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Onde comer e um pouco da culinária da Suíça

Se você está com uma viagem programada para a Suíça, tenho uma ótima notícia: comer lá é parte da viagem, e uma delícia, principalmente se você, como eu ama a dobradinha queijo e chocolate.

Eu adotaria fácil esta dieta alpina!!!

Ainda que naquela época eu não tivesse a menor pretensão de visitar o país, o meu primeiro contato com a cultura suíça deu-se ainda quando criança. Lembro como se fosse hoje, bastava bater um friozinho mais forte que a minha mãe descia do alto do armário a panela de fondue.

Era o sinal para um jantar diferente e a oportunidade para eu me empanturrar de queijo. Aliás se um dia precisar culpar alguém pelo meu vício em queijo, já sei para quem apontar!

Se você é viciado em queijo e chocolate como eu, a Suíça lhe reservará saborosas surpresas.

Desde os conhecidos Emmental, produzido no vale Emme, até o Gruyère, a Suíça tem mais de 450 diferentes tipos de queijo (acho que eu poderia viver fácil lá!). É verdade que muitos deles só estão disponíveis em determinadas regiões do país, ou em certas épocas do ano, pois além da variação no processo produtivo, os suíços ainda conseguem extrair queijos distintos conforme as condições climáticas e o tipo de pastagem.

Tem até queijo com nozes.

Diante da oportunidade de experimentar tantos tipos de queijo, é importante conhecer o termo em outras línguas, afinal, estamos falando de um país com quatro idiomas. Anote aí: fromage (em francês); käse (em alemão); e fromaggio (em italiano) – fico devendo o romanche, quem souber me conta.

Os queijos mais famosos são os alpinos, e para que um determinado queijo seja assim classificado, todo o processo de fabricação deve ser realizado nesta região, da pastagem das vacas à embalagem. São identificados pelo AOP (“Appelation d‘Origine protégée”).

Durante a primavera e o verão as vacas pastam livremente pelos alpes se alimentando de pasto natural e cheio de ervas, e também bebem água cristalina das geleiras derretidas. Resumindo, vaquinhas felizes fazem leite gostoso e consequentemente queijos deliciosos.

Se o queijo e o chocolate suíço são deliciosos, boa parte deve-se a elas.
Um legítimo Gruyère AOP.
Pela qualidade, o preço é justo.

O sabor do queijo varia conforme uma série de fatores, que vão desde as ervas consumidas pelas vacas na pastagem, até o tipo de lenha usada na cura, ou a forma de armazenamento do queijo. Simplificando, a coisa lá é levada tão à sério quanto o processo de uma vinícola, por exemplo.

A fabricação de queijos na região começou por volta do século XV, quando os locais descobriram no fabrico de queijo, uma forma de estocar leite para o inverno – normalmente o queijo alpino é fabricado no verão. Se fabricado em outras épocas do ano, provavelmente ele será originário dos vales, e será chamado de queijo montanhês.

Como se não bastasse o sabor, estes queijos super naturais ainda são ricos em ômega 3, com um efeito positivo no sistema cardiovascular. Acho que vou aderir à dieta alpina à base de chocolate e queijo. Será que dá certo?

Em linhas bem gerais, a fabricação tem as seguintes etapas: Coagulação: uma vez aprovado o leite, ele é aquecido até formar um coalho. Pré-cheesing: a coalhada é separada do soro. Aquecimento: a coalhada é aquecida a 57°C e agitada, enquanto um pano é levantado para funcionar como uma “peneira”. Ainda mole, o queijo é colocado num banho de solução salina, por um período que dura entre 30 minutos e até dois dias para que ganhe uma consistência mais firme.

Fábrica de queijos em Gruyère.
Queijos maturando na cava.

Mas porque alguns queijos têm aqueles típicos furos? Os furos são resultado do processo de fermentação, e da liberação do dióxido de carbono formado.

Quem quiser ver como é uma fábrica de queijos, confira o nosso post sobre o vilarejo de Gruyère.

Além dos queijos industrializados, são comuns as pequenas produções, onde o queijo é tratado como uma peça de arte. O lado ruim é que como a maioria destes queijos ainda é feita de forma artesanal, o preço tende a ser um pouco salgado.

A produção muitas vezes é celebrada em festivais regionais, como o Chästeilet que acontece no cantão de Berna onde os produtores apresentam seus queijos durante o verão e competições pelo melhor queijo acontecem. Se estiverem precisando de um jurado, estou ai!

