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Luxor, um museu a céu aberto no Egito

Depois de conferirmos os detalhes práticos para você para você curtir Luxor, é a vez de conferirmos as atrações deste destino que é considerado praticamente um museu a céu aberto no Egito, já que a cidade guarda muitas atrações turísticas incríveis, especialmente para os amantes de história.

São templos e tumbas que mesmo milênios depois estão muito bem conservadas e possibilitam ao viajante literalmente viajar por um período tão incrível da história não só do Egito como da própria humanidade.

Como já comentei no post anterior, o motivo de Luxor ter tantas atrações historicamente relevantes é que a cidade, então chamada de Tebas, era a capital do Egito entre 1500 a.C. e 1070 a.C.

Vamos então conferir as atrações da última morada de figuras históricas importantes como Ramsés II e Tutankamon.

Templo de Karnak

Comecemos o passeio em Luxor pelo seu mais famoso templo, Karnak.

Templo de Karnak
Templo de Karnak

Mais do que um templo, Karnak é um complexo de templos e santuários cheio de obeliscos e esculturas.

Com mais de 2km² ele é enorme, sendo suficiente para na sua área caberem uma dezena de catedrais.

Templo de Karnak
Tudo lá é enorme! Olhe só o tamanho desta coluna.

Além da evidente ação do tempo, seu layout é fruto de alterações constantes durante nada menos do que 1.500 anos. Cada faraó ia alterando as coisas ao seu gosto, aumentando, alterando e destruindo aquilo que não lhe agradava. Pense, um queria deixar uma marca mais grandiosa que o outro.

Se havia uma atividade que deveria ser lucrativa no Egito Antigo era “arquiteto-engenheiro”, porque haja obra!!!

A maior parte do que você verá no complexo é do período de 1570 a 1090 a.C., o que corresponde à 18ª à 20ª dinastias.

Andando pelo complexo você noratá que existem vários pilones, que são pórticos dos templos. Então cada vez que você passa por um, está entrando em um novo templo dentro do complexo. Salvo engano são 10 pilones ao todo em Karnak.

Templo de Karnak
Nas paredes do templo, hieróglifos por todos os lados.

Templo de Karnak
E os desenhos são lindos.

O ponto central do complexo é o templo de Amón-Ra (ou Amun-Rá), o deus mais importante do Egito.

Bem ao lado dele, às margens no Nilo está o Cais de Amun (Quay of Amun), onde barcos com oferendas e estátuas atracavam durante os festivais de adoração à Amun.

Meio que circundando o templo de Amun, estão outros templos e santuários menores, mas não menos importantes que foram feitos por vários faraós, pois como dito, cada um que passou por lá deixou a sua marca.

Vale conferir o templo de Seti II e o templo de Ramses III que é o mais conservado de todos eles.

Templo de Seti II
Templo de Seti II

Mas o lugar mais marcante é a Hypostyle Hall. Trata-se de uma enorme sala com uma “floresta” de pilares em um formato que se você olhar com bastante atenção, irá notar que remete à um rolo de papiro.

Hypostyle Hall
Hypostyle Hall
O conceito egipcio de selva de pedra.

E de fato a ideia da sua construção foi mesmo a de serem papiros nos quais foram contadas histórias de cunho religioso e também de batalhas vencidas pelos faraós Seti I e Ramsés II (aquele da Bíblia), principalmente contra os vizinhos líbios. Ao todo existem 134 colunas que medem 21m de altura e 4m de diâmetro.

Originalmente os hieroglifos ali existentes eram pintados com cores super vivas. Se você olhar atentamente o topo de alguns pilares ainda dá para ver as pinturas.

Se hoje, passados milênios, o lugar é maravilhoso. Imagina na época???

Idealizada por Ramses I e construída por Seti I e Ramses II, a Hypostyle Hall é tão grande (5500 m²) que ali caberiam juntas a Catedral de Saint Paul de Londres e nada menos que a Basílica de São Pedro do Vaticano. Faraônico!

Templo de Karnak
Uma curiosidade: entre os hieróglifos existem alguns nomes. Calma, não é vandalismo puro e simples. Era uma tradição entre os arqueólogos marcar o nome de quem decifrava os hieróglifos.

Uma dica importante: não passe correndo por ali ou com a cara grudada no celular para ver aquela selfie. Sente-se junto a um dos pilares (especialmente aproveitando a possível sombra) e deleite-se com a visão. Não é o tipo de coisa que você vê todos os dias.

