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O que fazer durante uma escala em Amsterdã

Uma escala muito bem aproveitada em Amsterdã.

Imagina a cena: você tem pouco menos de 24 horas de escala em Amsterdã, uma das metrópoles mais interessantes da Europa antes de seguir para o seu destino efetivo de férias. O que você faz? Vai para um hotel dormir ou aproveita para conhecer a cidade?

Como a gente tem rodinhas nos pés, claro que ficamos com a segunda opção e aproveitamos, ainda que numa breve escala, para revisitar Amsterdã – já havia viajado para a Holanda uns 15 anos atrás.

Mas vale a pena? Olha, é claro que em algumas horas de passeio não se pode dizer que conheceu a cidade ao ponto de não precisar voltar (ainda mais Amsterdã!). Mas concordam que é melhor do que ficar preso entre um hotel e a sala de embarque?

Já fizemos este esquema em algumas oportunidades – Johanesburgo, Xangai, e mais recentemente Venice Beach (Los Angeles) – e deu super certo.

Então se você estiver numa escala, ou quiser conhecer o essencial de Amsterdã, este post é para você.

A primeira preocupação é com o tempo da escala. Eu não faço nada tão arrojado assim se a janela entre um voo e o outro não for de pelo menos umas 9/12 horas. No caso, tínhamos pouco mais de 20 horas, então deu para passear e ainda dormir. E bem!

Para que um esquema como este dê certo, o ideal é que as suas malas despachadas sigam viagem direto até o seu destino final. No caso, íamos de São Paulo para Zagreb (Croácia), e a KLM enviou as malas direto para lá sem que tivéssemos acesso a elas no aeroporto de Amsterdã (Schiphol).

Vai por mim: não perca a chance de ao menos rapidamente visitar a cidade.

Nesta situação você tem a vantagem de acelerar os procedimentos de desembarque, já que não tem que ficar esperando as malas na esteira e etc. Se você tiver um hotel reservado para passar a noite, as malas grandes nem são um grande problema, mas se a escala for integralmente durante o dia, nem cogito andar com elas pela cidade – utilize um daqueles guarda-volumes.

Lembre-se que se você não tiver acesso às malas despachadas, é preciso ter na mala de bordo tudo o quanto necessário para passar a noite. Ressalto que líquidos como xampu, condicionador e etc. devem seguir as regras dos 100ml e estar acondicionados em sacos transparentes para que não sejam retidos pela segurança do aeroporto.

Se você optar por um hotel para passar a noite ou descansar durante parte da escala, escolha preferencialmente um próximo ou dentro do aeroporto para não perder tempo com deslocamentos.

Nós optamos pelo Ibis Budget Amsterdam Airport, um hotel ao lado do aeroporto de Schiphol e com fácil acesso à cidade. Não deixe de conferir o review completo aqui. Fizemos a reserva via Booking.

Ibis Budget Amsterdam Airport.

Algo essencial para uma escala breve como esta, é o planejamento extremo. Liste as atrações essenciais e estime o tempo necessário para os deslocamentos aeroporto-cidade-aeroporto e para os procedimentos de desembarque e embarque.

Para planejar o seu itinerário, sugiro uma rápida passada nos centros de informações turísticas, o VVV I amsterdam Visitor Centre. Certamente vocês passarão por dois postos deles, um no aeroporto de Schiphol e outro na estação central (Stationsplein). Para facilitar ainda mais, você pode anotar antes de embarcar todos os pontos no Maps ME e pré calcular os
itinerários x tempo.

Primeira parada: centro de informações do Iamsterdam. 

Mas como fica a imigração? Como você tem um bilhete de saída da Holanda, e talvez até mesmo uma reserva de hotel lá, você não deve ter maiores problemas. Caso seja questionado a respeito do tempo de estadia, basta explicar a verdade. Diga que irá aproveitar as horas de conexão para passear pela cidade! Não tivemos problema algum e nem pediram a passagem de volta – talvez estivesse tudo já no sistema.