Com tantas variedades, não é de surpreender o fato de que o prato local seja à base de… queijo! Aliás aqui vocês encontram várias receitas com queijo.

Reza a lenda que uma delas é fruto de sobras. Verdade ou mito, o fato é que fondue é o prato
suíço mais conhecido.

Lembranças de infância.
Lá eles também usam pequenas batatas.
E para fechar fondue de chocolate.

Fondue, como já dá para presumir, vem do francês, e significa derreter. Embora existam várias receitas (não me convidem para comer aqueles prontos de supermercado!); tradicionalmente ele é preparado com proporções iguais de queijos Emmental e Gruyère, derretidos numa mistura que leva ainda vinho branco, uma pequena porção de licor kirsch (particularmente dispenso), e uma pitada de nós moscada – mas a mistura de queijos varia conforme a região.

Uma vez tudo misturado e derretido, basta mergulhar seu pedaço de pão, preferencialmente aqueles de casca mais dura, como o italiano. Descobri que na Suíça eles também utilizam aquelas pequenas batatas.

Tradicionalmente é uma receita que os locais só consomem no inverno. Mas cientes de que, diante de uma panela de queijo derretido, os turistas como eu não estão nem ai para a temperatura, é possível encontrar a iguaria até mesmo no verão.

Ainda na linha de quanto mais queijo melhor (peraí que estou salivando!), outro prato típico é a raclette (raspa). O prato consiste em queijo derretido com batata, picles de pepino, cebola e mostarda.

Existe também o rösti, uma espécie de fritada à base de batata ralada, à qual pode ser adicionada queijo (só para não perder o costume!), legumes, bacon, cebola, entre outros ingredientes. É mais típico no cantão de Berna. Delicioso!!!

Rösti.

Outra variação é o älplermagronen, um gratinado de batatas, pastas, queijo, creme de leite e cebolas.

Ok, você pode até não gostar de queijo, aliás eu só conheço duas pessoas (malucas! Kkkk) que não apreciam esta delícia; mas certamente não resistirá a outro produto tipicamente suíço… Chocolate.

Na fábrica
Ou no supermercado, só tentação.

Nenhum país no mundo consegue ser sinônimo de chocolate como a Suíça. Exímios fabricantes, os suíços também são um tanto quanto gulosos, pois mais da metade do que eles produzem (e é muito!) é consumida localmente. Dados apontam que o consumo médio é de uns 11 kg por pessoa ao ano. Caramba!!! As principais marcas do mercado são Lindt, Cailler e Toblerone.

Fique atento porque eles costumam vender sabores inusitados como este com mel da Cailler.
E séries especiais como este limão com menta da Lindt.
Mas os tradicionais como o Frigor da Cailler são simplesmente maravilhosos.

A primeira fábrica de chocolates da Suíça foi erguida por François-Louis Cailler em 1819. Anos depois, ao adicionar leite à receita, Daniel Peter deu ao produto uma de suas maiores características, a cremosidade.

Quem quiser saber como é o tour pela fábrica, não deixe de ver este post que entre outras coisas mostra o passeio pela Cailler.

E se você quiser se aprofundar no assunto, deixo aqui o link da Associação dos Produtores de Chocolate da Suíça.

Chocólatra e portanto suspeito para opinar sobre o assunto, arrisco a dizer que na Suíça não existe chocolate ruim. Das mais conhecidas como Lindt e Cailler até as marcas próprias dos supermercados, todos são deliciosos.

Em qualquer vendinha de esquina, vocês encontrarão uma variedade enorme de marcas e tipos. O corredor de chocolates de um grande supermercado então… Perdição!!! E para piorar promoções do tipo leve 4 e pague 2 são comuns. Ai já é sacanagem!!!

Chocolate top.
Não pensem que as marcas próprias dos supermercados ficam lá muito atrás.

E não pensem que o preço seja ruim não. Chocolate é um dos itens mais em conta na Suíça. Só para dar uma ideia, um tablete de Lindt custa aproximadamente CHF 1,95 num supermercado qualquer. Isto dá uns R$ 7,60. Vai ver num supermercado aqui no Brasil quanto custa!!! Vejam que eu nem utilizei como base os chocolates de marcas próprias dos supermercados, que são até mais baratos.

O chocolate só fica um pouco mais caro se você partir para as lojas onde ele é vendido em pedaços, lajotas. Mas ai também a qualidade é ainda maior.

