em cada ilha.

Infelizmente não existem vôos diretos entre Brasil e Grécia, mas é razoavelmente fácil chegar lá por meio de uma conexão em qualquer país europeu ou em Istambul como fiz. Aliás é bastante comum juntar em uma única viagem Grécia e Turquia. Deixo aqui a dica da Turkish Airlines, empresa aérea de ponta (escolhida a melhor da Europa, salvo engano em 2010) e com preços acessíveis.

Embora seja possível chegar à Grécia de várias formas, inclusive pelo mar, a porta de entrada mais conhecida é o aeroporto internacional de Atenas (Eleftherios Venizelos International Airport – nome fácil né!) que fica a 27km.

Aeroporto de Atenas um dos frutos das Olimpíadas de 2004, é simples mas eficiente…
… e atende uma boa malha de destinos, especialmente para o Oriente Médio e Europa.
Porém, não espere muito do free shopping, nada de demais.

Já o transporte entre as ilhas é feito principalmente de barco (ferry, hydrofoil e catamaram de alta velocidade), a maioria saindo do porto de Piraeus, que é o principal porto do país e com partidas diárias para todas as ilhas – outra opção é o porto de Rafina. Para chegar ao porto de Piraeus, pode-se usar tanto táxi quanto metrô mesmo (30min.).

Ferry no porto de Piraeus
É o porto mais movimentado da Grécia…
… mas mesmo assim este pacato grego achou um canto para pescar no cais.
Os ferries são enormes…
… carros se espalham pela garagem. No detalhe, malas depositadas ali mesmo sem qualquer tipo de recibo ou controle – isso que é confiar.
O ferry é tão grande que caminhões são embarcados…
… mas nunca imaginei ver um barco dentro de uma navio. Kkkk
Partida do porto de Piraeus
Chegada de um ferry em Santorini, tudo que se vê ao chegar é o imenso paredão.
E um speed ferry em Santorini.

As principais empresas que fazem as rotas entre Atenas e as ilhas gregas são Hellenic Seaways; Sea Jets; Blue Star Ferries, e Aegean Speedlines. Nos seus sites é possível montar o itinerário e comprar os bilhetes. Também é possível conferir os itinerários e adquirir bilhetes nas seguintes agências online: Open Seas; Greek Travel PagesFerries GR; Danae; e Greek Ferries. Particularmente preferi comprar direto com as empresas de ferries. Note que não são todas as empresas que fazem determinada rota e a freqüência das viagens varia bastante conforme a época do ano – diminuem muito no inverno.

A viagem de ferry é praticamente um pinga-pinga de uma ilha para a outra…
… mas o visual é maravilhoso. Aproveite para relaxar, tomar sol e curtir a paisagem…
…até chegar ao seu destino.

Atenção que os hidrofolios, até mesmo por serem menores podem ter sua operação facilmente afetada pelas condições do tempo / mar. Caso opte por um ferry boat, fique tranqüilo, dificilmente as condições do tempo afetarão a sua viagem.

Ir de avião entre uma ilha e outra pode ser uma boa opção dependendo do tempo que você tem disponível, pois a viagem é bem mais rápida. Todavia, salvo algumas promoções pontais, o custo é bem maior – sugiro verificar as empresas locais Olympic e Aegean Air.

Brasileiros não precisam de visto para visitar o país, bastando passaporte com ao menos 6 meses de validade restante.

Por conta do clima mediterrâneo, os invernos não  costumam ser rigorosos, mas os verões… quentes, muito quentes. Particularmente não recomendaria a Grécia como um destino para o inverno do hemisfério norte, afinal as ilhas ficam desertas neste período, com muitos restaurantes e hotéis simplesmente fecham e você não poderá curtir as praias. 

Deixe se possível para o verão ou primavera, quando as ilhas estão mais cheias (nada que seja insuportável não) e você poderá curtir um autentico verão europeu e as praias locais – porém esteja preparado, mesmo no verão a água do mar é muito gelada, excelente remédio após alguns minutos fritando na areia, e o sol torra – protetor solar e água são itens do kit de sobrevivência numa odisséia grega.

Durante o dia, Sol brilha (e queima) em Santorini…

 

… e durante a noite, a Lua brilha sob o mar Egeu.

 

Atenas, Grécia Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Máximas 13°C 13°C 16°C 20°C 25°C 29°C 32°C 32°C 29°C 23°C 18°C 14°C
Mínimas 6°C 7°C 8°C 11°C 15°C 20°C 22°C 22°C 19°C 14°C 11°C 8°C
Média 9°C 10°C 12°C 16°C 20°C 24°C 27°C 27°C 23°C 18°C 14°C 11°C
Precip. em mm. 46 48 43 28 18 10 5 5 13 48 51 66

Nas ilhas, a temperatura, ou ao menos a sensação térmica é um pouco mais amena por conta da brisa do mar. Cheguei a pegar 37ºC e sensação de sabe lá quanto!!!

A Grécia respira história, afinal os primeiros vestígios de civilização no local datam de 200mil anos a.C., na
região mais ao norte do país.

O período mais conhecido e fértil da civilização grega é o clássico, do qual derivaram muitos dos conhecimentos que fundamentaram a civilização ocidental. Foram aproximadamente 150 anos de excepcional criatividade no pensamento, na literatura, no teatro e nas artes produzindo grandes tragédias, assim como os grandes pensadores Sócrates, Platão e Aristóteles. No entanto, foi também um período de várias guerras, dentre elas a do Peloponeso, que levou Atenas a lutar contra Esparta no século 5° a.C.

