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Chinatown e arredores do Singapore River

Muitas cores e credos, uma só cidade.

Como já dissemos aqui, Singapura é um legítimo caldeirão cultural, com pessoas com diversas origens étnicas convivendo numa bela (e inimaginável) harmonia: chineses em Chinatown; indianos em Little India e por ai vai.

O reflexo desta diversidade pode ser notado também na arquitetura local.

Pelas ruas, ao menos nós, ficamos com uma estranha e gostosa sensação de deslocamento. Você não se sente tanto no oriente, mas sabe que está longe do ocidente. Notam-se costumes bastante ocidentalizados, por assim dizer, lado a lado de elementos tipicamente orientais, como por exemplo, os pratos servidos nos restaurantes.

Prédios modernos 
e antigos convivem numa estranha harmonia em Singapura.

E observando para as construções ao redor a “confusão” não é menor. Construções com decoração chinesa, convivendo lado a lado com edifícios históricos com inspiração vitoriana e outros absolutamente modernos desenhados por arquitetos de renome mundial.

Poucas vezes me senti tão deslocado quanto em Singapura. Tive a sensação de estar em vários lugares ao mesmo tempo!!!

Andando pela cidade, vocês notarão que os quatro principais grupos de imigrantes têm seus bairros típicos.

Eu sei que já disse isso aqui no blog, mas é fato e não custa repetir… Chinatown tem em tudo quanto é lugar: NY, Londres, San Francisco, Sydney, Bangkok, e por ai vai –nossa, só me falta falar da de San Francisco? Em breve prometo resolver isto!

As lanternas indicam que estamos em Chinatown.

O interessante é que algumas construções têm um estilo que não é nada chinês.

E com uma enorme influência chinesa, Singapura não poderia ser diferente.

Pode parecer estranho falarmos de Chinatown em uma cidade com a quantidade de imigrantes e descendentes de chineses tão grande quanto Singapura. E é justamente por conta disso que alguns podem questionar o que haveria de interessante numa Chinatown dentro de uma cidade com tantos imigrantes chineses. Não seria um contra censo?

Bem, ainda que sob o aspecto étnico isto possa fazer sim certo sentido, olhando Singapura como um todo, você certamente se sentirá muito distante da China. Andando pela cidade, nada lhe lembrará a nação da Grande Muralha. Você irá sim ouvir mandarim numa esquina ou outra, mas a mistura das demais línguas oficiais (inglês, malaio e tâmil) diluirá um pouco este caldeirão cultural.

Ainda que a Chinatown de Singapura seja semelhante às demais quanto à grande quantidade de lojas vendendo desde produtos interessantes à bugigangas; decoração típica; e restaurantes chineses, ela tem uma grande vantagem sobre as demais.

As lojas vendem de tudo.
De lanternas
Até típicos carimbos chineses.

Por conta das rígidas regras, tanto sanitárias quanto urbanísticas de Singpaura, ela é muito limpa e organizada. Nada de prédios deteriorados; lixo espalhado ou restaurantes de reputação pouco confiável. Enfim, juntamente com a de San Francisco, a minha favorita.

A área mais interessante da Chinatown é justamente os arredores da estação do metrô de mesmo nome; portanto vá de metrô.

Mas o que tem para ver na Chinatown de Singapura?

Lá vocês encontrarão, além das típicas construções, aquelas lojas de produtos desidratados e farmácias tradicionais. Se quiser visitar uma delas, sugiro duas: Eu Yan Sang (na 273 South Bridge Street diariamente das 9h00 às 18h00) que fundada em 1910 é uma das mais conhecidas e interessantes da cidade; e Thye Shan Medical Hall (na 201 New Bridge Road diariamente das 9h00 às 21h00).

Custo a acreditar que isto possa ser usado como remédio.

Se você quiser comprar algum produto chinês, e não estou aqui falando daquelas falsificações, mas sim de artigos típicos, vá à Yue Hwa Chinese Products, algo semelhante à uma loja de departamentos, com itens que vão de porcelana aos chás chineses no 3º andar – fica na 70 Eu Tong Sen Street e funciona  de domingo à sexta das 11h00 às 21h00 e sábados até as 22h00. Vale ao menos dar uma passada.