Não só saiba antecipadamente em que terminal será o seu desembarque e embarque, mas principalmente como ir à cidade e voltar desta para o aeroporto. Quanto melhor o sistema de transporte da cidade, mais fácil será seu passeio. Do aeroporto Schiphol à Amsterdã, todo o trajeto é feito pela eficiente rede de trens que atende toda a região metropolitana. Não é todo trem para Amsterdã que para na Amsterdã Centraal.

Pegando-se o trem na estação do Aeroporto Schiphol, em 20 minutos e ao custo de €4,20 cada pernada, chega-se à Amsterdam Centraal (escreve-se assim mesmo), de onde a pé se tem fácil acesso às principais atrações da cidade. Na volta, basta repetir o procedimento!

Do hall de chegadas, 
Siga para a área mais externa.
Desça para a estação de trens que fica no subsolo.
Lá, pegue qualquer trem que vá para a Estação Centraal (e não para Amsterdã simplesmente) e pronto!

Já para locomover-se pela cidade, como as atrações são relativamente próximas, a minha sugestão é caminhar. Acho que Amsterdã é a cidade mais plana que conheço – não é à toa que o país também é chamado de Países Baixos!

Amsterdã é uma cidade muito segura, mas ao caminhar pela cidade tem algo com que você precisa se preocupar (além de não cair nos canais! Kkkk): as bicicletas. Elas são o principal meio de transporte utilizado pelos holandeses. Em todas as partes vocês verão milhares delas e enormes estacionamentos só para bicicletas.

Fique muito atento às marcações no chão porque normalmente as bicicletas trafegam apenas em ciclovias. É raro um ou outro ciclista circular fora, portanto fique atento – especialmente com os pequenos.

É tanta magrela que ao lado da Estação Centraal existe este enorme estacionamento.

Mas se você precisar de transporte público, a cidade oferece algumas boas opções. Embora
existam sim trens urbanos e ônibus, estes dois são mais úteis para quem viaja pelos arredores da cidade. No centro dela, a melhor opção são os trams ou bondes elétricos operados pela empresa GVB. Esta mesma empresa opera também algumas linhas de ônibus, trem, balsas e metrô.

Precisando, o sistema de bondes é excelente.

Se precisar, a GVB tem um excelente planejador de rotas que dá em detalhes todas as informações que vocês precisam para conhecer a cidade inteira. Dá também para utilizar tranquilamente o mapa para impressão com algumas das principais atrações.

A GVB oferece um cartão do tipo bilhete único (que só serve no sistema deles) e permite fazer viagens ilimitadas pela cidade em períodos escalonados que vão de 1 a 7 dias. Estes bilhetes podem ser comprados nos postos de atendimento da GVB (como por exemplo o da Amsterdam Centraal Station) e também com os próprios condutores.

Apenas para dar uma ideia, o bilhete de 1 dia custa € 7,50 (preço atualizado aqui). Crianças entre 4 e 11 anos pagam um valor bem menor e menores de 4 anos viajam de graça. Ao entrar no bonde você tem que encostar o bilhete na máquina, e ao sair também. É como um check-in e check-out. Não se esqueça deste procedimento para não sar penalizado, e como!

Ah, e ele não vale para o trajeto do aeroporto à cidade porque esta linha é operada por outra empresa. Mas é possível adquirir o Amsterdam Travel Ticket que inclui ida e volta do aeroporto para a cidade e 1 dia de transporte coletivo dentro desta por €15,00. Consulte o site para valores atualizados e outras opções de tempo/validade do bilhete. É possível adquirir este bilhete diretamente nos postos de informações turísticas existentes no aeroporto.

Uma excelente opção é o cartão de transporte vendido pelo Iamsterdam.

Eu sei, são poucas horas, e os holandeses têm um inglês invejável; mas que tal aprender o básico do dificílimo holandês?

– (Muito) Obrigado: dank u wel ou para ser menos formal “bedankt”

– Por favor: alstublieft.

– Desculpe: sorry, mas fala-se algo como “surry” puxando muito o R;

– Com licença: pardon

– Bom dia: goedemorgen

– Boa tarde: goedemiddag

– Boa noite: goedeavond

– Olá: hallo

– Tchau: dag.

