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Istambul: Topkapi Palace e arredores

Aberto ao público apenas em 1924, data que coincide mais ou menos com o fim dos sultanatos e criação da moderna Turquia, o Topkapi Palace foi construído por Mehmet II logo após este ter conquistado Constantinopla (1453), serviu de residência aos sultões por séculos.

Portão de entrada do Palácio Topkapi.
Inscrições e adormos num dos portões do Palácio Topkapi.

Uma vez instalado em Istambul, sugiro que a primeira atração a ser visitada, preferencialmente logo pela manhã para evitar as filas, seja o Palácio Topkapi (Topkapi Sarayi).

Portão de entrada do Palácio Topkapi.


Visualizar Cumbicão – Turquia em um mapa maior

Uma maquete do Palácio dá a noção do tamanho dele.
É…visto da Torre Gálata, até que parece pequeno, mas não é não. Separe um bom tempo para o passeio.

O Topkapi Palace, cujo nome significa “porta do canhão” é uma das principais atrações da cidade e é bastante concorrida. Praticamente todos que visitam a cidade, passam ao menos algumas horas apreciando este palácio tão diferente.

Aberto ao público apenas em 1924, data que coincide mais ou menos com o fim dos sultanatos e criação da moderna Turquia, este palácio construído por Mehmet II logo após este ter conquistado Constantinopla (1453), serviu de residência aos sultões por séculos.

O primeiro prédio ao entrar-se no Palácio, é o Gate of Felicity.
De onde já se tem acesso a alguns aposentos do Palácio.
Detalhe do teto da sala do trono.
E a sala propriamente dita. Esta estrutura no centro é o mirhab, o trono é o da direita hein!

Se considerarmos o seu tamanho e o compararmos com outras grandes obras do período, podemos dizer que os otomanos foram extremamente ágeis na edificação do Topkapi Palace, pois a construção ocorreu entre 1459 e 1465.

Ele é formado de quatro pátios enormes e diversos pavilhões.

E em cada pátio, um jardim. Este é o primeiro e o maior.
Certa época, as árvores do palácio foram atacadas por fungos que literalmente “comeram” o seu interior. Algumas poucas, como esta sobreviveram mas ficaram com curiosas marcas.
O segundo pátio.
Cansou? Aproveite as sombras para uma pausa.

Durante os 470 anos de dominação otomana, foram amealhados diversos tesouros, sejam presentes diplomáticos ou pilhagem mesmo. Oriundos do Egito, Síria e Arábia e tudo está no Topkapi Palace à mostra.

Desde que conheci o Alhambra, anos atrás, aprendi que os muçulmanos têm um fascínio por água corrente e fontes.
Aqui no Topkapi, não podia ser diferente. No detalhe a fonte da Biblioteca.
Tem fonte de tudo quanto é estilo.
Esta, perto do Pavilhão de Bagdá, mais parecia uma pequena piscina.

Como o Topkapi Palace é enorme, e existe muito para ser visto em todas as alas, sugiro que você escolha aquilo que mais lhe interessa ver, pois para ver o palácio inteiro em todos os seus detalhes, é fácil perder a noção do tempo e passar o dia inteiro ali dentro.

Dentre as principais atrações do Topkapi Palace, elenquei algumas que julguei serem as mais interessantes. Para dar-lhes uma ideia, passamos quase que a manhã inteira lá.

O palácio tem na sua Cozinha a segunda melhor coleção de porcelana existente – perde apenas uma coleção na China. Em uma parte da cozinha é possível ver uma clara representação de como era a vida palaciana, onde eram preparadas refeições para mais de 12 mil pessoas.

Pelo tamanho e quantidade de chaminés, deu para imaginar o tamanho da cozinha.

Infelizmente deu apenas para ver de fora, pois fechada quando da nossa visita, e até a data deste post ainda estava em restauração.

Outra atração do Topkapi Palace que encontrava-se fechada para restauro era a exposição de Armas e Armaduras. Muitas das armas ali em exposição – arcos, espadas e adagas; foram feitas pelos próprios sultões. Alguns deles, como Beyazit II, eram habilidosos artesões.

A tradição mandava que após a morte de um sultão, seus trajes fossem colocados em uma mala selada. Por conta disso, é possível ver os trajes suntuosos de Mehmet II na exposição de trajes imperiais. Infelizmente é um daqueles lugares onde fotos são proibidas. Fico devendo, mas garanto que uma olhada, ainda que rápida, vale a pena.

Um dos pavilhões com exposição de jóias e vestimentas.

Gosta de jóias? Bom, então não deixe de visitar a área do Tesouro. É ali que estão os objetos mais preciosos do Topkapi Palace – e talvez até da Turquia! É verdade que alguns objetos tem um gosto, assim… duvidoso, mas o tamanho das pedras preciosas e a qualidade do trabalho artesanal impressionam e muito. Não dá para sair de lá sem ao menos um “Uaaaauuuu!!!”