Para provar um chocolate muito top, sugiro uma visita à uma das lojas da Sprüngli como a de Zurique por exemplo. Lá além de chocolate em pedaço, muitos doces à base de chocolate e as deliciosas trufas. Ali, tudo literalmente vale o quanto pesa.

Televisão de chocólatra na Sprüngli.

Se você não está disposto a adotar a dieta do queijo e chocolate, não se preocupe, ainda existem boas opções para comer.

Considerando que a Suíça é um destino caro por excelência, uma forma de economizar nas refeições é fazer uso dos restaurantes self-services das lojas de departamento Manor e em algumas unidades dos supermercados Migros e Coop.

Migros, dois pratos de comida por uns CHF 16.
E gosto de comida de casa!!!

Formos algumas vezes nos restaurantes do Migros e da Coop e ficamos impressionados com a qualidade, variedade e principalmente o preço da comida. Baratíssimo para os padrões suíços e justo para o nosso padrão.

Na correria do dia-a-dia, para uma refeição rápida, fuja do McDonalds. Aposte nos lanches naturais, afinal não custa nada economizar umas calorias em prol do chocolate e outras delícias locais. Vocês encontram dentro das estações de trem unidades das redes Migros e Coop que vendem lanches naturais, salgados e bolos. Algumas lojas do onipresente Kiosk também vendem estes produtos – é praticamente o 7-Eleven local.

Loja Migros na estação de Zurique.
Wrap de salmão.

Outra refeição rápida muito comum são os pretzel e Bratwurst (salsicha) de clara influência alemã.

Bratwurst. Hummm

Doces? Caso você enjoe de chocolate (difícil hein???), eles ainda têm Apfelstrudel e os Basler leckerli (pães à base de mel e amêndoas).

Precisando de um supermercado? Aposte novamente nas redes Migros e Coop. Só dois detalhes: assim como muitos outros países europeus, não existe saco plástico gratuito; e os carrinhos só são liberados com moedas – devolvidas ao final das compras para quem retornar o carrinho no lugar certo.

Ah, e as frutas e legumes devem ser pesados pelo próprio consumidor junto à área da feirinha – não é como no Brasil onde eles são pesados no caixa.

Supermercado Coop em Berna.
E nos supermercados, é muito  fácil encontrar uma boa variedade de comidas para bebês.

Em alguns supermercados pode existir um sistema onde você leva um scanner e vai scanneando tudo e colocando no carrinho, ai é só ir direto para o caixa sem ter que tirar as coisas do carrinho para registrar – basta entregar o scanner que será lido e você paga a conta. Eventualmente eles podem fiscalizar se você não colocou nada no carrinho sem registrar – Swiss mode on!

Pegue seu scanner e vá às compras.
Não se esqueça de pesar os itens de feira.
Olhem quantas variedades de tomate.

Bebidas. Para quem curte, existem bons vinhos locais. Nos restaurantes, é comum servirem água da torneira (absolutamente potável) – se quiser água mineral, seja expresso. Experimente também o Kirsch um licor feito a partir de cerejas.

Se quiser experimentar algo diferente e não alcoólico, tente a Rivella, uma espécie de refrigerante feito com 35% de soro de leite e salvo engano 3 sabores diferentes. Falando assim pode parecer estranho, mas geladinha é uma delícia!!!

Rivella, gelada é uma delícia.
Existem muitas cervejas locais, como esta de Chur. E muitas vezes a cerveja custa menos que o refrigerante!

E para terminar, algo simples, mas alegrava os meus cafés da manhã na Suíça: leite. Se você acha que leite é tudo igual, está redondamente enganado.

Como vocês viram nos reviews dos hotéis da Suíça, o café da manhã suíço tende a ser farto e com uma excelente variedade de pães, queijos, geleias e etc. Mas algo que realmente me surpreendeu foi o gosto do leite. Muitos hotéis oferecem dois tipos, o chamado low fat que seria o nosso leite desnatado e o whole milk, o nosso integral.

O leite suíço merece até uma taça.
E o café da manhã sempre tem que ter queijo e cereais.
Os iogurtes também são deliciosos!!!

Já com o pé na jaca com tanto queijo e chocolate, o que são 21 dias de leite integral??? Grosso e saboroso, coloca qualquer leite Ninho no chinelo!!! Se gosta de leite, não deixe de experimentar.

Ainda no café da manhã, prove o Birchermüesli que consiste em flocos de aveia, suco de limão, leite condensado, maçãs raladas, avelãs ou amêndoas.

Enfim, além das belas paisagens na memória, inevitavelmente você voltará da Suíça com uns
quilinhos a mais!!!

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