Ok, vocês já sabem como programar, sair do aeroporto, ir até a cidade e até têm noções de holandês. Mas e ai? O que fazer em pouco menos de 24 horas em Amsterdã?

Tenha consciência de que não vai dar para ver tudo o que você veria numa viagem dedicada à cidade e que esta escala turística é um bônus, e não a viagem em si! “O que vier é lucro”.

Desembarque na Amsterdan Centraal e, antes de sair correndo pela cidade, pare um pouco e aprecie o belíssimo prédio da estação, uma obra prima do século XIX.

Amsterdam Centraal.

Resista à tentação de seguir direto pela Rua Damrak que liga a estação à Praça Dam. A rua até é interessante, mas a quantidade de lojas vendendo tranqueiras e souvenires é um programa dispensável para quem tem pouco tempo na cidade. Na linha de que mais vale visitar algo muito típico ao invés de lojinhas, deixe a Damrak para a volta, e se sobrar tempo!

Se tem algo que eu adoro em Amsterdã são as típicas construções. Um dos lugares mais interessantes para ver a arquitetura local é o bairro de Jordaan, nos arredores da rua Singel e Prinsengracht, atrás da De Nieuwe Kerk.

Um bom esquema para visitar a região é a partir da estação Central, sair para a direita pela rua Brouwersgracht, uma rua cheia de canais e pontes, todas lindas e bem típicas. Passe pelo Singel, um dos principais canais da cidade até chegar à Prinsengracht uma típica rua de Amsterdã onde já começa o bairro de Jordaan. Uma dica: caminhe pelo lado direito de quem desce vindo da estação pois dá para ver melhor as casas.

Jordaan, é uma casa mais bonita que a outra.
A arquitetura de Amsterdã.

Jordaan.

Este bairro à oeste da Dam Square foi inicialmente concebido para ser um bairro com moradias para operários, mas ao longo dos anos foi ganhando charme e hoje é um dos mais encantadores da cidade. É verdade que nos anos 60 e 70 ele esteve bem decadente, mas os esforços da comunidade para a sua recuperação superaram as expectativas e ele passou a ser um dos mais disputados no mercado imobiliário local.

Uma curiosidade. Olhando as casas, vocês notarão que muitas delas têm uma estrutura no topo semelhante à uma roldana e, por incrível que pareça as casas são construídas de forma que haja uma leve inclinação para frente, em direção à rua. Isto para que as pessoas pudessem subir móveis grandes para os andares superiores das casas. Lembrando que além de não existir elevadores (óbvio!), os batentes e escadas são bem estreitos.

E cada casa tem o seu estilo.
Reparem como este edifício da esquina é inclinado.

Outra coisa bem típica está na porta das casas. A maioria delas ostenta pequenas plaquinhas com o nome das pessoas, ou ao menos da família que mora ali. Muito legal, mas convenhamos, que é coisa típica de país muito bem resolvido com a questão da segurança e privacidade.

Acho que Amsterdã tem tantos canais quanto Veneza, senão mais. Dizem que ao todo são mais de 100km de canais. 

Canais de Amsterdã.
Amsterdã.

Vocês sabiam que Amsterdã está 3m abaixo do nível do mar? Pois é, como boa parte do país, a capital holandesa está situada abaixo da linha do mar, cujas águas são impedidas de alagar tudo graças a um sistema de diques aprimorado ano após ano.

Inclusive os tão típicos moinhos holandeses têm neste processo de drenagem do solo um importante papel, já que a força dos ventos nas suas pás movimenta um sistema que, dentre outras funções, faz também a drenagem do solo.

Aliás se você quiser uma foto para lá de clássica dos canais, vá à Groenburgwal, uma das pontes da cidade. Para chegar lá, caminhe pela rua Staalstraat e cruze a ponte. Dali você terá dos dois lados muitas casas típicas e ao fundo a igreja Zuiderkerk.

Um programa super tradicional e bacana em Amsterdã é o passeio de barco pelos canais.