Após este período áureo, o território grego dominado por Alexandre o Grande; pelos romanos e até mesmo pelo Império Bizantino, vindo a ser constituída como estado moderno em 14 de setembro de 1829.

Além de história, não se pode falar em Grécia sem lembrar que lá nasceram os jogos olímpicos. A primeira edição do período antigo ocorreu em 776 a.C. e a primeira edição da era moderna em 1896, fora os de 2004 – que para alguns foi uma das causas do endividamento do país.

Outro item que sempre vem a nossa mente ao falar de Grécia são azeitonas e azeite. As oliveiras são cultivadas na região desde os minóicos cretenses em 3800 a.C.. Todavia, o azeite como o conhecemos hoje surgiu apenas em 700 a.C. Segundo a lenda, a deusa Atena (da paz e da guerra) teria plantado uma oliveira na Acrópole de Atenas. Dizem que o azeite de melhor qualidade vem de Creta (aliás a ilha de Creta é um super destino na Grécia!) e de Lesbos. Não dá para voltar para casa em ao menos uma lata, talvez duas, três….

Azeitonas no pé. Bonito, mas não coma assim, é o gosto horrível.
A variedade de azeites é incrível e o preço até que é razoável.

É um país composto por mais de 2.000 ilhas, mas apenas 100 delas são habitadas, e por 10% da população, cujo total é de um pouco mais de 11 milhões de habitantes (2009).

A arquitetura grega foi muito influenciada pelos otomanos e venezianos. Nas ilhas Cíclades e do Dodecanesco era bastante comum encontrar moinhos de vento com pás de lona que são utilizados na moagem de grãos – atualmente a maioria deles funciona como museus.

A maior parte da população adota a religião católica, mais especificamente a vertente ortodoxa – a igreja ortodoxa aceita o casamento de seus sacerdotes, bem como que eles tenham um outro emprego ao mesmo tempo.

Procissão em Mykonos às 10 da manhã de sábado, num solão daqueles!!!

E por falar em religião, até alguns anos atrás, os gregos não comemoravam seus aniversários após os 12 anos de idade, pois a partir de tal idade, eles passavam a comemorar o dia do seu santo padroeiro.

Ah, outro detalhe a respeito é proibido tirar fotos dentro de monastérios e igrejas. Mulheres não devem usar saias curtas e em algumas igrejas podem exigir que homens usem calças.

Trata-se de um país bastante seguro, devendo-se apenas tomar as precauções de praxe, especialmente com batedores de carteira em locais muito movimentados ou aglomerados. Deve-se tomar um especial cuidado com taxistas que aplicam golpes adulterando taxímetro ou simplesmente se recusando a utilizá-lo (principalmente no porto de Piraeus). Recomendo por experiência própria, combinar o valor antes de iniciar a corrida para evitar surpresas desagradáveis.

Ah, o idioma grego… Não é à toa que existe aquela brincadeira: “não estou entendendo nada, parece grego…”.

Placas em Atenas (faliro é piada pronta né!!!)…salvo exceções, eles escrevem nos dois alfabetos.
Charmosa placa de rua em Santorini.

Embora não tenha a pretensão de ensinar grego a ninguém, até mesmo porque acho que é impossível, eis algumas palavrinhas que podem salvar o seu dia:

Kalimera: bom dia

Kalispera: boa tarde

Kalinikita: boa noite

Yasso: oi, mas também serve para brindar (item muito importante)

Ti kanis: tudo bem?

Pinao: estou com fome

Dipsao: estou com sede

Poli oreo: muito bonito

Efharisto: obrigado

Signomi: desculpa

Nero: água

Ton logarismo: a conta

Se parakalo: por favor

Ne: sim

Ohi: não

Sim, quase todo mundo fala inglês, afinal, estamos falando de um país europeu cujas rendas dependem e muito do turismo.

Telefones úteis:  Brasil Direto a Cobrar: 800 16122 054194; Polícia: 210 / 100; Ambulância: 166; Emergência a turistas: 112

Próximo post, Atenas! Τα λέμε σύντομα ou até breve!!!

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5 comentários

Rosely Caldeira 12 de abril de 2013 at 23:14

Olá Diogo! Também vi no VnV e adorei suas dicas. Estou aguardando as dicas da Turquia.
Vc sabe me dizer se a gente consegue se virar falando frances?
Obrigada,
Rosely

Responda
Diogo Ávila 13 de abril de 2013 at 00:47

Rosely,
Obrigado! As dicas da Turquia já estão completas. Dê uma olhada na tag Turquia da barra lateral.
Je ne parle pas français, então fico te devendo este detalhe.
Com um inglês mediano já dá para se virar muito bem!
Abraço.

Responda
Valéria 3 de fevereiro de 2012 at 19:08

Oi, Diogo! Peguei suas dicas lá nó VnV e corri pra cá!
Muito bom o seu blog, recheado de boas dicas. Vai ser super útil. Agora vou esperar pelas suas dicas da Turquia!
Parabéns!

Responda
Diogo Avila 3 de fevereiro de 2012 at 20:36

Valéria, Obrigado!
Aproveite bem esta etapa de montar a viagem, faz parte da curtição.
Se precisar de algum detalhe ou tiver alguma dúvida, fique à vontade para perguntar.
Assim que possível coloco as dicas da Turquia.

Responda
Anônimo 28 de outubro de 2011 at 11:26

Sensacional o post! Confirma minha intenção de passar lua de mel por lá. E "a precinho", espero "na chon"…

Cumbicão… não sai de casa sem lê-lo…

Glauco Leite

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