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Cracóvia, a joia polonesa

Praça Rynek Glówny.

Lembro que quando foi para Cracóvia, entre perguntas do tipo “Onde fica? É longe?”, algumas pessoas me falaram: Ah aquele país do filme “O Terminal”… É bem, mais ou menos, mais pra menos para falar a verdade. Rsss 

Embora pouca gente já ouvido falar desta cidade, que embora seja conhecida pela sua riqueza histórica e beleza arquitetônica, o nome ficou conhecido por conta da estória baseada em fatos reais onde o protagonista Viktor Navorski (Tom Hanks) seria um cidadão da República da Cracóvia (!?!).

Ele teria ficado “preso” no aeroporto JFK em New York por conta de um revolução em seu país e conseqüentes problemas diplomáticos que o impediam de fazer imigração e adentrar aos EUA. Apesar da estória ser muito bacana, é evidente que nada tem a ver com a cidade propriamente dita.

Embora faltem dados concretos para afirmar categoricamente, acredito que Cracóvia ou Kraków, para os locais, é destino mais visitado da Polônia. Prova disto está no fato de que quase todo roteiro de viagem para o Leste Europeu comprado em agência de turismo inclui esta nem tão pequena (779 mil habitantes), mas belíssima cidade polonesa.

Assim, se você tiver poucos dias para passear na Polônia, e tiver que escolher apenas um destino, a minha sugestão – e talvez da maioria das pessoas que por ali passaram – é vá para Cracóvia. 

A cidade respira história, e não é para menos, fundada por volta do ano 700, foi a capital da Polônia entre 1320 e 1596, até ser transferida para Varsóvia.

Interessante que embora tenha nos idos de 1200 sido atacada por vários povos invasores, foi uma das poucas cidades polonesas que escapou ilesa dos bombardeiros alemães na Segunda Guerra Mundial.

Isto porque os alemães sabiam das riquezas arquitetônicas e culturais da cidade, e preferiram dominar a destruir os edifícios ali existentes.

Visualizar Cumbicão – Cracóvia em um mapa maior

Para chegar à Cracóvia, as opções mais comuns são de avião, por meio do John Paul II International Airport Kraków-Balice, com conexões para algumas outras cidades européias, ou de trem, pela estação Dworzec Główny Kraków.

Estação de trem de Cracóvia.

Como Cracóvia é um destino particularmente comum no Leste Europeu, é relativamente fácil encontrar trens não só a partir de Varsóvia (293 km ou 3h00), como fizemos, mas também a partir de outras cidades, como Praga (utilizamos na saída) e Berlim, apenas para citar alguns exemplos.

Caso opte por vir de Praga (ou de outro destino mais longe), sugiro utilizar um trem leito noturno, pois a viagem é razoavelmente longa, entre 7h e 10h – dependendo do tipo de trem.

Para quem nunca experimentou uma viagem em trem noturno, recomendo como experiência de viagem, é muito legal. Algo absolutamente distinto do que estamos acostumados a fazer no Brasil, e que certamente renderá boas estórias.

Camas em beliche e uma pequena mesa de trabalho.
Uma pequena pia dentro da cabine.
Uma grande vantagem é que as suas malas ficam contigo.
Só não tem espaço para abri-la (Rsss).
São várias cabines por vagão.

Você tem uma cabine só para você, onde tem de tudo que você precisa para passar a noite – exceto chuveiro e sanitário.

É razoavelmente mais em conta que uma passagem de avião, você não perde tempo fazendo check-in ou coletando suas bagagens (que ficam o tempo todo contigo), dorme direito, “mata” uma noite de hotel porque sai num dia e chega no outro, e ainda curte a paisagem. Recomendo!

