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Macau: Um pouco de Portugal na Ásia

Macau, um pouco de Portugal na Ásia.

Já imaginou desembarcar na China e ver um monte de placas escritas no bom e velho português? Encontrar pastel de nata em pequenos restaurantes pelas ruas?

Pois é, isto não acontece todo dia. Salvo se você morar em Macau, um pequeno território que é um dos mais conhecidos bate-e-volta para quem viaja para Hong-Kong.

Confesso que é bastante estranho ver tanta gente de olhos puxadinhos e um monte de placas escritas em português literalmente lá do outro lado do mundo. 

Mas de onde vem isto?

Na arquitetura dos prédios,
No calçamento (bem familiar para nós!),
No nome das ruas,
E enfeites, tudo remete à Portugal.
Mas é só olhar um pouco mais para ser lembrado que a China é logo ali.

Lá pelo século XVI os portugueses que faziam a rota comercial entre a Japão/China e Portugal resolveram aumentar a sua dominação sobre o pequeno entreposto comercial no sul da Ásia. Estabelecendo neste território raízes cada vez mais firmes, construindo residências, igrejas e efetivamente colonizando a região.

Assim, durante nada menos que 400 anos, Macau foi uma colônia portuguesa na Ásia até que foi devolvida em 20 de dezembro de 1999, nas mesmas condições que Hong-Kong, ou seja, como uma região administrativa especial e com relativa independência.

Apesar da quantidade de placas em português e da lenda de que um tal de Luis de Camões teria ali escrito parte de um livro chamado Os Lusiadas, na população isto é praticamente inexpressivo, pois pouco menos de 94% são chineses mesmo, e do restante, só 2% são portugueses. O idioma português é falado por pouco mais de 2% da população. Predominam o chinês e o inglês. Então, não vá para Macau achando que irá ver gente falando português em qualquer esquina!

Centro de Macau poderia ser uma cidade brasileira qualquer.

Por conta da influência histórica portuguesa e dos ingredientes locais, a culinária em Macau tem uma identidade própria em relação à China e à vizinha Hong-Kong. Dizem que as esposas chinesas, para agradar seus maridos portugueses passaram a adaptar pratos portugueses segundo os ingredientes locais disponíveis.

Hoje nos restaurantes tem um pouco de tudo, dos chineses dim sum à pasteis de nata. Algo diferente servido pelas ruas de Macau é a carne de porco picada e defumada (Min Chi).

É, foi assim que ficamos depois de comer os pasteis de nata! 
Também… olha só que lindo!
E pastelaria lá não vende pastel não! Vende esta carne de porco defumada. Não gostei!.

Semelhantemente à Hong-Kong, a maior parte das pessoas adota como religião o budismo e o taoísmo. Mas outras religiões convivem em harmonia. Tanto que não é muito difícil encontrar igrejas em Macau, algumas realmente lidas.

Enquanto que Hong-Kong tem como maior foco de sua economia o setor de serviços e é um importante centro comercial, Macau destaca-se pelo turismo.

A bandeira de Macau.

Quem olha assim seu diminuto território provavelmente não entende bem a afirmação, mas a cidade é conhecida por ser um importante destino turístico para asiáticos em geral e em especial seus “compatriotas” chineses. Quando estivemos lá era um final de semana, e parecia que meia China estava lá!

Fomos num final de semana, e a cidade estava lotada.

O principal atrativo para estes turistas são os cassinos. Hoje, mesmo com uma quantidade de hotéis de luxo e cassinos inferior à Las Vegas, Macau supera acidade americana no comparativo de receita oriunda do jogo. Acreditem, Macau lucra seis vezes mais que Las Vegas.

A explicação para isto está no fato de que os grandes apostadores asiáticos, aqueles que fazem a roleta da indústria da jogatina girar de verdade de preferem a proximidade de Macau à tradição de Las Vegas. Nunca é demais lembrar que quando da instalação dos primeiros cassinos em Macau, os chineses ainda não estavam autorizados pelo governo de Beijing a viajar para outros países, o que deu à cidade uma espécie de reserva de mercado. E que mercado!

Atualmente existem mais de 30 cassinos diferentes em Macau, que normalmente funcionam 24 horas por dia e só aceitam a entrada de maiores. Ah, e diferentemente de Las Vegas, em Macau eles não permitem bermudas ou chinelos.

A zona dos cassinos é uma parte super moderna da ilha.

E não pensem que os cassinos de Macau são pouca coisa não. Estamos falando de filiais justamente de grandes cassinos de Las Vegas que aparentemente cansaram de brigar pela audiência dos apostadores asiáticos e preferiram ali instalar suas unidades.

Em Macau, espere encontrar nomes conhecidos como Wynn, MGM, Sands, Hard Rock, Galaxy, e até mesmo um Venetian com direito às lojas do shopping Shoppes como em Las Vegas. Ou seja, em termos de cassino, Macau nada fica devendo para Las Vegas, exceto é claro pela quantidade de shows e etc.

