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Big Island, a essência do Havaí

Waipi’o Valley.

Se me perguntassem qual o meu lugar favorito no Havaí, não pensaria em responder: Big Island. Ok, Oahu é linda, cheia de praias maravilhosas e atrações que literalmente fazem compensar as intermináveis horas de voo do Brasil ao arquipélago.

Confesso que até por ter uma quantidade menor de informações a respeito, tinha poucas expectativas sobre a Big Island, e talvez por isso tenha me surpreendido tanto. Mais do que uma empatia, posso dizer que fui fisgado pelos encantos da Big Island.

O motivo desta preferencia pessoal é muito simples. Eu diria que na Big Island está a essência do Havaí, com sua a cultura local mais bem preservada, e principalmente uma natureza pura e bruta.

Não sei se foi força dos vulcões (ativos e inativos) que trazem à tona as forças mais brutas da terra; a beleza do mar; a vegetação intocada; ou ainda o seu céu absurdamente estrelado, a ilha parece ter uma energia toda especial.

Tem como não se apaixonar por um lugar onde os dias terminam assim?
Pelas ruas, as flores brotam naturalmente.

Não sei o que é, mas era muito curioso.
Entardecer em Kona.

A ilha em quase nada se assemelha à famosa Oahu. Na Big Island não espere encontrar shoppings, lojas chiques e coisas do tipo.

Isto não significa que falte infraestrutura não. A ilha conta com hotéis de ponta, excelentes estradas, bons restaurantes, e muita, mas muita coisa para fazer. O que quero deixar claro é que na Big Island as atrações são mais ligadas à natureza e não existem grandes cidades.

Rodando pela ilha você notará que existem duas cidades mais bem estruturadas: Kona (ou Kailua-Kona) e Hilo, que fica no lado leste da ilha. As demais cidades são tão pequenas que mais parecem (simpáticos) vilarejos à beira da estrada.

Quando você for procurar tanto voos regionais – de uma ilha para a outra – e também de/para o continente, considere que tanto Hilo quanto Kona têm aeroportos que servem tais rotas.

Nós optamos por chegar e sair por Kona, pelo Kona International Airport at Keahole (KOA), pois esta seria a nossa base para exploração da ilha. O aeroporto é de uma simplicidade incrível, custei até a acreditar que estava mesmo nos EUA, ainda mais em um aeroporto internacional.

O aeroporto é “tudo” isso.
Sala de embarque com ar-condicionado made in brisa.
Check-in.
E o portão de embarque mais diferente que já vi.

Ele é todo aberto e composto por pequenas construções interligadas. Ar-condicionado? Duty-free? Que nada! Mas quer saber, para o que ele se presta, ele combina perfeitamente com o ar mais típico e rústico da ilha. Confesso que dos pequenos aeroportos pelos quais já passei, foi o que mais gostei, me lembrando muito o Hamilton Island.

Uma curiosidade a respeito deste aeroporto é que ali existe um pequeno museu em homenagem a um astronauta havaiano, Ellison S Onizuka, que faleceu no acidente da Challenger em 1986.

Dali para o seu hotel? Só táxi, transfer já contratado, ou melhor ainda, um carro alugado que será essencial ao seu deslocamento pela ilha, já que transporte público é praticamente inexistente.

Reservei um sedan tamanho médio e a Alamo me deu de brinde um  SUV gigantesco.
Se você achar uma locadora de motos, esta deve ser uma boa forma de explorar a ilha. Pergunte ao bichano ai!
As estradas são excelentes.

E um erro que muita gente comete ao marcar uma viagem para o Havaí é pensar que vai conseguir com alguns poucos dias explorar todas as ilhas, ou a maior parte delas. Nós mesmos quase caímos nesta tentação, se não fossemos salvos pela Lucia Malla, que mora no arquipélago e é especialista em Havaí. Ao menos que você tenha umas 3 semanas, sugiro eleger no máximo 2 ilhas para passear com mais calma.

