Image default

Vôo de balão na Capadócia

Chuva de balões???

Relógio despertou às 4 horas da matina! Saltamos da cama animados, apesar do horário nada usual para um dia de férias. Frio na barriga e uma certa ansiedade no ar. Café da manhã? Que nada, “vambora”! Hora de voar de balão na Capadócia.

Assim começou um dos dias mais esperados da viagem à Capadócia. Também, não era para menos, era o nosso primeiro vôo de balão. E para completar num dos melhores (senão o melhor) lugar do mundo para tanto. Confesso que ansiedade de viagem assim só mesmo o dia do bungy na Nova Zelândia.

Acho que até então nunca tinha visto um balão assim de perto.

A primeira coisa que vocês devem estar pensando é: por que tão cedo??? Como os balões utilizam o ar quente para subir, os vôos são todos feitos logo nas primeiras horas da manhã, justamente quando o ar é mais frio e consequentemente a eficiência dos queimadores dos balões é maior.

Então, prepare-se. Durma cedo no dia anterior. Eu garanto que vocês acordarão muito animados.

Um dos balões da Göreme Hot Air Ballon levantando vôo.

Como vocês podem ver das fotos deste post, existem várias empresas que operam este passeio na região. A quantidade de balões no ar, segundo o nosso piloto, pode ser de 40 e até 50 dependendo do dia.

Aos poucos o céu vai ficando coalhado de balões.
Quiz: Quantos balões têm na foto?
Quase que precisa de uma torre de controle!

Depois de muito pesquisar, acabei escolhendo a Göreme Hot Air Ballon. Operando desde 1997, é uma das empresas mais conhecidas da região.

Eles oferecem duas opções de vôo, o Standard Tour e o Deluxe Tour. A diferença entre eles está no fato de que no primeiro o tempo de vôo é de aproximadamente 1h00 de vôo e os cestos levam entre 16 e 21 pessoas; enquanto que no segundo, você voará por 1h30 e o cesto terá entre 10 e 12 pessoas.

Cesto para 21 pessoas no ar.

O preço deste passeio varia bem pouco de uma operadora para outra. A Göreme Hot Air Ballon cobra €160 pelo Standard Tour e €230 no Deluxe Tour.

O serviço deles é muito atencioso. O nosso piloto, além de muito habilidoso como vocês podem ver nos vôos rasantes do vídeo abaixo, foi bastante atencioso quanto às perguntas dos passageiros e nas explicações de praxe. Recomendo.

Um detalhe interessante é que, por sorte, pagamos o Standard Tour, mas na hora do vôo, tínhamos apenas 9 passageiros mais o piloto no cesto, o que possibilitou uma melhor vista.

É verdade que olhando o tamanho do cesto para 21 pessoas, não acredito que alguém tenha dificuldade em ver a paisagem e curtir o passeio. 

Outra opção que você tem é reservar o passeio diretamente com o seu hotel. Antes mesmo de viajar, recomendo que você veja com qual empresa eles trabalham e quais as condições. De repente existe algum desconto se reservado junto ao hotel.

Vocês podem estar questionando para onde o balão voa. Sabe aquela coisa de “ao sabor dos ventos”? Apesar do piloto ter a possibilidade de alterar a direção do vôo buscando correntes de ar em diferentes altitudes, as manobras são lentas e restritas, fazendo com que o balão voe para onde os ventos o levarem.

Estas “abas” no interior do balão permitem que ele gire ao redor do seu eixo.
Velocidade? Você vai mais é querer ir bem devagar para curtir o passeio. 
Detalhe dos queimadores e controles que regulando a pressão do gás fazem o balão subir e descer.

Um detalhe que eu simplesmente desconhecia é o fato de que o balão é capaz de girar no seu próprio eixo, algo excelente pois possibilita que todos apreciem a vista.

Embora cada empresa tenha um esquema próprio, eles são muito semelhantes, então acredito que o relato aqui seja aplicável a várias delas.

Eles pegam os passageiros no hotel ainda na madrugada e vão a uma localidade nos arredores de Göreme, onde é servido um café da manhã enquanto os balões são preparados.

Enquanto o sol nasce na Capadócia…
O café-da-manhã é servido.

A preparação dos balões é algo bastante interessante. Existe todo um ritual de desembrulhar o balão e enchê-lo. Como assim enchê-lo??? Sim, eles precisam ser cheios ar quente, e isto é feito com “ventiladores” potentes. 

Quando o balão está praticamente cheio, o ar é esquentado com os próprios queimadores que são acionados pelo piloto. Posteriormente ele faz uma inspeção para verificar a segurança.

Acredite ou não, o balão chega assim embrulhado.
No detalhe, um cesto para 21 pessoas é posicionado.
Os passageiros são separados conforme o “matrícula” do balão. Te dão um crachá com este número.
O balão é literalmente esticado
E eles iniciam o procedimento de abertura do balão.
O piloto faz uma verificação de segurança…
Liga os queimadores.
Ao ser colocado na posição de decolar, ele já começa a querer subir.
Segura ai galera!!!

Bem, acho que o vídeo abaixo explica melhor o procedimento.

Posteriormente o piloto assume o posto de comando no cesto e coloca todo o conjunto na posição vertical para embarque dos passageiros.

E lá vamos nós! 

Olha onde este sujeito subiu para tirar fotos!?!?
Nascer do sol na Capadócia.
Vilarejos e ruínas de antigas vilas.
Algumas chaminés.
O relevo não se parece com nada que eu já tenha visto.
Aqui dá para notar claramente o desgaste da rocha por conta da força do vento.
Diante do campo onde decolamos, um enorme paredão.
Como colorir o céu.
Não, aquelas rochas não foram colocadas lá! É fruto do desgaste do vento na porção menos rígida.
Balões por todos os lados.
Outra antiga vila.