Existem várias peças que merecem destaque, mas eu particularmente considerei mais interessante o traje de malha incrustada de brilhantes que está no primeiro salão e a Adaga de Topkapi que está no segundo salão. O curioso a respeito desta adaga é que ela não deveria estar ali. Explico, ela era um presente do sultão Mahmud I para o sultão persa Nadir. Como naqueles tempos um presente demorava a chegar pelos “correios”, o presenteado morreu antes de recebê-lo; e para não “perder” o presente, Mahmud I simplesmente determinou que a adaga retornasse à Topkapi, antes que fosse entregue aos persas.

Ah, tem também um “diamantezinho” de apenas 86 quilates. O que? Você não sabe quanto são 86 quilates? Nem eu… anote ai, são umas 18g. Pode parecer pouco, mas estamos falando de um diamante!!!

Opa, já ia me esquecendo, tem um trono de ouro no terceiro salão que merece ser visto.

Embora seja bastante concorrida, não deixe de visitar a área chamada The Chamber of the Holy Relics, onde estão guardadas algumas das relíquias mais importantes do islamismo.

Entrada da Chamber of the Holy Relics. Fotos apenas do lado de fora do prédio.

Só para dar uma idéia, tem um manto que teria sido usado por Maomé. Esta relíquia é vista a partir de uma pequena abertura em uma sala, o que possibilita ao visitante apenas um breve vislumbre do manto. Confesso que quase nem deu para ver. Rsss. Ali também estão duas espadas dele; uma pegada; fios da sua barba, e um dente (sim, é isso mesmo!).
       Entre a Chamber of the Holy Relics e o Pavilhão de Bagdá, não deixe de ver o Pavilhão da Circuncisão, um edifício de 1640, que como o próprio nome diz, recebia as cerimônias de circuncisão dos príncipes.

Fachada do Pavilhão da Circuncisão. 
Detalhes da decoração no exterior.
E os vitrais do interior.
Assim como os outros edifícios, o interior é ricamente decorado.
A rica decoração no interior.
Assim como a maioria dos aposentos do Palácio, as janelas do Pavilhão da Circuncisão tem curiosas fontes. Pelo que li à época, tem a ver com a refrigeração do ambiente.

Não deixe de visitar o Pavilhão de Bagdá, uma das áreas mais belas do Topkapi Palace. Ele foi erguido para comemorar a conquista desta cidade, e conta com uma requintada decoração de azulejos azuis e brancos.

O Pavilhão de Bagdá.
No interior, rica decoração. Repare no armário de madrepérola.
Uma interessante combinação de azulejos, vitrais e mosaicos.
Infelizmente fiquei sem saber a função desta peça (de prata?) no centro do sala. O pessoal do Palácio bem que podia ter deixado uma explicação.
Os típicos azulejos pintados.
Na sala, um belo mihrab. Um nicho na parede que serve para marcar a direção de Mecca para a hora das orações diárias.

Em uma área bastante reservada em relação ao restante do complexo, fica uma das atrações mais esperadas da maioria dos visitantes, especialmente nós homens. O Harém. Aviso aos marmanjos: Não, não espere encontrar moçoilas ali em trajes do tipo dança do ventre ou coisa parecida, a era dos sultões acabou faz tempo! Rssss.

A placa indica que estamos prestes a entrar em um a área totalmente isolada do palácio.
Em meio a vários quartos e prédios interligados
E corredores que parecem não ter fim, viveram milhares de mulheres, isoladas do mundo.

Mas não desanime, o lugar é sim interessantíssimo e vale a visita por  sua arquitetura e beleza. Não é nada difícil ficar ali imaginando como era o dia-a-dia das 1.000 concubinas que ali viviam. Pois é, isto mesmo, o local que foi desativado apenas em 1909, chegou a ter mil mulheres simultaneamente. Aqui entre nós, duvido que o sultão conhecesse 1/10 delas!

A bela decoração
E o estado de conservação, fazem a visita do Harém algo imperdível.
Um labirinto de cômodos e pátios como este formam o Harém.

      Brincadeiras à parte, sejamos realistas. Sem qualquer pretensão de fazer média com o sexo oposto, o fato é que a vida destas mulheres devia ser um inferno. Basta notar que elas nada mais eram que escravas sexuais do sultão, capturadas em diversas regiões e nações.

 Viviam ali confinadas e isoladas do mundo, vivendo de intrigas e conflitos internos. A única perspectiva era dar um filho ao sultão, situação esta que permitiria o seu casamento com o governante e a saída do harém, tendo ai sim a chance de uma vida “melhor”. Deu para notar a confusão que 1.000 mulheres deviam fazer para ter este “posto”???