Quanto tempo ficar? Cracóvia é uma cidade pequena, cujas atrações estão concentradas na região central, o que facilita em muito a visitação e o aproveitamento do tempo. Nós ficamos apenas 2 dias e foi o suficiente para aproveitar bem a cidade e fazer uma day trip para Auschwitz-Birkenau. Suficiente? Como sempre depende!!! Se eu tivesse mais tempo, certamente não reclamaria…

Pela primeira fez estive num lugar no qual não usei meio de transporte algum. Absolutamente nada. A cidade parece ter sido feita para ser explorada a pé. Na sua maior parte plana; com ruas tranqüilas e calçadões de pedestres na área central, o transporte público é praticamente dispensável. Mas caso precise, existem bondes (trams) que atendem várias regiões da cidade.

Como vocês já devem ter percebido não sou chato quanto a hotel. Mas não deixo de pesquisar bastante para poder fazer uma melhor escolha. No geral, basta ser limpo, bem localizado e barato que estou dentro!

Seguindo estes critérios, ficamos no Hotel PTTK Wyspiański, situado na ul. Westerplatte 15 – 31-033 Kraków, entre a estação central e o centro histórico da cidade. Quartos limpos, amplos e um café da manhã bem servido.

Fachada do Wysplanski
Quarto amplo
Tem até uma saleta.

Sempre úteis, os postos de informação turística estão situados nos seguintes endereços:

 Town Hall Tower – Rynek Główny 1. De segunda a domingo das 9h00 às 19h00;

 Szpitalna 25. De segunda a domingo das 9h00 às 19h00;

 św. Jana 2. De segunda a sábado das 10h00 às 18h00;

 Józefa 7. De segunda a sábado das 10h00 às 18h00;

 os. Słoneczne 16. De terça a sábado das 10h00 às 14h00;

 Wyspiański 2000 Pavilion – pl. Wszystkich Świętych 2. De segunda a domingo das 9h00 às 19h00.

Sugiro ao viajante começar o passeio por Cracóvia a partir da entrada da entrada da Cidade Velha, justamente onde fica o Barbakan, uma fortaleza medieval construída nos idos de 1498 para proteger a cidade. Originalmente ela era ligada por uma muralha a outras fortalezas, de modo a formar um círculo ao redor da Cidade Velha, representada atualmente pelos arredores da Praça Rynek Glówny – interessante que os jardins originais ainda existem, como se vê do mapa acima.

Declaracada em 1978 como Patrimônio Histórico da Humanidade, a Praça Rynek Glówny, também conhecida como Praça do Mercado, é a principal atração da cidade.

A praça na verdade é dividida em dois lados pelo Cloth Hall.
O Cloth Hall. Reparem à direita o sujeito fazendo propaganda de cerveja (Rsss),
pelo menos ele não devia estar sentindo frio.
Que no seu interior tem algumas bancas com souvenires bacanas.
Praça Rynek Glówny.

Não se trata de uma praça qualquer, mas sim da maior praça de toda a Europa medieval, com nada menos que 4 hectares, ou seja, 40.000m². Eu particularmente desconheço outra praça com este tamanho na Europa, digna de colocar qualquer outra no chinelo!

Belos edifícios ao redor da praça.
Os estilos variam, mas a beleza é a mesma.
Na maioria deles restaurantes e lojas no térreo e hotéis nos demais andares.
Uma panorâmica noturna da Praça Rynek Glówny.

Por séculos, esta praça foi o centro econômico, cultural e religioso da cidade. No Natal, acontece também um feira com artesanato e comida típica. Muito bacana.

Um “churrasquinho” polonês.
Pratos típicos.
Hora do rango.
Belíssimas bolas de Natal pintadas à mão.

Em um dos cantos da praça está o Cloth Hall Tower, uma torre de 70m com relógio, construída no século XIII. Embora tenha sido duramente castigada por conta de um incêndio em 1555, foi reconstruída anos depois.

Cloth Hall Tower.

Ao norte da praça, vale a pena visitar a Igreja de Santa Maria, onde desde 1241 ocorre o ritual mais tradicional da cidade. De hora em hora, de uma das torres dela, começa a tocar uma melodia eu é subitamente interrompida na metade. 

Trata-se na verdade de uma homenagem a uma sentinela que morreu flechado quando tentava soar o alarme contra os invasores tártaros.