Nem sequer a Big Island dá para conhecer inteira em 2 ou 3 dias. Duvida? Olhe aí o tamanho: 150km de comprimento e 122km de largura; e só para dar a volta nela são uns 450km por estradas sinuosas.

Mas não desanime não, mesmo que você tenha alguns poucos dias, dá sim para dar uma esticadinha de Oahu para a Big Island, nem que seja para ver o principal, pois a ilha tem atrações bem diferentes das demais.

A Big Island não só é a maior e mais rústica ilha do arquipélago, como também a mais jovem Havaí. Tão jovem que está em constante processo de formação, graças à lava que é constantemente expelida pelo vulcão Kilauea. A lava expelida por este que é um dos vulcões mais ativos do mundo ao solidificar-se literalmente cria novas porções de terra.

Uma maquete da ilha dá a noção de que ela é praticamente um aglomerado de vulcões.
A faixa negra é lava que vai se solidificando ao encontrar o mar.
E depois de muitos anos é coberta pela vegetação.

Como adiantei acima, na Big Island a grande atração é curtir a natureza: vales, vulcões (ativos e inativos), e praias (muito menos lotadas que em Oahu) são a grande atração.

A geografia da ilha é uma coisa tão incrível que segundo especialistas, ali existem 8 zonas climáticas diferentes. É comum você olhar para o Mauna Kea, que é o maior vulcão da ilha e estar tudo nublado, e virar para o mar e encontrar o céu azul. As nuvens literalmente param nele.

De florestas úmidas no sul.
A “campos” de lava no leste/norte da ilha.

Esta diversidade possibilita passar de uma floresta tropical na costa para o alto de montanhas nas quais no inverno pode-se até mesmo ver neve; sem falar nas incontáveis praias – tem praia de tudo quanto é tipo!

A Big Island é a terra natal do Rei Kamehamela, sim, aquele que unificou o reino do Havaí num só entre 1785 e 1810.

No mundo dos esportes, a Big Island é famosa pelo fato de que ali acontece anualmente um dos eventos esportivos mais famosos do Havaí. Como o próprio nome diz trata-se de uma prova para quem é de ferro. O Iron Man, a mais famosa prova de triátlon do mundo! Todo mês de outubro, os atletas percorrem 4 km de natação no mar, 180km de bicicleta, e ufa, finalmente 42km de corrida. Tudo isto para ser feito em aproximadamente 17 horas. Moleza #sqn!!!

Terra de grandes (insanos!) desafios esportivos.

Onde ficar na Big Island? Olhando o mapa, achei que Kona teria uma posição melhor em relação às principais atrações da cidade em relação à Hilo. Assim optei pelo Courtyard King Kamehameha’s Kona Beach Hotel (Marriott), um excelente hotel em Kona cujo review completo vocês conferem em breve aqui.

Hospedagem? Sugiro o Courtyard King Kamehameha da rede Marriott.

Com aproximadamente 12 mil habitantes Kona é uma excelente base de exploração para a Big Island, pois bastante tem uma boa quantidade de lojas, bares e restaurantes (tanto locais quanto de redes conhecidas).

Por mais que Kona tenha um certo charme, no quesito atrações turísticas, sem demérito algum, ela fica devendo para o contexto geral da ilha. As praias da cidade são praticamente inexistentes, e as poucas que existem estão dentro de hotéis.

Kona tem uma cara de cidade bem turística mesmo.
Aproveite para caminhar pela Ali`i Dr., a rua principal da cidade que fica beira mar.
Hulihee Palace.

Mesmo utilizando a cidade apenas como uma confortável e conveniente base de exploração, não deixe de caminhar pela Ali’i Dr. que fica à beira mar e concentra a maior para do comércio da cidade.

Aproveite para visitar a Moku’aikaua Church, uma igreja erguida com pedras de lava em 1836 que é tida como a primeira igreja do Havaí. Fica na 75-5713 Alii Drive e abre diariamente das 7h30 às 17h30.