Algo que infelizmente não tive tempo de visitar, mas deixo a dica, são os templos.

Para quem quiser, existem muitos estabelecimentos de massagem.

O primeiro deles é o Buddha Tooth Relic Temple (diariamente das 7h00 às 19h00 na 288 South Bridge Road). Trata-se de um belíssimo e enorme templo budista no qual acredita-se estar guardado um dente de Buda.

Embora o prédio tenha um estilo bastante tradicional, ele foi construído em 2007. Para visitá-lo, saiba que não é permitido o acesso trajando blusa sem manga ou bermuda.

Tem também o Thian Hock Keng Temple (na 158 Telok Ayer St) que é um dos mais antigos da cidade, construído em 1839. 

O motivo de não termos vistos os templos chineses em Chinatown foi justamente um outro templo, que na minha opinião me pareceu mais exótico e interessante… Um templo hindu. Não disse que Singapura é um caldeirão cultural???

Sempre tive interesse em visitar templos, igrejas, santuários e afins. Felizmente já tive oportunidade de visitar ao menos um de cada religião. Tolerância religiosa e cultura não fazem mal a ninguém.

Mas voltando ao templo. Andando pela Chinatown, talvez você se depare com algo meio que fora da paisagem esperada. O Sri Mariamman Temple (na 244 South Bridge Road e aberto 24hs por dia!), um dos templos hindus mais interessantes de Singapura fica em pleno bairro chinês.

Pela entrada… não tem como errar.

O motivo dele estar incrustado no meio do bairro chinês deriva do fato de que quando ele foi construído em 1827, quando os hindus também ocupavam uma parte da Chinatown. Preciso dizer que ele acabou cercado pelos chineses??? Quem já foi para NY sabe o quanto os bairros vizinhos como Little Italy estão encolhendo ano após ano.

Ele é dedicado à deusa Mariamman, que teria o poder da cura.

Vale a pena gastar um tempo apreciando as inúmeras e coloridas esculturas existentes na sua torre. Muito bonito mesmo!

Um dia ainda entenderei melhor esta variedade de divindades e deuses.
Shoes out. Na calçada para ser mais exato!

Mesmo que da porta você fique meio acanhado e se sinta deslocado, não deixe de entrar. Para quem quer conhecer um pouco sobre uma cultura tão diferente da nossa quanto a indiana, é uma bela oportunidade, principalmente para aqueles que como eu não tem a Índia no radar de viagem tão cedo.

Ainda que o acesso seja gratuito, para fotos paga-se a quantia de SGD 5. E como sempre, lembre-se de tirar os sapatos e trajar-se conforme as regras já citadas nos outros posts da Ásia.

E por falar nos indianos, o segundo bairro étnico de Singapura é Little India. Para alguns, um dos mais originais e portanto interessantes da cidade. A maioria de seus habitantes são indianos do sudoeste, que adotam a cultura Tamil (lembram-se dos quatro idiomas locais?).

Nos arredores da Bugis St. existem muitas lojas.
E um pequeno night market.

Quem já viu algum filme indiano do tipo “Quem quer ser milionário” e tal, e espera ver um pouco daquele caos indiano de animais soltos pela rua, trânsito caótico (e buzinas é claro!)… esquece. Você está em Singapura e mais uma vez as leis são claras, rígidas e cumpridas à risca.

Aqui é possível ver a cultura indiana sem os tristes problemas sociais.

Existe uma boa quantidade de templos hindus na região, como o Sri Veeramakaliamman Temple e o Sri Srinivasa Perumal Temple.

O último dos três grandes bairros étnicos é o Arab Quarter, que fica nos arredores da Arab Street, uma rua repleta de lojas de tecidos e outros produtos de origem árabe. O epicentro de tudo isto é ao redor da Bussorah Street, perto da Sultan Mosque.

Passando por boa parte deste caldeirão cultural está o Singapore River. Mesmo sendo uma ilha relativamente pequena, Singapura é cortada por um rio homônimo.

Clarke Quay.

Foi justamente às suas margens que o Sir Stamford Raffles fundou o entreposto inglês, dando origem a um antigo porto que permaneceu em uso durante vários anos, porto este formado pelos armazéns Boat Quay, Robertson Quay, e Clarke Quay.