Passando o quarto pilone, você chegará à Hypostyle Hall de Tuthmosis III que tem um enorme obelisco erquido pela Rainha Hatshepsut (1473–1458 a.C.) com mais de 30m em homenagem a Amun. Ele é o maior de todo o Egito, e no passado ele tinha o seu topo coberto por uma mistura de alumínio e ouro. Com a sua morte, seu filho Tuthmosis III, resolveu apagar todos os vestígios dela. Eles deviam se adorar hein???

Andando pelo templo você vai encontrar um lago que era utilizado pelos sacerdotes do templo para seus banhos de purificação duas vezes ao dia (manhã e noite).

Templo de Karnak
Lago sagrado no Templo de Karnak

Templo de Karnak
Dizem que se uma vez lá você deve dar 7 voltas ao redor deste besouro enquanto faz um pedido, e ele será atendido.

Passando pelo décimo pilone você chega ao Templo de Mut, a esposa de Amun. O templo foi contruído por Amenhotep III e recentemente restaurado. Preste atenção às várias estátuas da deusa Sekhmet que acredita-se ser na verdade parte de alguma espécie de calendário, já que teria-se duas delas para cada dia, e eram postas duas oferendas diárias, uma pela manhã e outra de tarde.

Templo de Karnak
Templo de Karnak

Uma curiosidade sobre o templo é que ele era inundado nas cheias do Nilo e ficava coberto de vegetação, o que era sinal de vida para os antigos egípcios.

Anote ai: fica na Sharia Maabad Al Karnak, o ingresso custa LE120/60 + LE150/75 adulto/criança pelo open-air museum. E abre diariamente das 6h00 às 18h00. Uma dica importante: tente visitar o templo logo cedo ou à tarde, quando tem menos turistas e a luz entrando entre os pilares dá um efeito quase que mágico ao lugar.

Avenida das Esfinges

Interligando os templos de Luxor e Karnak você encontra a avenida das esfinges, uma avenida com 3km ornada em ambos os lados com as míticas figuras. Mas note, aqui algumas das esfinges têm cabeça de carneiro e outras humanas como em Gizé.

Avenida das Esfinges em Luxor.
Avenida das Esfinges em Luxor.

O incrível é que eles ainda estão escavando e descobrindo novos trechos.

Templo de Luxor

Construído pelos faraós Amenhotep III (1390–1352 BC) e Ramses II (1279–1213 BC), é outro importante templo em Luxor. Mas a estrutura atual sofreu várias alterações feitas por Tutankamon e até mesmo por Alexandre o Grande, que dominou a área por um tempo. Existem também evidências de alterações feitas pelos romanos que dominaram todo o Egito em determianda época.

Templo de Luxor
Templo de Luxor

Ele é bem menor que o templo de Karnak.

Parte dele estava coberta até que em 1885 escavações locais revelaram o que hoje se vê. Tanto não se sabia até o momento o que havia ali, que lá por 1400, os árabes levantaram uma mesquita praticamente dentro do complexo.

O primeiro pilone tem nada menos que 24m de altura e era ornado por seis estátuas de Ramses II, sendo duas sentadas e duas em pé. Hoje sobraram apenas duas sentadas e uma em pé.

Aliás uma curiosidade sobre as estátuas dos faraós. Se ele estiver em pé com o pé esquerdo (lado do coração) para frente, significa que ela foi feita quando ele ainda era vivo. Se os pés estão juntos, é sinal de que ele faleceu antes da estátua. Lembra daquela coisa de “cidade dos pés juntos”? É por aí.

Ah e mais uma coisa legal para contar aqui.

Se você já foi para Paris, já deve ter visto um enorme obelisco de 23 metros de altura colocado no centro da Praça da Concórdia. Pois saiba que ele veio daqui, do Templo de Luxor em 1836 em uma troca de presentes entre os franceses e os egípcios. Na entrada do templo você notará que há um obelisco, e o espaço do outro está vago.

Como o rei Carlos X adorava tudo o que fosse egípcio, o vice-rei do Egito resolveu dar-lhe como presente pela aliança contra os ingleses alguns presentes. Além do obelisco também foram dadas uma girafa que ficou exposta por muitos anos em Paris e uma série de múmias de faraós menos conhecidos para o Louvre.