Moku’aikaua Church.
O interior é super simples e lindo.

No centro da cidade existem alguns pequenos shoppings, o Kona Cost Shopping Center e o King Kamehameha Mall na região mais central e à beira mar o Kona Inn Shopping Village.

Kona Inn Shopping Village.

Assim como em Oahu, Kona também tem o seu Farmers Market, o Keaulou Farmers Market (78-6831 Ali’i Dr aos sábados das 8h00 às 12h00) com muitos produtos cultivados na ilha. Outro mercado no mesmo estilo é o Kona International Market é um mercadão que vende um pouco de tudo. Fica na Luhia St. 74-5533 e funcionadas 9h00 às 17h00.

Aliás a Big Island é conhecida por seu famoso Kona Coffee. Trata-se de um café de alta qualidade em função do clima local e também do solo vulcânico. São mais de 600 fazendas plantando café pela ilha! Minha sugestão para tanto é o Donkey Balls, da qual tratamos no post anterior sobre o que comer no Havaí.

Donkey Balls é uma boa opção para um café e doces.

O café é bem suave, mas o preço… Como ele tem uma produção bem menor que os demais, o preço é consideravelmente mais alto. Nos supermercados, vocês encontram cafés de 10% a 100% Kona.

Para souvenires, vá ao Kailena Village Farmers Market (na Ali’i Dr com a Hualalai Road) é um excelente lugar para comprar souvenires, especialmente aqueles colares de flores, lei.

Kona tem uma boa variedade de supermercados conhecidos, como um excelente Wallmart (75-1015 Henry Street, Kailua-Kona); um Kmart (74-5465 Kamakaeha Avenue, Kailua-Kona) e um Target (74-5455 Makala Boulevard, Kailua-Kona) – ou seja, não vai faltar nada. Apenas um detalhe, o Wallmart da Big Island não fornece sacolas por questões ambientais, leve as suas!

Fora os supermercados, tem sempre uma ABC Store por perto.

Come-se muito bem por ali também. Desde redes famosas como Outback Steakhouse (5809 Alii Drive, Kailua-Kona) e Bubba Gump Shrimp Co. (75-5776 Alii Drive, Kailua-Kona), até itens mais tradicionais. Como já disse antes, a minha sugestão é o excelente Da Poke Shack.

Poke no Da Poke Shack, não perca!

Fora isso ainda dá para curtir um shave ice no Scandinavian Shave Ice (75 5699 Alii Dr).

As principais atrações do lado da Big Island em que está Kona são as praias. E que praias! 

Resolvi listar as praias da costa oeste, de forma que fique mais conveniente a exploração dos arredores.

Vide o mapa.

Com água azul turquesa, palmeiras e areia branca, como o próprio nome diz, White (Magic) Sands Beach é uma das praias que melhor representa aquele ideal de praia paradisíaca.

White Magic (no) Sands Beach! 🙂
Praticamente sem areia, sobrou apenas uma faixa minúscula.
E com tantas pedras nem dava para curtir um banho de mar.

O nome areias mágicas vem do fato de que é relativamente comum no inverno que a maré literalmente leve embora muita da areia da praia, deixando o recife ali existente aparente. Foi exatamente o que vimos durante a nossa viagem para a Big Island.

A costa oeste da Big Island é definitivamente o melhor lugar para apreciar um pôr-do-sol, e a White Sands Beach um dos melhores pontos para passar o fim de tarde.

Um dos lugares que mais curti em termos de praia na Big Island nem poderia ser chamado de praia propriamente dito. Na mesma costa leste que está Kona fica um lugar conhecido como Two-Step (Honaunau).

De um lado há uma prainha super tranquila e perfeita para crianças.
E de outro Two Steps propriamente dita. Não se deixe intimidar pelas pedras.
Ou melhor, pela lava.
Porque é justamente esta formação que ajuda você a entrar e sair da água com facilidade. Quase uma escadinha.