Sands é só um dos muitos nomes conhecidos. 
Complexo MGM.
O chiquérrimo Wynn.
E o Venetian completam alguns dos mais famosos.

Com pouco mais de 640 mil habitantes, Macau tem um território muito pequeno. São só 28,6 km² divididos em três áreas: a Península de Macau e suas duas ilhas, Taipa e Coloane.

Layout de Macau.

Como Macau fica a apenas 60km de Hong-Kong, é um excelente bate-e-volta para fazer-se. Claro que se você tiver mais tempo disponível, dá para gastar uns dois dias por lá.

Semelhantemente à Hong-Kong, brasileiros não precisam solicitar visto de turismo para visitar Macau.

Não esqueça seu passaporte.

E também semelhantemente à Hong-Kong, Macau também tem uma moeda própria, a pataca, cujo câmbio é indexado ao dólar de Hong-Kong na relação de pouco menos de 1:1. As moedas vêm em 10, 20 e 50 centavos; 1, 2, 5 e 10 Patacas, enquanto que as notas são de 10, 20, 50, 100, 500 e 1000 Patacas.

Seja no terminal marítimo ou no Largo do Senado, não deixe de passar no Posto de Informações Turísticas.

Como sempre gosto de dar uma passada no posto de informações turísticas, o de Macau, administrado pelo completão Macau Government Tourist Office tem os seguintes endereços:

·Largo do Senado, Edif. Ritz. Horário: 09:00-18:00 

·Terminal Marítimo. Horário: 09:00-22:00

·Portas do Cerco. Horário: 09:15-13:00, 14:30-18:00

·Aeroporto Internacional de Macau. Horário: 09:00-13:30, 14:15-19:30, 20:15-22:00

O oferece inclusive um app para smartphones com itinerários. Vale conferir.

Mas o que tem para ver em Macau?

Particularmente acho que o melhor programa em Macau é caminhar pelas ruas e curtir um pouco do estranho contraste entre a cultura portuguesa tão presente na arquitetura e os hábitos chineses. A sensação de deslocamento é enorme. Se de um lado você se sente acolhido pelas placas em português e pela arquitetura familiar, é só olhar um pouco mais para lembrar o quanto você está longe de casa.

A maioria das atrações, especialmente as mais históricas, estão situadas no centro da cidade, o qual fica na região conhecida como península. A área é tão bela que é foi tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico da Humanidade.

No centro de tudo isso está o Largo do Senado uma praça com um calçamento bem familiar para nós brasileiros pois poderia ser o centro antigo de qualquer cidade brasileira.

Por ali, uma das mais importantes atrações do centro histórico: as Ruínas da Catedral de São Paulo. Construída em 1602 e destruída por um incêndio em 1835 é o mais famoso símbolo de Macau mesmo que apenas a fachada sul da igreja tenha restado.

Vale conferir, a visão daquela fachada “perdida” em meio ao vazio é intrigante.

A vista de cima da escadaria.
E a fachada da igreja de São Paulo.

Por ali, duas ruas de comércio bem interessantes e cheias de lojinhas e restaurantes: Rua dos Ervanários Rua de Nossa Senhora do Amparo.

Contrastando com as Ruínas de São Paulo está o Na Tcha Temple (Rua de São Paulo), um dos mais típicos templos chineses de Macau. Outro templo bem famoso em Macau é o A-Ma Temple (Rue de São Tiago da Barra, das 7h00 às 18h00) que é dedicado ao deus do mar.

Também no centro de Macau, vale conferir a região da Lazarus St. com suas casas históricas que atualmente abrigam lojas e galerias.

Uma das ruas mais típicas de Macau é a Rua do Cunha. Cheia de lojas e restaurantes típicos, um excelente lugar para provar um “legítimo” pastel de Belém ou de nata português. Vale ainda provar uma iguaria local conhecida como bakkwa ou “rougan”, que é uma espécie de carne que pode ser de vaca, porco ou carneiro curada com açúcar, sal, molho de soja e especiarias e depois seca e grelhada – praticamente um jerked beef ou carne seca para nós.

No centro de Macau, não deixe de conferir a Casa de Lou Kau. Construída em 1890, a casa deste importante comerciante chinês é belo exemplo da arquitetura da época e uma oportunidade de ver como as pessoas viviam naquele período. Entrada gratuita. 

Casa de Lou Kau.
Não consegui entender a disposição dos cômodos e suas funções, mas os detalhes da casa são demais.

Um dos templos mais famosos e antigos de Macau é o Kun Iam Temple (Avenida do Coronel Mesquita; diariamente das 10h00 às 18h00), e é dedicado à divindade da misericórdia (Kun Iam).

Confira também a Catedral de Macau, uma bela igreja situada no Largo da Sé.

Catedral de Macau.
Interior da catedral.