O curioso é que sem ter qualquer conhecimento sobre múmias e a sua conservação, o rei mandou abrir os sarcíofagos e chamar o povo para a visitação no Louvre. O cheiro logo se espalhou pelo museu e os corpos começaram a se decompor até que o rei mandou enterá-los nos jardins do museu.

Resumo da ópera, o que os egípcios conservaram por milênios, os franceses destruiram em poucos dias.

O obelisco está lá todo reluzente enquanto que o relógio dado pelos franceses jamais funcionou e está instalado na mesquita de Mohamed Ali no Cairo.

Passando pelo primeiro portal você acessa o Great Court of Ramses II que nas suas colunas têm representações dele fazendo oferendas aos deuses.

Great Court of Ramses II
Great Court of Ramses II

Dizem que o templo foi frequentado por figuras ilustres como Cleópatra e Alexandre o Grande, sendo ambos teriam inclusive, casa um na sua época (é claro!) passado a noite ali. O maior vestígio de Alexandre o Grande ali é uma representação dele como faraó na Barque Shrine of Amun.

Templo de Luxor
Templo de Luxor

Luxor Museum

Como parte do complexo, mas com um ingresso e horário próprios, aproveite para visitar o Luxor Museum (Corniche An Nil; LE120/60; adulto/criança, diariamente das 9h00 às 14h00 e das 17h00 às 21h00).

Nele você encontra explicações detalhadas sobre todo o complexo e sobre o período em que Tebas, hoje Luxor, era a capital do Egito. Tem muita coisa legal lá, mas o ponto alto são duas múmias, uma de Ahmose I (da 18ª dinastia) e e outra que acreditam ser de Ramses I que ficam em salas escuras sem suas túnicas.

Some ainda algumas charretes e armas utilizadas pelo exército local, e objetos do dia-a-dia para que você tenha certeza de quanto de conhecimento perdemos ao longo da história, como já disse no post inicial sobre o Egito.

Aproveite para ver as explicações de como o papiro era feito. Na verdade, ele vem de plantas do tipo cyperaceas que nascem às margens do Nilo e cujas folhas parecem as folhas de cana-de-açúcar.

Papiro
Papiro é mais do que um souvenir, se real, é uma arte no Egito.

No museu você também encontra parte da coleção da tumba de Tutankamon, como se não bastasse tudo aquilo que já vimos no Museu Egípcio no Cairo.

Aqui também vale aquela dica de visitar logo cedo ou no final do dia quanto as excursões ainda não chegaram ou já foram embora. E mesmo que você já tenha visitado ele durante o dia, vale dar uma espiada durante a noite, quando fica todo iluminado.

Fica na Corniche An Nil; o ingresso custa LE100/50 adulto/criança; e abre diariamente das 6h00 às 21h00.

Mummification Museum

Depois de ver tantas múmias, que tal visitar um museu dedicado à mumificação? Por mais que você não pretenda aprender a arte, vale conhecer o Mummification Museum (Corniche An Nil; LE80/40 adulto/criança; diariamente das 9h00 às 14h00) para entender um pouco mais sobre o processo.

O museu é pequeno e tem apenas uma múmia muito bem preservada de um sacerdote da 21ª dinastia e alguns animais; além de muitos objetos utilizados no processo, inclusive uma espécie de colher que era utilizada para raspar o cérebro para fora do crânio.

Vale dos Reis

Vale dos Reis
Vale dos Reis

Ao cruzar para o chamado West Bank de Luxor você tem a impressão de ter mudado de cidade, já que tudo é mais tranquilo e a paisagem é dominada por montanhas e vales. São apenas 6km de distância, mas a diferença é nítida.

O motivo disso é que toda esta área foi pensada no Antigo Egito como sendo uma necrópole, um enorme cemitério.

O ponto mais interessante e famoso da região é o chamado Vale dos Reis, onde estão as tumbas de faraós do Segundo Período Intermediário tardio (1750 a 1650 a.C.) e do Novo Império (1550 a.C. a 1070 a.C.).

O Vale dos Reis começou a ser utilizado como necrópole a partir de 2.100 a.C., mas o seu uso mais intenso deu-se no período que é conhecido como Novo Império.

Vale dos Reis
Na maquete fica fácil entender o layout do Vale dos Reis.

Uma pergunta que muita gente se faz é porque deixaram de enterrar os faraós nas Pirâmides e passaram a utilizar o Vale dos Reis.