Consequências? Degradação do local, é claro. Mas como em outros tantos lugares, após 10 anos de trabalho árduo, em 1987, as autoridades locais conseguiram restaurar a região e torná-la um polo de entretenimento com bares; restaurantes; e galerias de arte às margens de um rio completamente despoluído.

Os singapurianos levam tão a sério a coisa, e ela deu tão certo que eles resolveram construir a Marina Barrage para servir, como o próprio nome diz de barragem para as águas do rio, formando um reservatório de água doce para ser utilizada para abastecer a cidade.

Hoje, a região de Clarke Quay é um local muito frequentado por turistas e locais, principalmente durante à noite, por conta de seus bares, restaurantes e casas noturnas.

De um lado bares,
E de outro, o Central, um shopping às margens do Singapore River.

Cruzando o rio, são três pontes: Cavenagh Bridge; Anderson Bridge e Elgin Bridge.

Cavenagh Bridge.
Acho que já faz um tempo que gado e cavalo não passam por ali!

Seguindo a pé pelo Clarke Quay sentido Marina Bay, vocês encontrarão a região conhecida como Civic District, onde estão situados vários prédios históricos, muitos deles do começo do século XIX.

Ainda que no passado tenham predominado os edifícios governamentais, atualmente a maior parte dos belos edifícios da região é utilizada por galerias de arte e museus, como o Singapore Art Museum – SAM; National Museum of Singapore que conta a história de Singapura; Peranakan Museum que trata da cultura dos primeiros chineses a se estabelecerem na região.

Civic District

Um dos símbolos da região é a fachada do MICA Building (140 Hill Street), com suas quase mil janelas coloridas. Praticamente um arco-íris num sóbrio prédio branco construído em 1934 onde funciona o Ministério de Informação, Comunicação e Artes.

MICA Building.

Quem estiver procurando por um parque, sugiro o Fort Canning Park que fica ali ao lado.

Ali também podem ser encontradas duas das principais igrejas da cidade, a Cathedral of the Good Shepherd, e a St. Andrew’s Cathedral (na 11 St Andrew’s Road de segunda à sábado das 9h00 às 17h00 e domingos das 7h00 às 20h00).

Central Business District.

Seguindo um pouco mais à diante, chega-se ao Central Business District – CBD, o centro financeiro de Singapura. Como não poderia ser diferente, é um bairro cheio de grandes e modernos edifícios nos quais estão instaladas filiais multinacionais vindas de diversos países.

O bairro se espalha por alguns quarteirões ao redor de Raffles Place até as margens do Singapore River. Aliás, às margens dele, vocês encontram muitos restaurantes de frutos do mar e bares. Recomendo!

Pelo bairro, além dos modernos edifícios, é muito comum encontrar esculturas espalhadas pelas ruas, obras de arte dos mais diversos estilos. Tem até esculturas de Fernando Botero e Salvador Dalí.

Bird de Botero pode ser bacana.
Mas acho a The First Generation de Chong Fah Cheong bem mais divertida.

Mas falando em atrações propriamente ditas, no CBD fica o The Fullerton Hotel (1 Fullerton Square). Embora seja um dos hotéis mais tradicionais da cidade (e mais caros também) e seu edifício pareça ter sido feito sob medida para o hotel, saibam que este belo edifício datado de 1928 foi inicialmente utilizado pelos correios local, e depois como hospital militar durante a Segunda Guerra Mundial.

The Fullerton Hotel às margens do Singapore River.
Alguns “carrinhos” no estacionamento já dão uma idéia do que há lá dentro.

Vale a pena dar uma espiada no belíssimo lobby do hotel. Quem quiser, pode também aproveitar para almoçar ou jantar num dos cinco restaurantes do hotel.

É no CBD que fica o que seria o marco zero de Singapura, o Sir Stamford Raffles Landing Site, onde em 1918, Sir Stamford Raffles teria fundado Singapura. Hoje existe no local uma bela praça e uma estátua em homenagem a ele.

Raffles Place.

Quase que no cruzamento da Phillip Street com a Church Street, vocês encontrarão um dos templos mais famosos da cidade, o templo taoísta Yueh Hai Ching.

Próxima parada, a região hoje mais bacana da cidade, Marina Bay.

 

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