Os barcos partem do canal diante da Estação Centraal.
Os bilhetes são comprados em quiosques como este.
Uns vão de pedalinho mesmo. Aja pernas!!!

Como vocês podem notar do mapa acima, a cidade tem um layout todo recortado por canais e uma das formas mais tradicionais de conhecer a cidade é a bordo de um barco com amplas janelas de vidro.

É uma forma bem cômoda de explorar a cidade, já que você fica ali sentadinho no conforto, longe do frio e vento (dependendo da época do ano), só apreciando os inúmeros canais e as belíssimas pontes de Amsterdã.

Lembre-se também que você só tem algumas poucas horas para conhecer a cidade, e o barco
pode ser uma excelente oportunidade para ter uma visão geral.

Os passeios de barco partem da Centraal Station e existem diferentes itinerários com preços que giram em torno de €12 se comprado com a nossa parceira Ticket Bar – na hora são €16!

Ainda nos canais, aproveite para ver os vários barcos-casa.

Casa barco em Amsterdã.
E algumas são bem bonitas.

O barco casa, ou casa flutuante no canal, embora não seja mais comum atualmente, porque novas autorizações não são dadas, era bastante comum antigamente, e acabou virando uma marca da cidade. Hoje, alguns deles foram transformados em restaurantes estilosos e pequenos hotéis. Já pensou dormir em um destes???

Tão belas quanto os edifícios são as pontes de Amsterdã. Um mais linda que a outra, e dificilmente duas iguais, por mais que tenha visto muitas, custei a acreditar, mas dizem que são ao todo 1281 pontes na área metropolitana de Amsterdã. A primeira foi construída em 1648 e ainda cumpre sua função.  

Tem até ponte “colada”em ponte.

Uma das mais diferentes é a The Magere Brug (“Skinny Bridge”) uma ponte elevadiça sobre o rio Amstel.

Ali perto do bairro de Jordaan está uma das mais comoventes atrações de Amsterdã, a Casa de Anne Frank.

A entrada original da casa.
E o museu.

Para quem não sabe quem foi Anne Frank, antes de mais nada um tremendo puxão de orelha porque esta é uma das mais comoventes e importantes histórias da Segunda Guerra Mundial.

A história é mais ou menos a seguinte: Anne era uma garota judia de 13 anos que no começo dos anos 40, portanto nos primeiros anos do conflito (1939-45), viveu em Amsterdã. Com a tomada da cidade pelos nazistas e temendo que eles fossem enviados para um dos campos de concentração, o pai dela teve um plano: fingir que eles fugiram para outro país e ficar escondido até o conflito terminar.

Bem, a família ficou abrigada em uma casa durante nada menos que 2 anos sem sequer colocar o nariz para fora! Confinados num esconderijo anexo à empresa de seu pai, a família passou momentos de grande provação, vivendo em um espaço confinado; vivendo com pouquíssimos recursos; utilizando um banheiro coletivo que era utilizado apenas durante à noite para que os vizinhos não ouvissem o barulho do encanamento.

Atrás da estante, a entrada do esconderijo. Créditos: Anne Frank House Museum.
O quarto dela era todo decorado com fotos. Créditos: Anne Frank House Museum.

Lá pelas tantas, eles foram descobertos por um infeliz que resolveu dedurar eles – até hoje não se sabe quem. A família foi enviada para um campo de concentração e lá todos acabaram morrendo, exceto o pai dela Otto Frank.

Ao fim do conflito, o pai retornou ao esconderijo e se surpreendeu ao encontrar um diário que ele havia dado para Anne, que nele relatou todas as dificuldades daqueles intermináveis dias no esconderijo.

Editado e publicado, além de virar um best-seller, o Diário de Anne Frank serviu para trazer um precioso, mas triste relato do conflito mais cruel e triste da história da humanidade.

Eis ai a obra prima. Créditos: Anne Frank House Museum.

Uma curiosidade muito importante: o local escolhido para ser o esconderijo, e que está aberto à visitação não é na verdade a casa da família. Na prática o que o pai da Anne fez foi criar nos fundos da oficina de impressões dele, uma pequena casa com alguns cômodos que eram acessíveis por meio de uma porta escondida atrás de uma estante.