Dizem que o motivo é que diferentemente das Pirâmides, as tumbas do Vale estariam melhor protegidas dos saqueadores. Tanto pela geografia local que garantia um excelente isolamento quanto pela suposta presença de uma deusa que fazia a proteção da região.

Isso funcionou parcialmente, já que ladrão dá um jeitinho para qualquer coisa. Durante um bom tempo as tumbas realmente ficaram imunes.

Até o momento já foram descobertas 63 tumbas reais, mas por questões de preservação você só pode visitar algumas delas e em sistema de rodízio – de tempos em tempos uma fecha e outra abre.

A ideia por trás disso é tentar preservar elas ao máximo. Pode parecer estranho mas especialmente depois de descobertas, elas passaram a deteriorar-se mais rapidamente. Se no passado o risco eram os saqueadores, hoje somos nós turistas. É o tal over-tourism!

Sei que pode parecer exagerado, mas pense em larga escala. O que mantém o ambiente preservado é o ar seco, e qualquer umidade maior acaba acelerando o processo de degradação das pinturas que são em pedra calcário. Visitadas por milhões durante o ano, do nosso suor até a nossa respiração, tudo afeta o ambiente que passou anos isolado.

Além do rodízio, para tentar controlar o ambiente, foram instalados desumidificadores e placas transparentes para que as pessoas não toquem nas pinturas.

Comecemos então a falar das tumbas. Justamente para preservar as tumbas tanto dos saqueadores quanto dos efeitos do clima, notadamente eventual umidade, os antigos egípcios resolveram escavar elas na rocha.

Mas não é simplesmente fazer um buraco na pedra. Eles cavaram túneis de até 200m em um ângulo tal de forma que elas ficaram abaixo do nível da terra mantendo uma temperatura menor e uma umidade menos variável.

Vale dos Reis.
Elas começam sempre com uma abertura no pé da montanha e vão descendo em direção ao subterrâneo.

Tanto as câmaras mortuárias onde ficavam os sarcófagos e os tesouros, quanto eventuais outras salas e corredores de acesso às tumbas, são ricamente decorados com pinturas super detalhistas.

As cores eram fruto do uso de elementos da natureza. O vermelho vinha do ferro, o azul do lápis-lazuli, uma pedra muito comum na região. E por aí vai.

Talvez como eu você tenha se questionado como eles pintavam lá no meio da tumba no escuro.

Vale dos Reis
As pinturas retratavam tanto a vida do faraó quanto rituais religiosos como este (Tumba de Ramsés IX)

Vale dos Reis
Mas olhando os detalhes você encontra histórias de sangrentas batalhas. Aqui dá para ver os conquistados amarrados e decepados.

Existem duas teorias. Segundo uma das teorias eles usaram tochas, mas isso é questionado porque a fumaça além de matar os trabalhadores iria destruir as pinturas.

A segunda, e mais aceita, é a de que eles teriam utilizado um sistema de espelhos reflexivos feitos de cobre para captar a luz do Sol e jogar lá para dentro.

Depois de tudo pintado, eles utilizavam gordura de animal para cobrir as pinturas, como uma espécie de verniz para proteger.

Começando pela tumba que fica mais perto da entrada, a de Ramses VII (KV 1 – 1136–1129 BC). Ela é a menor de todas, com apenas 44m de comprimento e a razão para isso está no fato de que o faraó morreu de forma muito rápida. Outra bem interessante é a de Ramses IV (KV 2 – falecido em 1147 a.C.) que também padece do mesmo problema de tamanho pela morte prematura do faraó. Mas mesmo assim é belíssima:

Vale dos Reis
Tumba de Ramsés IV

Vale dos Reis
Reparem que até o teto é decorado. E as pinturas não são coloridas, são em alto relevo, entalhadas!!!

Vale dos Reis
No final da tumba de Ramsés IV um enorme sarcófago.

Oh povo que morria sem avisar! Agora sério, acho que para ter uma tumba grande era bom encomendar uma assim que nascia. Nasceu? Chama o escriba para registrar o nascimento nos hieróglifos, o sacerdote para benzer o rebento e o arquiteto para começar a tumba!

Mais um da linhagem de Ramses, agora Ramses IX (KV 6) tem uma das tumbas mais populares do Vale dos Reis, pois está decorada com muitas pinturas bem preservadas e estátuas que remetem ao famoso Livro dos Mortos.

