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Mar Morto, uma das grandes atrações de Israel

Uma paisagem surreal.

Hoje vamos sair um pouco de Jerusalém e fazer uma das day trips mais comuns àqueles que visitam a Terra Santa, o Mar Morto.

Apesar de sua proximidade com Jerusalém, pouco mais de 40 km, o que em tese possibilitaria ao turista realizar a visita por conta própria, recomendo que seja contratado um tour.

A dificuldade em dirigir nas estradas um tanto quanto inóspitas do interior de Israel e a quantidade de postos de controle militar (no caminho, passa-se por Jericó, que fica no meio do território Palestino) inibem iniciativas mais independentes.

Um dos vários postos de controle ao longo da estrada.

Some ainda a preocupação com encontrar um bom local para passar o dia. Isto porque, embora a região do Mar Morto tenha uma dezena de praias e spas disponíveis à visitação, as informações a respeito destes lugares são pouco precisas e desencontradas.

Pela segurança e conforto, resolvi render-me ao velho esquema de tour, e não me arrependi.

Existem várias empresas que fazem tours diários para a região, e depois de muito pesquisar, optei pela Bein Harim Tourism Services, que me cobrou USD79 pelo transporte a partir de um ponto de encontro próximo ao Jaffa Gate até uma praia / spa no Mar Morto, além da entrada para o local.

Como este tour é oferecido com opção de extensão ao sítio arqueológico de Masada, o ônibus te deixa no Mar Morto no meio da manhã e volta para te pegar no final da tarde, quando o resto do grupo que foi ao sítio arqueológico tem um tempo para um “mergulho” e um banho de lama.

No caminho, uma paisagem desértica
Com direito a avistar casas de beduínos
Passagem pelo marco do Nível do Mar
E descidas que mais parecem as de uma montanha russa.

No caminho para o Mar Morto, o ônibus faz uma breve parada na AHAVA, uma empresa de cosméticos que faz vários produtos que têm como matéria-prima principal o sal e a lama do Mar Morto.

Esculturas de sal no saguão da AHAVA

Ali, além de um vídeo institucional que explica as propriedades rejuvenescedoras dos produtos, os viajantes têm a oportunidade de visitar a loja e adquirir alguns produtos.

Parte da linha de produção é visível para os visitantes.

Os preços não são muito baratos não, mas dizem que a qualidade dos produtos compensa se comparado com àqueles praticados pelos importadores.

Outro ponto interessante no caminho é a possibilidade de ver as cavernas de Qumran onde foram encontrados, em 1947, os Manuscritos do Mar Morto. Para quem tiver um tempo maior é possível visitar o local que tem inclusive um pequeno museu a respeito do assunto.

Uma das cavernas do complexo arqueológico de Qumran.

Situado 400m abaixo do nível do mar, o Mar Morto não é um mar propriamente dito, mas sim um lago de água salgada.

O GPS conferindo a altitude local – ainda tinha uma diferença que era
“tirada” na descida para água.
Agora sim, 417m abaixo do nível do mar.

Com uma superfície de aproximadamente 1050 km², correspondente a um comprimento máximo de 80 quilômetros e a uma largura de máxima de 18 km, o Mar Morto é alimentado pelo Rio Jordão e banha a Jordânia, Israel e a Cisjordânia.

Entrada do nosso beach spa.
Bar e restaurante.
Tudo cercado por altas montanhas.
E a vista da praia.

Por conta da exploração excessiva de seu único afluente e da evaporação, o Mar Morto perdeu um terço da sua superfície nos últimos 50 anos.

Embora haja uma enorme controvérsia científica a respeito, existem estudos que apontam para uma estabilização desta situação num futuro próximo, o que colocaria por terra a tese de que o Mar Morto desapareceria em alguns anos.

Tendas e quiosques para fugir do sol de mais de 37ºC (à sombra!!!)

Apesar da beleza do local, o que já vale a visita, o maior atrativo do Mar Morto decorre da composição de suas águas.

Hora de ir para a água.
Mal dá para ver a linha que divide a água, as montanhas e o céu.

Nas suas águas são encontrados alguns sais que são exclusivos da região. E mais, enquanto os oceanos têm em média um teor de sal de 3g para cada 100ml de água, no Mar morto esta taxa é de 30 a 35g para o mesmo volume, ou seja, ele é 10 vezes mais salgados que os oceanos.

Sal depositado às margens e uma água quase “cremosa”.
Em algumas partes nem tem areia ou lama no fundo, é só sal.

Esta elevada concentração de sal inviabiliza o desenvolvimento de vida, tanto animal quanto vegetal nas suas águas.

Formação de sal nas margens.

Mas é justamente esta alta quantidade de sal que faz com que os banhistas flutuem mais facilmente que o normal. Na verdade é impossível afundar por mais que você tente.

A salinidade e a viscosidade da água é tamanha que o primeiro contato é algo bastante estranho, pois tem-se a impressão de estar entrando em uma panela de óleo. Sensação esta reforçada pelo calor absurdo do verão local.

O mesmo vale para a sensação de flutuar. Ou melhor, para a impossibilidade de afundar. Ao tentar, nota-se uma força enorme que traz o seu corpo de volta à superfície.

Aquela clássica foto do banhista lendo jornal não é lenda não!

Relax!

Uma recomendação importante é evitar espalhar água, pois o contato desta com os olhos não é nada agradável. O mesmo vale para qualquer pequeno machucado ou irritação de pele que você possa ter – arde pacas!