Quem quiser, assista o vídeo abaixo que tem um resumo do vôo, com direito a rasantes e descidas nos vales.

Algumas curiosidades a respeito de balonismo.

Os primeiros “passageiros” de um vôo foram uma ovelha, um pato e um galo, que em 19 de setembro de 1783 foram colocados a bordo de um balão feito de tecido e papel pelos irmãos Montgolfier, Jaçques Etienne e Joseph Michel.

Uma vez devidamente testado o sistema por meio destes três valentes “tripulantes”, finalmente os irmãos Montgolfier resolveram fazer o primeiro vôo propriamente dito. 

Isto aconteceu em Paris, naquele mesmo ano, mais precisamente em 21 de novembro, num vôo de 22 minutos que percorreu 9km e atingiu a altura máxima de 150m.

Partimos de aproximadamente 1100m.
E depois de muito fogo na boca do balão,
Chegamos à marca de 2.065m.
É… olhar para baixo pode não ser tão agrádavel
Quanto olhar para a paisagem no horizonte.
Dá para notar claramente as exóticas formações rochosas.
Às vezes parece tão alto que a vista mais parece de avião.
A 2.065m de altura.

No final, eles celebraram o feito com champanhe, o que deu origem à tradição de brindar após
os vôos. 
Muitos devem estar pensando se é seguro. Bom tudo na vida tem risco, certo? O que varia é o grau deste que é inversamente proporcional aos cuidados que se tem.

Se serve de consolo, saiba que para ser piloto de balão existem vários requisitos e o treinamento é muito rigoroso.

Portanto, quando for escolher a empresa, faça uma pesquisa a respeito dela. Visite o site. Veja os sempre úteis reviews do TripAdvisor – se as pesquisas de o hotel são importantes, o que dirá esta que está diretamente ligada à sua segurança…

Medo? Medo mesmo não. Os movimentos do balão são extremamente suaves. Talvez a melhor descrição que eu possa dar é a sensação de que você está parado e o mundo está girando (não, eu não estava bêbado!).

É verdade, a impressão que se tem é que o balão está ali parado e tudo gira e vem ao seu encontro. Algo realmente único!

Tirando “fina” de uma das “Chaminés das Fadas”.
Os pilotos praticamente encaixam os balões nos vales.
Mas nada que assuste não. Você fica mais preocupado em não perder a paisagem.
Não esqueça a sua máquina fotográfica!!!

O único momento em que de fato deu um certo receio foi quando o balão subiu a uns 2.000m acima do nível do mar, o que para a região seria uns 1.000m acima do solo, em média.

Ai, você dá uma de Mané e resolve olhar para baixo e se pergunta: O que mesmo eu estou fazendo aqui??? Relaxa. Respira fundo e olhe ao longe, é como estar em um avião, parado no ar, só que do lado de fora. Simples assim. Mas e ai, como pousa??? Não vou mentir para vocês, o pouso – apesar da habilidade do piloto – não tão foi tranquilo quanto o vôo em si.

O piloto fica o tempo todo em contato com a equipe de solo para resgatar o balão e os passageiros.
Ver do alto aquelas linhas de transmissão não pareceu nada bacana…
Mas logo mais à diante campo aberto para pouso.

Pouco antes da decolagem ele nos explicou, dentre outras tantas instruções e recomendações, que poderia acontecer um hard landing, para bom entendedor: um pouso forçado.

Dito e feito. Já no final do passeio o piloto começa a conversar com a equipe de solo que faz o resgate (no bom sentido) do balão e dos passageiros – o piloto vai dando a descrição do local e a equipe de solo acompanha com uma caminhonete para o balão e uma van para os passageiros.

Após encontrar um grande campo vazio, o piloto inicia os procedimentos de descida com a abertura das saídas de ar para que o ar frio adentre ao balão, fazendo-o descer lentamente.

Entretanto, ao se aproximar do solo – eu diria que a uns 20m de altura – o piloto solicitou que todos tomassem a posição de hard landing – joelhos dobrados, tronco flexionado e cabeça entre os braços.

Um leve suspense e ansiedade no ar. 

Ops, um leve solavanco ao tocar o solo. A cesta tomba de lado. O piloto pergunta se está todo mundo ok, e vamos saindo aos poucos rindo do acontecido. 

Viu? Super tranquilo, graças aos procedimentos de segurança e habilidade do piloto.

Depois é só brindar com champanhe, receber o seu certificado (sim, eles dão um!!!) e posar para as fotos. Missão cumprida!

Todos salvos, balão no chão
“Dragão” sem fogo…
É hora da equipe de resgate trazer a champanhe.
É podia ter sido com sabre como diria a Sra. Cumbicona!
Şerefe! ou Saúde como diríamos!
E certificado na mão!

Algumas dicas importantes… Ainda que no verão, é recomendável levar ao menos um agasalho leve por conta não só do frio da manhã, mas também pelo fato de que você estará exposto ao vento frio a partir de certa altitude.

Ah, e é claro, em hipótese alguma esqueça a sua máquina fotográfica!

Considerando que o passeio termina por volta das 7h00, você terá o dia inteiro ainda para outras atividades. É verdade que depois do passeio de balão tudo pode parecer “menos interessante”, mas ao menos você estará literalmente extasiado!

Como eu definiria um vôo de balão na Capadócia? Sabe uma daquelas coisas para fazer antes de morrer? Acho que esta é a melhor definição.

Um belo começo de dia na Capadócia.

 

Booking.com
Posts relacionados
Como se locomover em Paris com transporte público
Diogo Avila
Paris num roteiro para todos os gostos
Diogo Avila
Cebu, uma maravilhosa primeira impressão das Filipinas
Diogo Avila

Deixe um comentário