Vale dos Reis
A tumba de Ramsés IX é uma das mais decoradas do Vale dos Reis.

Na linha de quem é o mais faraônico em termos de construções, está Merenptah (KV 8), já que tem a segunda maior tumba. Embora o seu corridor tenha pinturas bem interessantes do Livro dos Mortos, o restante está bem danificado por conta de inundações que ocorreram no passado.

Vale aqui uma curiosidade. Ele estava enterrado como uma Matrioska (aquelas bonequinhas umas dentro das outras), com 4 sarcófagos. Era tanto sarcófago que simplesmente não passou na porta da tumba, gerando uma dúvida nos arqueólogos sobre como tudo aquilo foi colocado no interior da tumba.

Apesar de todo o seu tesouro e de ser o maior achado até o momento no Vale dos Reis, em termos de tumba, a menos interesante pesando pela beleza é a de Tutankamon. O grande diferencial dele, como disse no post sobre o Museu Egípcio é o fato dela ter sido descoberta intacta, do mesmo modo em que foi celada milênios atrás.

Tumba de Tutankamon
Aviso aos viajantes… a tumba mais conhecida não é nem de longe a mais bonita e lá dentro, nada de fotos.

Por que a de Tutankamon ficou tanto tempo intacta e principalmente a salvo dos saqueadores? Há aqui um elemento de sorte: ela foi construída em uma área mais baixa que as demais e certa vez ocorreu um deslizamento de terra, o que fez com que ela fosse completamente soterrada. Quantas outras nesta mesma condição não existiriam???

De outro lado, a sua descoberta também foi acidental. Enquanto a equipe do egiptólogo Howard Carter fazia as suas escavações na região em 1922, um operário que estava trabalhando com ele resolveu ir pegar água, e no caminho acabou caindo em um buraco que levava justamente à tumba do faraó.

Ou seja, dois fatos de pura sorte contribuíram para a conservação e descoberta da tumba.

Mas voltando à tumba, ela é bem pequena, pois não se esperava que o jovem faraó falecesse tão cedo de malária como veio-se a saber milênios depois. Então se você viu os tesouros no Museu Egípcio do Cairo irá se surpreender com a simplicidade da última morada do faraó.

O motivo disso é o mesmo que assolou tantos outros: o povo morria sem avisar e sem contratar o “seguro tumba”!

Ele morreu aos 19 anos em 1327 a.C.

Vale dos Reis.
KV 62, o closet do acumulador Tuta!

Máscara de Tutankamon
Graças a uma série de fatores é que temos isso hoje para admirar.

Na tumba de Tutankamon foram encontrados mais de 5.000 itens. É coisa para caramba! Era ele um acumulador? Alguns estudiosos defendem que ele teria sido enterrado com os seus pertences e também de um nobre não muito popular na época (Amarna). Dai terem achado tanta coisa lá.

Mais uma curiosidade sobre a sua tumba: os arqueólogos acreditam que por trás de uma das paredes da sua tumba possa estar a múmia e o tesouro de Nefertiti – cujo destino ainda é um mistério até hoje.

Com um corredor de 117m ricamente decorado, uma das tumbas que mais atrai os visitantes é a KV9 que pertence à dois faraós Ramses V e VI (1143–1136 a.C.), já que as suas pinturas são algumas das mais bem preservadas do sítio arqueológico.

Vale dos Reis
Tumba de Ramsés IV e V

Nada menos que 125m corredor abaixo, na KV 11, está a tumba de Ramses III (1184-1153 a.C.) com uma câmara relativamente grande se comparada às demais. Duas curiosidades sobre Ramses III, o seu sarcógafo está hoje no Louvre e sua múmia, que está no Museu Egípcio do Cairo, serviu para o filme A Múmia de Boris Karloff, mestre dos filmes de horror da década de 30.

Vale dos Reis
Tumba de Ramsés III

Vale dos Reis
A decoração é belíssima.

A posição KV 35 foi ocupada por Amenhotep II, que faleceu em 1400 a.C. depois de governar por apenas 26 anos. A tumba dele não é das mais longas (91m), mas é das mais profundas, já que fizeram ela em um ângulo diferenciado das demais. Tanto que você desce praticamente 90 graus numa escada para chegar nela. Lá dentro, ela tem dois andares, algo inédito. Sua múmia foi roubada e depois encontrada e “re enterrada”.