Outra atividade imperdível no local é tomar um banho de lama negra. Pode parecer mico, mas não é não, afinal todo mundo faz isto e a sensação para a pele é algo realmente indescritível. Espalhe pelo corpo e deixe secar ao sol por alguns minutos antes de tomar uma ducha de água salgada. Recomendo.

Uma praia para lá de salgada.

A alta concentração de potássio, cálcio, magnésio e cloreto, existentes na água e na lama são conhecidos por aumentar a circulação, evitar envelhecimento precoce, equilibrar a umidade da pele, acalmar o sistema nervoso e fortalecer unhas e ossos. É bom para artrites e reumatismo.

Traz a lavadora a jato para esta turma ai que eles vão precisar!

Não deixe de levar roupa de banho, toalha, um boné ou chapéu e um bom protetor solar – o lugar é uma frigideira de quente! Ah, e retire muito bem o sal antes de tomar sol!!!

O SPA para o qual fomos levados era muito bacana, com uma boa área para banho às margens do Mar Morto; uma excelente quantidade de mesas e cadeiras para descansar; duchas de água doce para retirar o sal e a lama; piscinas de água sulfurosa quente e fria; bar e restaurante; e vestiários – tudo limpo e em bom estado de conservação. 

Uma das duas piscinas existentes.

Interessante notar que o Mar Morto é cortado de norte a sul por uma linha imaginaria que divide Israel e Jordânia, dois velhos inimigos. Note que em vários pontos do Mar Morto são colocadas placas de cunho militar informando que é proibido nadar fora das áreas demarcadas. Juro que fiquei imaginando o que acontece com quem cruza este lago salgado. Melhor nem pensar.

Bom, tá avisado!

A área é tão “militarizada” que a força aérea israelense costuma realizar exercícios com seus aviões, aproveitando as condições geográficas locais para voar a 400m abaixo do nível do mar. Eu mesmo tive a oportunidade de ver 3 “F´s sei lá o que” voando a uns 25m de altura sobre o Mar Morto – fotos??? Mal deu tempo de ver a cena, quanto menos fotografar. Rsss.

A Jordânia é logo ali…arrisca ir nadando ou remando?

Curiosidade: do outro lado do Mar Morto, às margens que ficam na Jordânia, seria o local das cidades de Sodom e Gomorrah, as cidades bíblicas que teriam sido destruídas por uma tempestade de fogo e pedras como uma punição de Deus pelos pecados dos seus povos (Genesis 18-19).

Para quem quiser, Masada pode ser uma boa extensão ao passeio ao Mar Morto. Trata-se de uma fortaleza que serviu de reduto aos últimos patriotas judeus na Antiguidade que preferiram o auto-sacrifício à dominação pelo exército romano no ano de 73.

Mar Morto (click para tamanho real)

Bom, uma visita ao Mar Morto é algo realmente imperdível não só pela oportunidade de visitar um lugar como nenhum outro no mundo, mas também como uma pausa para relaxar no meio de tanta informação e atração que Jerusalém provê ao viajante.

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5 comentários

amejchel 11 de junho de 2012 at 18:51

Adorei o post!!!! Iremos em julho e gostaria de saber qual é eese beach spa que pararam no Mar Morto, pois estaremos de carro e sem excursão. Obrigada, Adriana

Responda
Diogo Avila 12 de junho de 2012 at 15:25

Adriana, Boa tarde.
Fico feliz que tenha gostado.
Você vai na mesma época que fui. Certamente aproveitará muito. Só recomendo um cuidado com o sol que é absurdamente forte, mesmo para os padrões brasileiros.
Antes de publicar o post, perguntei para a empresa que nos levou lá o nome do SPA, mas eles não responderam. Quando veio o seu pedido, fiz um novo contato e eles não me responderam. Estanhei, pois eles são bem atenciosos.
Entretanto, chegar lá não é nada difícil.
Sugiro que você dê uma olhada no Google Earth e procure por Ahava Visitors Center, um dos pontos citados no post – não deixe de visitar. Seguindo rumo sul pela própria rodovia n.º 90, você deverá pegar a primeira saída à esquerda numa estradinha de não mais que uns 700m que desemboca direto no SPA. Não tem erro. Ou se preferir, no próprio Google Earth, use as coordenadas Latitude 31°33'0.79"N e Longitude. Você conseguirá avistar claramente o SPA.
Qualquer dúvida, fique à vontade para perguntar.

Abraço e boa viagem!

Responda
Diogo Avila 19 de junho de 2012 at 15:02

Adriana, embora pouco conclusiva, eis a resposta da Ben Harim:

"Hola
Este lugar se llamo la playa de mineral en el mar muerto .
Muchas gracias y buen dia

Sincerely yours,
Reservations "Bein Harim"
Bein Harim Ltd.
Tel 972-3-5422000
Fax 972-3-5422001
P.O.B 13221 Tel Aviv 61131
info@beinharim.co.il
http://www.beinharim.co.il
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Juliana 23 de abril de 2017 at 22:59

Adriana, boa noite. Vou para essa região em junho. Estou em dúvida se vou de carro ou pego um tour. Poderia compartilhar como foi sua experiencia de carro, quais lugares voce visitou e quais foram as dificuldades? se puder me ajudar, agradeço. Obrigada =)

Responda
Diogo Ávila 24 de abril de 2017 at 00:17

Juliana,
Por questões de segurança, hoje, não iria de carro, como não fui naquela oportunidade.
Sugiro um tour.
Boa Viagem.

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