Interessante notar que as duas torres da igreja são absolutamente distintas, uma gótica e a outra renascentista. Isto se deve ao fato de que cada uma delas foi construída por um arquiteto, na verdade, dois irmãos. Dizem que ao final o que fez a torre renascentista, de tanto desgosto e inveja do trabalho do irmão, resolveu se apunhalar e pular do alto da sua própria torre. Dramalhão polonês!!!

Fachada da Igreja de Santa Maria – é a torre gótica é mais bonita mesmo…

 

Interior escuro da Igreja.

Saindo da Praça Rynek Glówny, a caminho do Palácio Wawel, a minha sugestão é seguir pela Kanonicza Street uma das ruas mais pitorescas da cidade. Nos tempos medievais, a rota entre o Castelo e a Praça era conhecido como Royal Road, e o trecho da Kanonicza Street é um dos mais belos e bem conservados – até o século XIV as casas ali eram ocupadas por nobres.

Os charmosos casarões da Kanonicza Street.
Imagina morar num palacete destes???

Aliás foi nesta rua, mais precisamente nos números 19 e 21 que entre 1951 e 1963 viveu Karol Wojtyla, que mais tarde assumiu o nome de Papa João Paulo II. Seus aposentos foram transformados em museu e departamento papal da Arquidiocese de Cracóvia.

A antiga casa do Papa João Paulo II.
Interior da instituição que leva seu nome.
À esquerda a Igreja de St. Andrew e à direita a de St. Peter e St. Paul. 

A outra grande atração de Cracóvia é o Palácio Wawel, a antiga morada dos reis entre os séculos XI e XVI. 

Entrada do Palácio de Wawel.
Torre do palácio.
Na lateral da Catedral, os estilos arquitetônicos se misturam.
Interior do palácio.
Uma das áreas mais belas é este pátio central.
Ruínas de construções anteriores.
Vista geral do palácio e as torres da catedral.
Pena que escurece rápido no inverno. Ai eram apenas 16hs.

Na sua bela Catedral é conhecida não só por ser o local de coroação dos reis poloneses até o ano de 1734, mas também onde o então arcebispo João Paulo II foi consagrado.

Logo na entrada do Castelo, uma estátua do Papa João Paulo II
Fachada da Catedral.
No interior, uma decoração escura e pouca iluminação.

A catedral construída entre 1320 e 1364 ocupa o local onde anteriormente existiram outras duas igrejas. Com três naves, 18 capelas e uma torre que tem o maior sino do país, com 11 toneladas é uma das principais atrações da cidade.

Como os horários de visitação variam bastante, sugiro uma visita ao site oficial para verificação na data de sua visita. Os ingressos custam PLN 15 para o Palácio e PLN 10 para a Catedral.

Para quem tiver tempo, sugiro ver na colina do Wawel o Treasury & Armory, uma exibição com as jóias reais polonesas e uma coleção de armas medievais.

No próximo post, mudaremos completamente de ares e encararemos uma day trip para Auschwitz-Birkenau.

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14 comentários

Karina Bordalo 21 de novembro de 2015 at 00:00

Olá Diogo, tudo bem? estou planejando minha viagem pra Cracovia de Budapeste. Estamos pesquisando transporte e estamos considerando a opção de Translado, porém como somos apenas em 2 pessoas, pensamos na possibilidade de alugar um carro e fazer o trecho dirigindo. Vimos que passar pela cidade Banská Bystrica é bem legal. Você indica essa opção de ir dirigindo? sabe como é a estrada? Obrigada!!

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Diogo Ávila 21 de novembro de 2015 at 00:08

Oi Karina. Putz, quando fomos para o Leste Europeu só andamos de trem. Não tenho indicações de como é esta estrada nem esta cidade. Fico devendo 😉 Abraço.