Uma das tumbas que mais me impressionaram foi a KV 10 que pertence à Amenmesse que reinou durante a 19 Dinastia, algo como 1204 a.C. e 1200 a.C., logo por muito pouco tempo.

Mas peraí… Você não disse que as tumbas mais elaboradas foram justamente as que tiveram mais tempo para serem feitas? Como é que essa ai é tão trabalhada?

A explicação é muito interessante: esta tumba foi usada novamente na 20 Dinastia para enterrar a Rainha Takhat e Baketwerel. Sim, isso mesmo, já houve uma rainha enterrada no Vale dos Reis.

Vale dos Reis
A KV10 que foi usada mais de uma vez.

Vale dos Reis
Tumba de Amenmesse

Sabe aquela coisa de tumba de faraó com passagem secreta e armadilhas? Guardadas as devidas proporções, este é o caso da KV 34 que pertenceu à Tuthmosis III que pediu para que o local de seu descanso final fosse construído com uma série de passagens em níveis diferentes e passagens secretas para que não fosse roubada.

Uma das tumbas conhecidas a mais tempo é a de Seti II (KV 15), ela é ricamente decorada mas nem de longe chega aos pés da de seu antecessor Seti I (KV 17).Seti veio logo depois de outro famoso farao: Tutankamon. E governou por 70 anos, um feito para a época. Especialmente se considerarmos que foi um dos períodos mais promissores do Egito.

A tumba de Seti I (1323 a.C. à 1279 a.C) é de todas a mais incrível do Vale dos Reis. Tanto que sua visitação tem um custo extra de LE 1000 (uns R$ 200!). Mas dizem que compensa para visitar a tumba que foi reaberta em 2016 aos visitantes e tem 137m de comprimento.

A tumba de Ramses I (KV 16) é a menor de todas no complexo. Ele faleceu sem que ela estivesse pronta em 1294 a.C. É apenas um curto corredor e uma câmara mortuária. A maior das tumbas existentes no complexo é a KV 5 que foi descoberta nos anos 90 e acreditam ter servido aos filhos de Ramses II. Ela tem 121 camaras e corredores, revelando-se um enorme labirinto. É tão grande que ainda está sendo escavada.

Como visitar o Vale dos Reis

O bilhete dá direito à três tombas e você paga um adicional para as tumbas de Ay, Tutankamon, Seti I e Ramses VI – se estiverem abertas, considerando-se aquele rodízio que falei acima.

Prepare-se para um dia de caminhada sob o sol desértico.

Vale dos Reis
Banheiros? Só se for assim…

Este talvez seja o dia mais longo e difícil de viagem pelo Egito, já que a visitação acontece em uma área grande, sem muitos abrigos e uma infraestrutura mais roots. Afinal estamos falando de uma necópolis e não de um parque de diversões ou shopping.

Então, para você não entrar em uma furada, seguem algumas dicas para tornar a sua visita mais confortável: água (lá eles até vendem, mas é mais cara); chapéu ou boné (muitos levam um guarda-chuvas para servir de sombrinha); protetor solar; e dinheiro trocado (LE10 e LE20) de gorjeta para os guardas nas tumbas (sim, é assim que a coisa funciona!).

Se você quiser economizar ums bons passos, use o tuf-tuf, uma espécie de trem elétrico que ao custo de LE4, leva os turistas do centro de visitantes às tumbas. Já economiza um pouco da sua energia.

Vale dos Reis
Pegue o trenzinho… Vai economizar uns passos sob o sol escaldante.

Pode fotografar? Sim, algumas com uma permissão especial paga à parte.

Vale das Rainhas e Vale dos Nobres

Além do Vale dos Reis, há também Vale das Rainhas (Biban Al Harim; LE80/40 adulto/criança; diariamente das 6j00 às 17h00), que fica bem próximo ao Vale dos Reis.

Com 75 tumbas que datam entre a 19ª e 20ª Dinastias, elas foram a última morada de algumas rainhas e outros membros das famílias reais do Egito. Normalmente eles abrem quatro tumbas à visitação, e você paga um valor fixo para elas e adicionais para algumas outras. As principais são as de Nefertari, Titi, Amunherkhepshef e Khaemwaset.