Ali, a partir de uma formação de pedras é possível entrar na água e curtir um dos melhores pontos para snorkel da ilha. Aliás, o nome deste ponto vem do fato de que as profundidades são de 10 e 25 pés. Não se deixe intimidar, entrar na água ali é super fácil.

Muitos peixes e corais.
Two Steps.

Se você quiser curtir uma praia ali, ao lado existe uma pequena enseada bem tranquila – perfeita para crianças – e uma faixa razoável de areia.

Mauna Kea BeachMau’umae Beach são duas praias vizinhas de águas cristalinas e areias brancas. Se tiver que escolher entre uma delas, fique com a Mau’umae que além de ser um excelente ponto para snorkel, tem uma excelente sombra natural provida pelas árvores nativas da ilha.

Mau’umae Beach.
Águas tranquilas.

Algumas outras sugestões são Hapuna Beach que é um excelente ponto para snorkel.

Perto do aeroporto de Kona fica a Makalawena Beach, que é tida como uma das mais belas da ilha, com arreia branca e mar azul, e ainda por cima não costuma lotar. O lado ruim disto é que para chegar lá não é tão fácil. Você precisa estacionar o carro na praia vizinha Malai’ula e escolher entre uma das duas trilhas que levam à praia, uma delas é mais curta, mas mais difícil e a outra, embora tenha uma milha, é bem mais fácil. Só recomendam usar sapatos adequados, nada de chinelos.

Ho’okena Beach Park é uma boa praia para nadar no verão ou no inverno, surfar pois ela conta com uma boa infraestrutura – banheiros, chuveiros e mesas para piquenique. Ainda no inverno, é um bom lugar para observar baleias e golfinhos.

Se você estiver na Big island entre janeiro e março, fique de olho no mar pois nesta época do ano as águas do arquipélago são tomadas por visitantes muito especiais, e grandes! É neste período que as baleias jubarte, aqui chamadas de Humpback Whale migram para se alimentar, acasalar e dar a luz.

Nestas águas é relativamente comum encontrar baleias.
Mas assim pertinho, só vimos uma simpática tartaruga na praia do hotel .

Embora o principal ponto do Havaí para avistá-las seja Mauí, em praticamente todas as ilhas é  possível avistá-las. Na Big Island, elas se concentram na costa oeste que é mais abrigada das ondas.

Aproveite, pois não é todo dia que se vê uma destas por ai.

Saindo um pouco do roteiro de praias, sugiro que você faça o passeio para conhecer o outro lado da ilha.

Distante aproximadamente 2h30 de Kona está Hilo que tem mais “cara de cidade”. Atrações por ali? A cidade tem um certo charme, mas em termos de atrações não se compara aos arredores de Kona.

Hilo mais parece uma daquelas típicas cidades do interior dos EUA.
Reparem na charmosa fachada do edifício.

Uma curiosidade é que Hilo foi atingida em duas oportunidades (1946 e 1960) por tsunamis e devastada – aliás uma vez por mês, no primeiro dia do mês em alguns lugares é feita uma simulação de emergência para evacuação em caso de tsunami.

Um pouco acima de Hilo está um dos lugares com uma das paisagens mais marcantes que vimos no Havaí, o Waipi’o Valley.

Waiipi’o Valley.
Lá embaixo uma praia quase inacessível.

E do paredão ainda brotam algumas cachoeiras.

Trata-se de um enorme vale verde que mais parece cenário de Lost ou Jurassic Park. O lugar é lindo, não é à toa que é uma das atrações mais visitadas da Big Island.

Para quem quiser apreciar uma das vistas mais conhecidas do Havaí, basta seguir a Hwy 240 até o fim. Ela termina no Waipi’o Valley Lookout, com direito à estacionamento gratuito e tudo.