Já aviso que é um programa muito interessante (leia-se imperdível), mas que pode deixar muita gente bem triste.

Triste pensar o que esta e outras tantas crianças viveram e sofreram. Créditos: Anne Frank House Museum.

A Casa de Anne Frank (Anne Frank Huis) fica na Prinsengracht 267, abre de 1º de abril até 31 de outubro todos os dias de 9h00 às 22h00; de 1º de novembro a 31 de março todos os dias de 9h00 às 19h00 (aos sábados até as 21:00 horas) e a entrada deve ser feita até 30 minutos antes do horário de fechamento. Como o horário muda de um ano para o outro, não deixe de conferir o site oficial.

A entrada custa €9,00 e o cartão “I amsterdam City Card” não dá direito à entrada gratuita. É possível comprar os ingressos antecipadamente pela internet, com um custo de €0,50 a mais. Quem compra online faz a visitação no horário das 9h00 às 15h30 e quem compra na porta no das 15h30 às 21h30. Ah, e fotos lá dentro são proibidas.

Descendo pelo canal Singel, chega-se a um dos lugares mais interessantes da cidade, o Begijnhof, o Jardim das Beguinas. As beguinas eram mulheres que estavam cansadas da vida que levavam e que queriam levar uma vida mais retirada e religiosa, mas sem ter que virar freira e resolveram viver em uma comunidade relativamente isolada.

Begijnhof.
Já pensou morar num lugar assim?
Não deixe de visitar a capela local.

Para isso, resolveram fundar um retiro no meio da Amsterdã medieval (dizem que a última delas faleceu apenas em 1971). Não deixe de dar uma espiada no local, que tem algumas das casas mais charmosas de Amsterdã.

Cruze novamente a Damrak em direção à uma das igrejas mais antigas de Amsterdã, a Oude Church. Construída em 1213, esta igreja era inicialmente era católica, mas a partir da Reforma em 1578, passou a ser uma igreja calvinista, como segue até hoje. Não deixe de conferir, afinal, dos edifícios mais antigos, é o único que mantém a sua forma original.

Do sagrado para o profano…

Vocês podem até achar estranho, mas um programa que muita gente faz na mais liberal cidade europeia é um passeio pelo Red Light District. Se pelo nome vocês não reconheceram, certamente pela descrição saberão do que estamos falando.

O Red Light District, ou em bom português Bairro da Luz Vermelha, é uma área da cidade onde as prostitutas ficam nas vitrines esperando seus clientes.

Olhando assim, parece um bairro qualquer.
Mas é só olhar bem para as vitrines para ver que não é. #RetiremAsCriançasDaSala!!!

Por incrível que pareça, o lugar é icônico em Amsterdã e a população parece não ligar muito para a situação, tanto que é comum ver famílias passeando por ali. Ok, sejamos francos e diretos. Sem falso moralismo, que cada um faça da própria vida o que acha melhor, contanto que não prejudique os demais. Simples assim! Some ainda o fato de que ali você não verá ninguém pelado andando pela rua ou coisa do tipo – existem limites que são rigidamente seguidos.

Como trata-se de uma atividade legalizada, há inclusive o recolhimento de impostos incidentes sob o fato gerador (termo jurídico, hein!). As moças são inclusive sindicalizadas.

Uma vitrine vazia para vocês terem ideia de como é.
Erotic Museum.

Pelo que aparenta, por ser organizada e institucionalizada, a prostituição em Amsterdã parece não ter os mesmos malefícios que tem em outras cidades, como por exemplo estar ligada a crimes como tráfico de pessoas ou exploração de menores (coisas que muita gente pensa não existir no Brasil).

Andando pelo bairro não se tem o mesmo clima pesado de marginalidade que se vê em outros lugares do tipo. Tanto que no bairro de De Wallen, onde fica o Red Light, mora muita gente que nada tem a ver com a atividade e a polícia patrulha constantemente o local para garantir a segurança de todos.

Entenderam a importância de evitarmos o falso moralismo?  