A mais famosa delas é a de Nefertari (LE1000 adicionais) e foi reaberta ao público recentemente em 2016. Ela foi a esposa de Ramses II que ficou conhecido por suas obras monumentais. E como não poderia deixar de ser, resolveu fazer para a sua esposa favorita (ele tinha outras 4), um santuário para ficar na história.

Se a esta altura você ainda aguentar ver mais alguma tumba, um passeio que você pode fazer é visitar um complexo, também na margem oeste do Nilo, que é conhecido como Tumba dos Nobres.

Trata-se de um complexo com mais de 400 tumbas que pertenceram a nobres egípcios da 6ª Dinastia em diante. É tumba que não acaba mais e ainda há mais por ser encontrado, já que as escavações locais continuam.

Vale a pena? Olha, como eu já estava bem satisfeito com o que havia visto no Vale dos Reis, achei que a cota de tumbas já estava ok. Mas vai do seu interesse.

Templo de Hatshepsut

Templo de Hatshepsut
Templo de Hatshepsut

Perto do Vale dos Reis está uma das construções mais famosas (e belas) do Egito e que você não pode deixar fora do seu roteiro, o Templo de Hatshepsut (LE 30/15 adulto/criança, abre diariamente das 9h00 às 17h00).

Mas quem foi Hatshepsut?

Por mais que muitos só lembrem de Cleópatra, o Egito teve rainhas mais famosas, como Hatshepsut que nasceu em 1542 a.C. e governou entre 1479 e 1458 a.C. (18ª Dinastia), quando faleceu aos 84 anos (um feito e tanto para a época!).

Templo de Hatshepsut
Olha a Hatshepsut ai!

Quando seu pai faleceu, ela tinha apenas 24 anos e teve que casar-se com o seu meio irmão (lembrando que isso era comum no Antigo Egito) para governar em um primeiro momento como regente de seu enteado, e depois como rainha-faraó. Putz, que situação!!!

Uma curiosidade interessante era que ela passou a utilizar uma barba postiça. Alguns defendem que ela mesma teria pedido para ser assim retratada para que parecesse ter mais autoridade. Mas isso é controverso porque no Antigo Egito as mulheres gozavam de uma autonomia muito maior do que em outras sociedades. Podiam trabalhar em praticamente qualquer atividade, e tinham praticamente os mesmos direitos que os homens. Já disse e repito aqui: ah se o mundo tivesse seguido a evolução trazida pelos egípcios… Estaríamos bem melhor hoje!

Depois da sua morte, ela foi enterrada no Vale das Rainhas (KV 20).

Templo de Hatshepsut
O lugar é super fotogênico.

Mas voltando ao templo, ele também é conhecido como Deir el Bahri e foi esculpido na pedra e dedicado ao deus Amon-Ra.

O interessante é que ele tem um estilo bem diferente de outras construções do Egito. Suas colunas são claramente clássicas e a grande escada na entrada dá um aspecto mais monumental ainda.

Dentro dele, salas, uma capela ao deus Anubis e santuários que contam lendas do nascimento divino da rainha e também expedições feitas ao que hoje são a Somália e a Arábia Saudita – repare como as pessoas de outras regiões eram retratadas de forma diferente dos egípcios.

Templo de Hatshepsut
Pátio do Templo de Hatshepsut

Templo de Hatshepsut
Interior do templo de Anúbis.

Uma dica importante para curtir o passeio é chegar cedo ou deixar para o final de tarde, nem tanto pela quantidade de turistas, mas sim pelo calor. Lá não tem muito lugar para se abrigar do sol até você chegar ao templo, já que a esplanada onde ele fica é enorme e caminha-se bastante até chegar lá.

Templo de Hatshepsut
Dependendo do horário e época do ano o templo é só seu!

Colossos de Mêmnon

Ainda na margem oeste do Nilo, vale a pena dar uma conferida nos chamados Colossos de Mêmnon. Estas duas estátuas (18m) do faraó Amenófis III (18ª Dinastia) são o que sobrou do seu templo funerário.

Escavações ainda estão sendo feitas na região, mas já se sabe que ele tinha quase 400.000m², um dos maiores de toda a história. Infelizmente depois de tantas inundações do Nilo, apenas isso sobrou.

Colossos de Mêmnon
Colossos de Mêmnon.

Há uma lenda segundo a qual a estátua ao norte emitiria um som semelhante a um chorro ou assobio e que tal seria sinal de boa sorte. Na verdade, um terremoto no ano 27 abriu uma fenda na estátua, e o vento somado à dilatação pelo calor poderia emitir este assobio. Porém reparos feitos pelos romanos nos anos 100 acabaram com este fenômeno.