Ainda nos arredores de Hilo está uma das principais cachoeiras da Big Island, a Rainbow Falls. Ao amanhecer com o sol mais baixo, é comum avistar arco-íris na cachoeira que mede 24m. Fica a 1,5 milha do centro de Hilo.

Se o mar não é a sua praia, que tal tentar o céu? 

No apagar das luzes surge algo que aposto que muitos visitantes deixam de apreciar no Havaí… O céu estrelado.

Não é montagem não! Depois de 30 segundos de obturador aberto da máquina, eis o resultado daquilo que só os olhos viam! 
Uma noite na praia privativa do Marriot de Kona.

O céu do Havaí está para os astrônomos assim como o mar de lá está para os surfistas. Talvez por conta do seu isolamento, é um dos melhores lugares do mundo para apreciar um céu cravejado de estrelas. Numa noite de céu limpo, procure um lugar com pouca iluminação e curta o visual.

E o melhor lugar para apreciar este espetáculo é o Mauna Kea que fica entre Hilo e Kona.

Trata-se de um vulcão extinto a mais de 4.500 anos atrás e que é o ponto mais alto da terra se considerarmos o leito oceânico, pois ele tem 5.898m abaixo da superfície e 4.205m acima dela, totalizando 10.203m. Lá você pode nem notar esta altitude toda, pois a subida é bem suave.

O Mauna Kea é tão grande que não cabe na foto.
Na verdade, ele é tão irregular que você sobe um tanto e desce outro sem nem sequer sair dele.
Chega um ponto que não dá mais para ir sem um 4×4.
O topo parece ali, mas é longe pacas.

Pela sua posição privilegiada, o vulcão é o melhor lugar do arquipélago para estudos de astronomia. Mas como é um lugar tido como sagrado pelos havaianos (seria a casa dos deuses), os cientistas enfrentaram e ainda enfrentam uma grande resistência à instalação dos telescópios lá.

Atualmente são 13 telescópios de 10 países diferentes. Um dos mais importantes é o da NASA, o NASA Infrared Telescope Facility. Dizem que é o lugar com a maior concentração de telescópios do mundo. As condições de claridade que permitem apreciar nada menos que 90% do céu.

Mas nem só de olhar para o céu vivem os astrônomos e afins. Na Big Island eles testaram no passado vários equipamentos que foram utilizados no programa Apolo que levou o homem à Lua. E mais, atualmente no vulcão Mauna Loa, eles estão realizando um daqueles experimentos de isolamento (vulgo teste de loucura!) objetivando uma missão para Marte.

Olhando o terreno onde eles estão realizando o projeto Hi-SEAS, rochoso e árido, de fato ele deve parecer mesmo com Marte. No alto do vulcão Mauna Loa eles construíram algo como um enorme iglu com aquilo que seria uma pretensa estação em Marte.

Na Mauna Kea Visitor Information Station, além de muita informação não só sobre o vulcão, mas principalmente os telescópios, eles oferecem durante à noite, programas gratuitos para a observação das estrelas (stargazing) das 18h00 às 22h00. Subir o Mauna Kea para apreciar um entardecer e apreciar as estrelas é um dos programas mais procurados da Big Island. Só não esqueça de levar um agasalho, pois mesmo no verão faz frio lá em cima.

Tem muito material explicativo dentro do centro de visitantes.
E do lado de fora, no final da tarde, eles começam a montar  telescópios.
Não conseguimos ficar para curtir a noite estrelada, mas deu para curtir um belo pôr do Sol.
Pôr do Sol acima das nuvens (e sem estar num avião), nunca tinha visto.
Pôr do Sol no Mauna Kea.

Aliás, uma curiosidade sobre a Big Island. Algo interessante que notamos na nossa primeira noite na ilha foi o fato de que toda a iluminação de rua é amarela. É meio estranho e leva um tempo para você se acostumar. Segundo um atendente do supermercado há uma excelente explicação para isto: se as luzes forem daquelas brancas normais, iriam atrapalhar e muito os vários telescópios que existem lá.