Por ali, na Oudezijds Achterburgwal 54, fica o Erotic Museum. Juro que fiquei pensando o que mais além do que já está nas ruas poderia haver ali… Isso para não falar do Museu do Sexo da Damrak.

A quantidade de sex-shops na região é enorme. E se me perguntassem uma para visitar, sugeriria a Condomerie Het Gulden Vlies, onde são vendidas camisinhas de tudo quanto é tipo. Olha, tem umas bem bizarras, como a que brilha no escuro ou outras em formatos de monumentos ou animais. Quem tiver curiosidade, fica na Warmoesstraat 141.

A loja de camisinhas mais famosa de Amsterdã.
É piada né?

Mas voltando à prostituição. O fato curioso das mulheres ficarem em uma vitrine tem uma explicação que mistura marketing e meteorologia. Pensando em uma forma de serem vistas pelo maior número de pessoas possível e de outro lado considerando clima louco (leia-se frio) de Amsterdã, as moças resolveram que era uma boa ideia transformar as enormes janelas dos prédios – algumas até mesmo no térreo, em vitrines.

Mais que uma vitrine, o espaço serve como quarto. Sim, é isso mesmo. Ao receber um cliente, a moça simplesmente fecha a cortina e dai para a frente vocês já sabem o que acontece… Olhando de perto alguns deles que estavam vazios, ficamos impressionados o quanto pequenos são. Dificil imaginar como as coisas acontecem ali!

Um alerta importantíssimo: não tirem fotos das moças. Em hipótese alguma fotografe elas! Em nenhuma circunstância! Acho que fui claro, né??? Você pode se meter em sérios problemas. Aqui algumas fotos de exemplo.

Impressionante mesmo é o mictório no meio da rua.

Desta vez visitei o bairro no final de tarde, mas se você puder, visite o lugar durante à noite, quando tudo fica iluminado, dando o real significado do nome do bairro.

Seguindo ainda o viés libertino de Amsterdã, não dá para falar da cidade sem comentar a respeito dos cafés nos quais é possível consumir maconha.

Embora alguns ainda insistam na ideia de que o consumo de drogas em Amsterdã é liberado, a realidade é bem distinta. Na verdade, o que é liberado é o consumo de maconha em determinados lugares fechados denominados coffee shop. O limite de consumo é de 5 gramas e você precisa ser maior de idade para isto.

Quem não quiser fumar, pode experimentar um dos space cakes, que são bolinhos de chocolate com maconha.

The Bulldog, o mais famoso café da cidade.
Vai um sorvertinho ai? Créditos: Cumbicão Pai.

Interessou? Vá à uma das unidades do The Bulldog espalhadas pela cidade. O café surgiu em 1974 nos fundos de uma sex-shop onde um grupo de amigos se encontrava para fumar maconha. Existem vários endereços pela cidade, a maioria nos arredores do Red Light District.

Ah, sobrou tempo? Visite a Praça Dam, a mais importante de Amsterdã. Nela vocês encontram vários edifícios importantes como por exemplo o Palácio Real de Amsterdã, o National Monument, e a De Nieuwe Kerk.

Praça Dam.

Praticamente no centro da praça vocês encontram o National Monument, um obelisco com 22m que foi erguido em 1956 em homenagem às vítimas holandesas durante a Segunda Guerra Mundial.

O Palácio Real de Amsterdã foi construído em 1648 para servir como prédio da prefeitura de Amsterdã, mas em 1808, ele passou a ser utilizado como residência para a família real. Hoje ele ainda é utilizado pela família real, especialmente em coroações, abdicações e casamentos reais. Quando não está em uso, pode ser visitado.

Palácio Real de Amsterdã. Créditos: Cumbicão Pai.

Aliás aproveito o assunto família real para esclarecer algo. Como todos sabem, a camiseta da seleção holandesa de futebol (e outras modalidades), é laranja. Mas de onde vem esta cor se ela não está presente na bandeira nacional??? Acontece que laranja é a cor oficial da monarquia do país.