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Samir Pereira 27 de janeiro de 2016 at 22:52

Olá Karina, farei o mesmo trecho com minha mulher em junho, e pelo que tenho pesquisado a melhor opção de Budapeste para Cracovia é ir de ônibus, são 7h de viagem, de uma olhada no site da eurolines, achei o aluguel de carro muito caro, a passagem de ônibus sai em torno de 60 reais, boa viagem e abraços.

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Luciana Mileipe 29 de julho de 2015 at 13:31

Olá adorei as dicas, vou em fevereiro a partir de Berlim, 2 dias + o campo de concentração ta bom né? O melhor lugar para ficar é no centro?

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Diogo Ávila 29 de julho de 2015 at 21:20

Luciana
Obrigado!
Sim, é suficiente para conhecer bem.
Entendo que o centro seja o melhor lugar, até mesmo pelo charme da região.
Boa viagem!

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Vanessa Silva 8 de maio de 2015 at 16:01

Olá Diego, td bem?
Primeiro, parabéns pelo blog, muito bom!!
Então, estou indo a cracovia mês que vem(junho) e tenho algumas duvidas: As coisas lá são caras (alimentação, pub, souviners….); você utilizou o euro ou a moeda polonesa?

Muito obrigada

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Diogo Ávila 9 de maio de 2015 at 02:22

Oi.
Obrigado, espero ter ajudado.
Olha, na época usei apenas a moeda local sacada nos ATMs.
Abraço.

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Fê Ragagnin 9 de abril de 2015 at 19:31

Estou procurando dicas sobre a Cracóvia e encontrei o seu blog. Tenho algumas dúvidas. Veja se pode me ajudar!
– a cidade é segura à noite?
– estou tendo dificuldades de encontrar transporte da Cracóvia para Bratislava. Pensei em alugar um carro e fazer o percurso Cracóvia – Bratislava – Budapeste de carro. Será que terei problema nas fronteiras?

Obrigada

Fernanda

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Diogo Ávila 9 de abril de 2015 at 20:38

Fernanda,
Embora já tenha feito isto algumas vezes, evito ao máximo utilizar carro na Europa. Sempre considero muito caro e um estorvo ter que ficar com o carro nas cidades.
Nesta viagem fiz os seguintes trechos de trem Varsóvia-Cracóvia-Praga-Budapeste e foi super tranquilo.
No seu lugar, iria de trem pela comodidade e economia. O carro só costuma valer a pena se você tem bastante gente para dividir os custos ou se não existe outra opção.
Nos trens, lembro que em alguns trechos a polícia subia para conferir os passaportes e questionar o motivo da viagem. Nada de mais.
Boa Viagem!

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Pedro Paulo Gondim Simmer 29 de janeiro de 2015 at 00:29

Legal suas dias. Qual o trem que utilizou de cracovia pra praga? comprou pela internet?

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Diogo Ávila 29 de janeiro de 2015 at 00:48

Obrigado Pedro! Comprei um passe para os três países do Leste Europeu que vistamos (Rep. Tcheca; Polônia e Hungria), ai foi só ir na estação de trem na noite anterior e reservar os lugares.
Super tranquilo!

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Tami - Gaveta Abandonada 3 de março de 2015 at 16:32

Oi Diogo! Onde compraram esse passe? E foi tranquilo se virar na Polônia com inglês ou vocês falavam um pouco de polonês também? Obrigada!

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Diogo Ávila 3 de março de 2015 at 16:38

Oi Tami,
Compramos numa agência aqui em SP TT City Center.
Até que foi tranquilo viajar por lá só com o inglês. Não é todo mundo que fala o idioma, mas dá sim para se virar. O pessoal mais jovem fala muito bem e todos são bem receptivos.

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Tami - Gaveta Abandonada 3 de março de 2015 at 18:29

Muito obrigada pela resposta, e tão rápida! Estamos com um pouco de medo da língua principalmente, e nossa maior dúvida tem sido sobre como ir de um país para o outro (Polônia, Eslováquia, Hungria, Austria, Rep. Tcheca e, talvez, Alemanha) de forma simple$ mas que também não seja muito cansativo.
Obrigada novamente 🙂

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