Luzes amarelas por todos os lados.

Um passeio que infelizmente não tive como fazer é o voo de helicóptero. São várias empresas que atuam na ilha, e uma das mais conceituadas é Blue Hawaiian Helicopters. Desde a nossa experiência no Grand Canyon, fantástica por sinal, vinha buscando uma oportunidade para repetir a dose, mas fica para a próxima.

O voo de helicóptero ficou para a próxima.

Eles operam nas quatro principais ilhas do Havaí: Oahu, Maui, Kauai e na Big Island, onde passeamos com eles. 

Do oeste para o sul da ilha. Uma das coisas mais impressionantes no Havaí é ter a prova de que a terra está em formação por aquelas bandas. Por mais absurda que tal afirmação possa parecer ser, ela faz todo sentido ao visitar o Hawaii Volcanoes National Park. Ali, a lava que sai do vulcão literalmente dá origem a novas porções de terra na Big Island.

A grande estrela do parque é o Kīlauea. Formalmente em erupção desde 1983, trata-se de um dos vulcões mais famosos e ativos do mundo – a mais recente erupção ocorreu em 5 de agosto de 2011. Só esta última grande erupção de expeliu 3.5km³ de lava e cobriu uma superfície de 123,2 km2. Bem, não é à toa que seu nome, traduzido da língua local, acreditem vocês ou não, significa “espalhando muito vômito” – duvida? Dê um Google ai…

A cratera do Kilauea. E sim, aquilo é vapor saindo dele.
Algumas fotos históricas no mirante.
E a borda vista de perto.

Este esparramo todo já consumiu estradas, casas, praias e até cidades que existiam no sul da ilha.

Apesar da primeira erupção documentada datar de 1823, os estudiosos apontam que a lava mais antiga ainda exposta já data de algo por volta de 2.800 ano atrás.

O Kilauea é apenas um dos cinco vulcões que existem na Big Island. Bad place to be? Que nada, se de um lado o Kilauea é um dos vulcões mais ativos e portanto perigosos do mundo, ele é monitorado de tal foram que muito antes de qualquer erupção mais forte, o alerta será dado.

O Kīlauea tem mais de 1 milhão de anos e muito provavelmente, assim como outros vulcões da região começou submerso.

A caldeira do Kilauea mede 17km de diâmetro, e no passado havia uma rodovia que partia do Kilauea Visitor Center e circundava ela inteira. Mas por questões de segurança ela foi parcialmente interditada para veículos em 2008. A profundidade máxima da caldeira é de 91m.

Já pensou ver um espetáculo desse ao vivo???
Incrível como em meio a desolação a natureza se renova.
Um pedacinho de lava.

Como a cultura havaiana é cheia de lendas e mitos, dizem que o Kilauea é a casa da deusa Pele (sem acento!), a deusa do fogo.

A partir de 1840, com a construção de uma série de pousadas na região o Kilauea acabou virando atração turística e atualmente é visitado por mais de 2,6 milhões de turistas.

Além do Kilauea Visitor Center que fica perto da entrada do parque, e traz muitas informações a respeito do vulcão (não deixe de ver os curtos filmes!), vale conferir o Museu Thomas A. Jaggar com seus objetos relacionados ao vulcão, inclusive um dos vários sismógrafos que monitoram as atividades geológicas por ali.

Vista do Museu Thomas A. Jaggar.
Se até um pulo durante o sismógrafo já acusa um abalo no sistema, imagina uma erupção.

Logo atrás dele fica o Halema’uma’u Viewpoin, que situado às bordas da caldeira (ai que fria!), tem um deck de observação de onde se tem as melhores vistas da cratera.

Outro bom lugar para apreciar a cratera é o Kilauea Iki Crater Viewpoint, a dica é estacionar o carro no Kilauea Iki Overlook e caminhar a uma milha até lá. Pode parecer muito, mas é bem tranquilo o trajeto.