Outro importante edifício desta praça é a De Nieuwe Kerk. Ela foi construída em 1385, mas como a maioria dos edifícios históricos, sofreu inúmeras reconstruções por conta de alguns incidentes, como por exemplo um enorme incêndio em 1645. Esta igreja foi o palco do último casamento real entre o então príncipe Willem-Alexander e a argentina Máxima Zorreguieta; e depois da sua coroação em 2013.

De Nieuwe Kerk, hoje um centro de exposições.

Nesta praça há uma enorme e linda loja de departamentos, a de Bijenkorf que como toda “depato” que se presta vende de tudo. Muito provavelmente você não terá tempo para vê-la direito nesta escala por Amsterdã, mas já fica a dica para uma próxima vez porque a loja é demais.

Ali vocês também encontram uma unidade do Madame Tussauds, o mais famoso museu de cera do mundo. Se você nunca esteve em um, aproveite porque é uma atração bem divertida.

Madame Tussaud, o famoso museu de cera.

Se você tiver tempo para apenas um museu, corra para o Rijksmuseum. Trata-se de um dos museus mais bonitos da Europa e talvez o mais importante da Holanda. Por fora ele já é disparado o mais bonito da cidade. Dentro, mais de 8 mil obras de arte, inclusive algumas de um dos maiores expoentes locais: Reembrraandtt. Dos quadros dele, o meu favorito é mesmo A Ronda Noturna onde ele explorou ao extremo a noção de luz e movimento.

Rijksmuseum.
Rijiksuseum. Créditos: Erik Smits

O ingresso que custa €17,50 pode ser comprado antecipadamente pela internet (altamente recomendável) e o museu abre todos os dias das 9h00 às 17h00.

Pode parecer bobeira diante de tantas outras atrações mais interessantes e com mais conteúdo histórico, mas um dos pontos mais visitados da cidade são as letras do slogan I AM AMSTERDAM que foram criadas para promover a cidade (ainda mais!).

É tanta gente que nem dá para fotografar.
Algumas letras viram poleiros.

São ao todo 3 jogos de letras com mais de 2m de altura e 23 de comprimento, um deles fica ali perto do Rijksmuseum. Outro fica no aeroporto de Schiphol e o terceiro é itinerante pela cidade.

O Rijksmuseum fica ao lado de outros vários museus na Museumplein, algo como a praça ou esplanada dos museus. 

Outro importante museu é o Museu Van Gogh que é dedicado ao mais famoso pintor holandês e tem a maior coleção de pinturas dele do mundo. Fica na Paulus Potterstraat 7, e como abre até as 22h00 nas sextas-feiras, pode ser um excelente programa para o final da sua visita relâmpago à Amsterdã – nos demais dias funciona das 9h00 às 18h00. O ingresso custa €17.

Museu Van Gogh.

Para quem está com crianças em idade escolar, a melhor opção é o Science Center NEMO, um interessante museu de ciências. Outra boa opção é o Het Scheepvaartmuseum, um museu dedicado à navegação holandesa que foi muito, mas muito desenvolvida nos tempos das explorações – lembram-se daquela Companhia das Índias Ocidentais?

Réplica do East Idianman exposto no museu. Créditos: Cumbicão Pai.

Ainda que cortada por uma série de canais, Amsterdã é uma cidade até que bem arborizada. Mas quem quiser curtir um espaço verde de verdade deve ir ao Vondelpark, o maior parque da cidade. São várias entradas, mas a principal é a situada na Stadhouderskade (sim, holandês é complicado pacas!).

Quem curte cerveja tem duas boas opções para fechar o dia: visitar a Heineken Experience, uma espécie de museu da famosa marca, ou tomar uma cerveja num pub que fica embaixo de um moinho, o Browerij ‘t IJ.

Uma atração que eu não havia programado para ver, tanto pelo curto tempo quanto por estar fora da primavera, foi o Bloemenmarkt (Mercado de Flores). Mas como meio que tropecei nele no meio do caminho, resolvi aproveitar. Recomendo! Onde fica? Fica no canal Singel, próximo à Koningsplein.