Contrastando com o centro histórico de Macau está a Torre de Macau. A moderna torre foi um dos primeiros marcos arquitetônicos desta Macau moderna e tão intimamente ligada aos jogos e à hotelaria.

A Torre de Macau é um marco da cidade. Com 338m – a 22ª mais alta do mundo – oferece, dependo das condições climáticas, vistas panorâmicas de toda a região. Para subir ao observatório, são MOP 135. 

Torre de Macau.

No topo da torre, a mais famosa empresa de bungy jump, a AJ Hackett operam saltos e outras atividades para quem busca adrenalina. Se vocês não se lembram desta empresa, já mostramos aqui no blog a nossa excelente experiência com eles na Nova Zelândia – os caras “só” criaram o bungy jump!!!

Em quiser encarrar, é atualmente o mais alto bungy jump do mundo!!! São 233m em queda livre!!! O preço também é de matar qualquer um do coração: MOP 3088, algo como R$ 1.234,22.

Da água para o vinho, vamos ao programa mais fofo de Macau. 

Especialmente para quem tem crianças Macau reserva a oportunidade de ver ao vivo um urso panda. O Parque Natural de Seac Pai Van, na ilha de Coloane, fica o Pavilhão do Panda Gigante de Macau que com 900m² abriga alguns destes fofos ursos.

O espaço é enorme.
E cada panda fica num espaço assim.
Você viaja vários quilômetros para chegar lá e o panda ficar um tempão de costas bancando o tímido!!! Kkkk

O lugar é simplesmente fantástico. Com uma infraestrutura maravilhosa, o parque funciona como centro de preservação ambiental da espécie. Sim, por conta da devastação das florestas, principalmente na China, estes graciosos animais estão em risco de extinção. Some-se a este problema ambiental o fato de que a reprodução deles, tanto na natureza quanto em cativeiro é extremamente complicada. Vira e mexe aparece no noticiário o entusiasmo dos ambientalistas de que conseguiram em algum lugar a reprodução de um pequeno panda.

Vá com tempo, porque certamente você irá querer ficar ali um tempão apreciando os fofos e desengonçados animais.

Mas foi só esperar um pouco para eles sairem do cantinho, nem que seja para dormir!.
Eles são super tímidos.

Do lado de fora do pavilhão, outros animais como este macaco-de-cheiro.

A visitação está aberta todos os dias (exceto às segundas) das 10h00 às 13h00 e das 14h00h às 17h00h (última entrada às 16.45h). A entrada custa 10 patacas e eles recomendam a compra antecipada devido ao limite de entradas. Para chegar lá, basta usar os ônibus de n.º 15, 21A, 25, 26, 26A, 50, N3.

Como chegar à Macau? Para chegar à Macau, a forma mais tradicional e fácil é utilizando-se do serviço de ferry boat a partir de Tsim Sha Tsui ou da ilha de Hong Kong numa viagem de não mais que 1 hora. O terminal em Tsim Sha chama-se China Terminal e fica uns 10 minutos de caminhada do Star Ferry.

Ferry para Macau.
O terminal marítimo de Macau mais parece um pequeno shopping.
Área do check-in em Macau.

Existem duas empresas que operam a rota, a TurboJET e a CotaiJet. A diferença está no fato de que TurboJET aporta na península de Macau e é melhor para quem quer explorar o centro histórico; e a CotaiJet na ilha de Taipa, sendo portanto melhor para quem quer visitar os cassinos da Cotai Strip.

Dizem que a TurboJET além de ter mais horários aceita pagamento em cartão de crédito. Dá para ir por uma empresa e voltar pela outra. As saídas são a cada 15 minutos.

Recomendam chegar uns 30 minutos antes do horário de embarque por conta da imigração e não esquecer o passaporte!

Como o preço das passagens varia conforme a empresa e horário, sugiro conferir o site oficial das empresas. Lá também está disponível o time table em vigor.

São 3 classes.
Como a econômica estava cheia, fomos na executiva.
Na executiva tem direito à lanche ou café da manhã conforme o horário.
E voltamos na econômica.
Durante todo o trajeto avistamos a (super) ponte que promete ligar Hong-Kong à Macau.

Pela cidade, a forma mais barata de locomover-se é utilizando os ônibus de linha que funcionam das 6hoo às 0h00. A tarifa varia conforme o destino, mas o pagamento só em moedas, fique atento!

Uma dica esperta que me contaram é que os principais cassinos oferecem um transfer gratuito de ônibus do terminal de ferry para as suas unidades – das 9h30 às 23h00 a cada 15 minutos. Então você não precisa gastar nada para visitar ou jogar nos cassinos.

Do terminal marítimo para a zona dos cassinos/hotéis, use os ônibus gratuitos (inclusive para não hóspedes!).
Cada hotel/cassino tem o seu.
Já entre os diferentes pontos da cidade, ônibus de linha é uma excelente alternativa.

E vocês, já conheceram algum lugar que parece estar assim tão deslocado do mapa?



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