Andando pelo parque vocês avistarão algumas aberturas no solo por onde saem vapor. São os Vulcano Steam Vents.

Não é névoa não, é vapor vindo do vulcão.
Vulcano Steam Vent.

Mas nem só acima do solo estão as atrações do parque. Que tal percorrer um tubo de lava? Um dos melhores e maiores, da altura/largura de um ônibus, é o Thurston Lava Tube. Simplesmente impressionante. Mais parece cenário de filme de ficção científica.

Entrada do Thurson Lava Tube.
Lá dentro são uns 200m de caminhada.
O lugar é estranho, mas interessantíssimo.
Thurson Lava Tube.

Um ponto bastante popular entre os visitantes é o Holei Sea Arch, um arco de lava petrificada no mar que vem sendo constantemente escavado pela ação das ondas. Infelizmente pelo adiantado da hora não consegui visitar.

Um dos lugares mais bacanas para ver lava petrificada chama-se End of the Road, e fica no final da Craters Rd. Como o próprio nome dá a entender, este é o ponto onde literalmente a estrada foi interrompida na última grande erupção. Ali, embora o aspecto da lava possa parecer recente, não o é; e é absolutamente seguro andar pela região. Vale ao menos parar o carro para tirar umas fotos e ver de perto a paisagem que mais parece cenário de Senhor dos Anéis.

Muita gente visita o parque esperando ver lava incandescente jorrando no mar ou escorrendo pela estrada. Porém este belo espetáculo é relativamente raro e alguns podem se frustrar. Coisas da natureza. Para saber como estão as condições de lava, algo como um lava forecast, basta conferir o informe atualizado.

Já pensou estar numa canoa destas durante uma erupção???

Mas mesmo sem que você consiga ver lava em seu estado mais selvagem (e perigoso!), a visita ao parque vale muito a pena.

Ao caminhar pelo parque, fique atento às indicações dos rangers, os guardas florestais. Eles sempre indicam que lugares são seguros ou não para os turistas. Olhando assim todas as lavas, solidificadas ou parcialmente solidificadas apenas por fora parecem iguais. Já aconteceu de gente experiente pisar num lugar pensando estar duro e ser na verdade uma fina crosta. Ai já viu… nem preciso explicar, né?

O Hawaii Volcanoes National Park fica na Crater Rim Dr., abre diariamente das 9h00 às 17h00 e o ingresso custa US$ 15 por carro, ou seja, como em alguns outros parques estaduais norte-americanos, paga-se por carro e não por pessoa.

Como o clima lá varia demais, é sempre bom ter um agasalho à mão.

Separe um dia inteiro para este passeio pois a viagem a partir de Kona, e ainda mais de Hilo, é longa.

Um vídeo com a experiência na Big Island:

O post ficou big, quase do tamanho da Big Island, mas o destino merece. Se você estiver programando uma viagem para o Havaí, repito: não fique apenas em Oahu, conheça o lado mais rústico e natural do arquipélago!!!

No próximo post, ainda na Big Island, vamos cair na água com as raias manta!

 

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5 comentários

Juliana 11 de agosto de 2019 at 00:56

Excelente post!

Responda
Unknown 12 de setembro de 2017 at 22:39

Post ficou ótimo! Queria saber se choveu muito nessa época do ano, tanto em Oahu quanto na Big Island.

Responda
Diogo Ávila 12 de setembro de 2017 at 23:35

Oi, Obrigado.
Olha em Oahu não peguei nenhum dia de chuva. Já na Big Island, peguei uma tarde inteira de chuvas – lá tende a ser mais úmido. Abraço.

Responda
Lucia Azevedo 12 de agosto de 2017 at 20:54

Adorei o post! Leitura fácil, muita foto e tudo muito bem explicado. Já estou me sentindo no Havai.

Responda
Elisa de leon 22 de junho de 2016 at 00:06

Perfeito, adorei as dicas!!!

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