Bloemenmarkt.
Sementes para serem plantadas.
E outras…


Pensa comigo: você tem pouco tempo e Amsterdã é uma cidade razoavelmente cara para o bolso brasileiro. Então o que comer rápido e barato? Não vale fastfood americano, ok? Já que está lá, melhor comer algo local para aproveitar, né?

Na Holanda como um todo é relativamente fácil encontrar a chamada “comida de janela”. Calma, explico: são petiscos que vão de croquetes à empanados. A rede mais famosa é o Febo que tem lojas em tudo quanto é canto.

Normalmente as lojas não têm balcão para atendimento, a comida é colocada nas janelinhas por trás e fica ali quentinha, como se fossem pequenos fornos. O esquema é tipo vending-machine, você insere as moedas (não tem troco) e a janela abre para você pegar o seu quitute. Como só aceita moedas, há uma máquina que troca notas por moedas.

Febo.
Coloque uma moedinha na vitrine.
E eis o seu croquete.

Reza a lenda que este tipo de lojinha com comida na janelinha surgiu inspirado no Red Light District… Não vou escrever, mas certamente você também pensou algo infame…

Outro petisco muito comum são as batatas fritas, conhecidas aqui como Vienesse Fries. Elas são servidas em um cone de papel com muita maionese.

Viajando pela Europa, algo que aprendi a comer e consegui achar em muitos outros destinos são os lanches naturais. Um bom lugar para comprar uma refeição como esta, saudável e natural, em Amsterdã é uma das lojas Hema e das unidades do supermercado AH, ou Albert Heijn em vários pontos.

Mas se você quer algo típico em termos de sabor, eis algumas opções:

Vamos começar por um dos mais conhecidos, o Haring ou arenque, o peixe cru local. Embora o tradicional seja come-lo de uma vez só – os locais até esticam o pescoço para o peixe caber inteiro na boca, quiçá até na garganta. Mas você pode pedir em pedaços mesmo.

Se você já viu uma vaquinha holandesa, já pode imaginar o quanto os holandeses são bons de leite e queijos. Vou deixar apenas um nome… Gouda, o queijo mais conhecido da Holanda.

Loja de queijos.

Sou formiga mesmo! E por isso não poderia deixar de conferir o Waffle e o Stroopwafel. O primeiro é o waffle comum, já o segundo, bem mais fino, é mais uma bolachinha recheada com caramelo. Hummm.

Stroopwafels, simplesmente deliciosos!

Outro doce imperdível é o Appelgebak met slagroom: o nome é impronunciável, mas em bom português, é uma torta de maçã com chantili. Precisa explicar mais alguma coisa?

Bem, é hora de voltar para o aeroporto, mas não antes sem requerer o reembolso do seu VAT. Em linhas gerais as regras são as seguintes conforme o sistema Global Blue: nas compras acima de 50 euros nas lojas conveniadas (procure pelo selo), solicite o formulário e preencha-o, apresente o formulário no guichê da alfandega no aeroporto e pegue o carimbo deles, depois é só ir até o guichê da Global Blue e receber o seu VAT devolta, em dinheiro ou crédito no cartão.

O que? Chegou no aeroporto ainda com um tempinho de sobra? Se você adora avião, anote esta dica. Schiphol é um dos poucos aeroportos que ainda têm um deck de observação. E mais que isto, há ali um Fokker-100 aposentado da KLM em exposição, inclusive para visitação ao interior.

O acesso é gratuito e funciona diariamente das 7h00 às 20h00 no verão e no inverno das 9h00 às 17h00.

Findo o passeio, é só voltar para o aeroporto e seguir viagem!

UFA! Foi uma brevíssima, mas super bem aproveitada escala em Amsterdã.

E vocês? Já fizeram uma escala assim em Amsterdã? Conte como foi.  

* O Cumbicão visitou Amsterdam, as atrações Anne Frank House e Rijksmuseum a convite do Iamsterdam (Amsterdam Tourism Board) e dos respectivos museus para coletar material para este post. Todas as opiniões e relatos aqui descritos refletem fielmente a experiência, atendendo à política do blog.


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