Aposentos da rainha mãe. Sim, a mãe do Sultão morava no Harém.
Quarto privativo do Sultão Murad III.
Vitrais de uma das salas anexas.
Tapeçaria e azulejos decoram as salas.
Detalhe do teto ricamente trabalhado.
E dos armários cujas portas são de madrepérola.
Os vitrais também chamam a atenção.

Nos jardins mais externos, visite a Haghia Eirene (Aya Irini Kilisesi), uma igreja do século 6.º, construída sob os escombros de uma anterior que teria sido o primeiro local de culto ao cristianismo da cidade. Após a tomada pelos muçulmanos, passou a ser usada como arsenal.

Ai está uma coisa que eu sempre admirei nos muçulmanos. Desde que passei a ter contato com a história deste povo na minha primeira viagem à Espanha e Portugal, notei que eles tinham por hábito não destruir as edificações dos conquistados, mas sim adaptá-las às suas necessidades. Usar uma antiga igreja como arsenal pode ser condenável, mas convenhamos que pior ainda seria se tivessem destruído tudo. Atualmente serve como sala de concertos musicais.

Antes de sair, dê uma olhada no Imperial Council Hall, a sala em que o sultão reunia-se com seus ministros e assessores para tratar assuntos do império.

Imperial Council Hall.
Decoração interior do Imperial Council Hall.
Praticamente dá para imaginar sultões e seus homens de confiança aqui reunidos. Quantas guerras e tratados teriam sido aqui discutidos com muito chá de menta ou maçã?

Um detalhe importante a respeito do palácio é que é permitido fotografar todas as áreas externas, porém em algumas áreas internas, devidamente sinalizadas, não são permitidas fotos. E mais, especialmente as mulheres devem estar atentas ao quanto informado no site oficial: “It is suggested to wear appropriate clothes while entering the Sacred Relics Department”, ou seja, na dúvida, recomendo que levem dois chalés ou pashiminas para cobrirem as pernas e o cabelo se assim for necessário – não vá deixar de ver o palácio por conta disto hein!

Do Pavilão de Bagdá, aproveite para apreciar a Torre Gálata e os arredores.
De uma “varanda” perto do Pavilhão de Bagdá, tem-se belíssimas vistas do Bósforo.

O palácio fica na Babihümayun Cad e está aberto diariamente, salvo às terças, durante o verão (15 de abril à 1 de outubro) das 9h00 às 19h00 (às 18h00 fecha a bilheteria) e no inverno das 9h00 às 17h00 (bilheteria fecha às 16h00).

A entrada para o palácio custa 20TL, algo como R$ 22,50, e o ingresso para o Harém, que deve ser comprado à parte custa 15Tl, ou seja, uns R$ 16,88. Se considerarmos o tamanho da atração e a qualidade do que se vê ali, o preço é extremamente justo.

Ao sair do palácio, se é que você já não a viu na entrada, vale a pena conferir a belíssima Fonte de Ahmet III (Ahmet III Çesmesi). Datada de 1728, é a fonte mais bonita da cidade. Atualmente não se serve mais água como antigamente, mas sim sorvetes e águas aromatizadas em algumas épocas do ano. Fica diante do portão central do palácio, esquina Babihümayun Cad. com Ishak Pasa Cad.

Fonte de Ahmet III.
Detalhe das inscrições.
Os ornamentos das janelas.
Detalhes do telhado. À direita, uma das torres da Santa Sofia.
Fonte de Ahmet III.

Ali mesmo, pegue a rua Sogukçesme Sokagi para  conferir um charmoso um conjunto de casas de madeira que datam do século 18.

As casas são patrimônio da cidade.
O estilo arquitetônico é completamente diferente do resto da cidade.

Aproveite também para conferir o Pátio Cafer Aga (Cafer Aga Medresesi) que fica ali na região. Construído em 1559, este pátio serviu de escola religiosa durante muitos anos. Os antigos aposentos dos alunos servem hoje como local para cafés, restaurantes e pequenas lojas. Fica na Caferiye Sok, e está aberto das 8h30 às 20h00.

Pátio Cafer Aga.

Outro lugar interessante é o Centro de Artesanato (Mehmet Efendi Medresesi), onde é possível não só comprar artesanato, mas também ver os artesãos trabalhando. Fica na Kabasakal Cad. 5 e funciona diariamente das 8h30 às 17h00.

Entrada do Centro de Artesanato.
Centro de artesanato nos arredores do Palácio.

No próximo post, mais Istambul!

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2 comentários

Angela 17 de março de 2016 at 13:14

Diogo, gostei muito dos seus relatos, são divertidos e mostram todas as atrações de cada local e seus arredores. Nota 10!!!

Responda
Diogo Ávila 17 de março de 2016 at 20:07

Angela, muito obrigado!!!
Fique à vontade para nos seguir nas redes sociais e divulgar o blog!
Espero ter ajudado.
Abraço.

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