Outros passeios em Luxor

Nos arredores do Vale dos Reis, sugiro visitar a Carter’s House & the Replica Tomb of Tutankhamun Museum (LE50/25 adulto/criança; diariamente das 9h00 às 17h00). A casa em que o egiptólogo responsável pela descoberta da tumba de Tutankhamon foi preservada e transformada em um museu com uma réplica de como era a tumba do faraó quando descoberta pelo explorador.

Uma coisa que muita gente aproveita para ver no mercado Khan Al Khalili no Cairo, mas acabei vendo de perto em Luxor mesmo foi uma loja de essências.

Para quem não sabe, no Egito eles têm essencial de tudo quanto é coisa. Perfumes, ervas e muito mais.

O mais impressionante é que o aroma, como no caso dos perfumes é exatamente como a marca famosa que você conhece e paga uma fortuna. Não me pergunte como…

A visita é mais ou menos assim, eles te colocam num salão bem típico e te dão um menu e um lápis. Te perguntam se tem alguma preferência e você vai provando. Olha, é um delicioso teste para o olfato.

Nós, como não queríamos perfume, optamos por algo que se pudesse teria trazido litros: essência de menta. Eu adoro o cheiro e o gosto de menta e lá fiquei sabendo que apenas algumas poucas gotas poderiam ser literalmente milagrosas para curar congestão nasal (basta fazer inalação quente) e ainda dá para usar como enxágue depois de escovar os dentes.

Não é mega barato, mas pelo milagre que faz e qualidade, valeu muito a pena.

Uma coisa que muita gente aproveita para fazer em Luxor é o tal voo de balão. Tendo já feito isso na Capadócia, acabei pulando. Não porque não seria legal, mas porque realmente iria ficar muito corrido fazer tudo que a região oferece.

Mas se você quiser aproveitar esta oportunidade, saiba que é preciso acordar na madrugada e o custo médio é de uns €100 por pessoa. Normalmente a intenção é voar sobre o Vale dos Reis, mas como isso depende do vento, não dá para garantir.

Se você não curte altura, aproveite então outro passeio igualmente típico na região: a Feluca. Para quem não sabe, são aqueles barcos de vela única.

O melhor horário para fazer este passeio é no final de tarde, quando o Sol está mais ameno e a sua luz rende belas fotos do pôr do Sol.

Feluca no Rio Nilo.
Feluca no Rio Nilo.

Pôr do Sol no Rio Nilo
Fala ai se este visual não é demais???

Espere pagar entre LE50 e LE100 para cada hora navegada e combine muito bem o que está incluso ou não.

Dá para nadar no Nilo? Hummm, eu não arriscaria. Nem tanto pelos crocodilos que eram famosos na região (tanto que há uma espécie local que dizem ter entre 4-6m), mas pela correnteza e água que pode não ser tão limpa ali quando gostaríamos. Agora dar aquela molhada no pé é essencial!!!

Um passeio que recomendam é o de 5km até a Ilha Banana. Cuja entrada é gratuita.

Uma coisa que eu esperava mais e que recomendo apenas se você não tiver mais nada para fazer na cidade é o El Souk. Ele fica bem no centro, diante do templo de Luxor e é um souk bem simples e pequeno que achei até mesmo meio abandonado. Se você passou pelo Khan Al Khalili no Cairo irá achar o de Luxor dispensável.

Andando por Luxor você notará uma grande quantidade de vasos de pedra. São vasos de alabastro, uma rocha local, mais precisamente do Vale dos Reis. Os preços vão de LE 30 à LE 80, mas tome cuidado para não ser enganado por um vaso de resina qualquer e pechinche muito o preço.

Vaso de alabastro
Uma das formas de conferir se é alabastro mesmo é colocar uma lâmpada, ou a lanterna do celular dentro.

E ai? Curtiram Luxor? Que tal começar a programar a sua viagem para o Egito? Dúvidas? Sugestões de outros passeios? A caixa de comentários é de vocês! 👇

 

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1 comentário

Israel 22 de agosto de 2023 at 09:29

Bom dia.
Não possuo condições nem de conhecer a minha cidade.
Mas viajei aqui na sua postagem. Vc está de parabéns

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